Conheça a Vila Maria Zélia, um dos espaços mais bucólicos de SP

A vila é exemplo vivo da urbanização industrial em São Paulo

Por: Redação

Com a industrialização de São Paulo, as vilas operárias, como a Vila Maria Zélia, se popularizaram na cidade entre o fim do século 19 e o começo do 20.

Antiga fábrica de chapéus e sapatos da Vila Maria Zélia
Créditos: wikimedia
Antiga fábrica de chapéus e sapatos da Vila Maria Zélia

Belém, Bom Retiro, Brás e Mooca são exemplos de bairros operários idealizados para ser o lar dos funcionários das indústrias pertencentes a importantes famílias paulistanas, como Matarazzo, Crespi e Penteado.

Além das casas, as regiões também contavam com escolas, igreja, farmácias e armazéns.

Vila Maria Zélia

Inaugurada em 1917, a Vila Maria Zélia começou a ser construída em 1912 pelo médico e empresário Jorge Street.

O plano era dar abrigo aos 2.500 funcionários que trabalhavam na filial do Belenzinho da tecelagem Cia. Nacional de Tecidos da Juta.

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Antigo açougue hoje está abandonado
Créditos: wikimedia
Antigo açougue hoje está abandonado

Para projetar a nova vila operária, Street procurou na Europa um arquiteto que pudesse colocar em prática a sua ideia de instalações dignas, que não fossem caridosas, mas sim compatíveis com a sua visão de justiça social.

O escolhido foi o francês Paul Pedraurrieux, que se inspirou nas vilas estrangeiras construídas naquelas primeiras décadas do século 20 no velho continente.

Passa e repassa

Inaugurada em 1917, a vila e a fábrica foram vendidas para a família Scarpa em 1924, que a repassou para o Grupo Guinle em 1929, que perdeu a Vila Maria Zélia para a o Governo Federal logo que assumiu, em meados da década de 1930.

As pessoas que ali residiam só puderam comprar os imóveis em 1968.

Antigo prédio da escola de meninos da Vila Maria Zélia também se encontra abandonado
Créditos: wikimedia
Antigo prédio da escola de meninos da Vila Maria Zélia também se encontra abandonado

100 anos de vila

A Vila Maria Zélia completou 100 anos em 2017 e hoje é uma mistura de descaso e resistência.

Alguns moradores das mais de 150 residências estão por lá há muitos anos, senão desde que nasceram.

Esses imóveis perderam suas características com o passar do tempo e já não lembram mais a arquitetura original.

A Capela São José é um dos únicos “prédios funcionais” que são ocupados e, de fato, funcionam na Vila Maria Zélia
Créditos: wikimedia
A Capela São José é um dos únicos “prédios funcionais” que são ocupados e, de fato, funcionam na Vila Maria Zélia

Já no caso das escolas e dos armazéns, eles permanecem como propriedade federal do INSS e estão abandonados, o que pelo menos garantiu a permanência da arquitetura antiga.

Os únicos “prédios funcionais” que gozam de ocupação são a capela local, administrada pela Paróquia de São José do Belém, e a antiga farmácia, que hoje é sede do do Grupo XIX de Teatro.

Amigos da Vila Maria Zélia

Iniciativas culturais e de preservação, como a Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia, fundada em 1981; e a companhia de teatro Grupo XIX, são algumas das iniciativas culturais e de preservação que estão ativas na região para salvar o que sobrou da memória operária dali.

Antiga farmácia é hoje a sede do Grupo XIX de teatro, uma das inciativas que tentam resgatar a história da região
Créditos: wikimedia
Antiga farmácia é hoje a sede do Grupo XIX de teatro, uma das inciativas que tentam resgatar a história da região

Por que Maria Zélia?

Nascida em março de 1899, a bela jovem Maria Zélia Street era filha de Jorge Street. Ela faleceu em 12 de setembro de 1915, aos 16 anos, e seu pai resolveu homenageá-la, batizando a vila operária de Vila Maria Zélia.

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