A política da boa vizinhança gera uma obra-prima

O Brasil já era alvo da estratégia estadunidense de impedir que o país aderisse ao nazismo ou comunismo alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial. Aplicada pelo presidente Franklin D. Roosevelt na economia e política, a chamada “Política da Boa Vizinhança” teve principal atuação na área cultural. Carmen Miranda foi o símbolo mais explícito das intenções dos EUA.

Embora pouco conhecido, um dos primeiros investimentos dos Estados Unidos no mercado cultural brasileiro foi o álbum “Native Brasilian Music” (1942), produzido pelo maestro americano Leopoldo Stokowski com ajuda de Heitor Villa-Lobos. O disco reuniu 17 fonogramas com a participação de mestres da música brasileira, como Pixinguinha, Cartola, Donga, João da Bahiana, Luiz Americano, Zé da Zilda e Jararaca e Ratinho.

A missão de Stokowski, que conduziu a Orquestra Sinfônica da Filadélfia, a Filarmônica de Nova York e, no cinema, a trilha sonora da animação Fantasia, da Disney, era difundir o melhor da música popular brasileira. Neste disco, uma oportunidade para os sambistas mostrarem seus trabalhos na época, a voz de Cartola é gravada pela primeira vez.

Escute o álbum completo:

“Macumba de Oxóssi” e “Macumba de Iansã” (Donga/José Espinguela)

“Ranchinho Desfeito” (Donga, De Castro e Souza e David Nasser), “Caboclo do Mato” (Getúlio Marinho da Silva “Amor”), “Seu Mané Luiz” (Donga), “Bambo do Bambu” (Donga), “Sapo no Saco” (Jararaca), “Quê Querê Quê Quê” (João da Baiana/Donga/ Pixinguinha), “Zé Barbino” (Pixinguinha/Jararaca), “Tocando pra Você” (Luiz Americano), “Passarinho Bateu Asas” (Donga), “Pelo Telefone” (Donga/Mauro de Almeida), “Quem Me Vê Sorrir” (Cartola/Carlos Cachaça), “Teiru” (Traditional/Heitor Villa-Lobos), “Nozani-Ná” (Traditional/Heitor Villa-Lobos), “Cantiga de Festa” (Donga/José Espinguela) e “Canidé Ioune” (Traditional/Heitor Villa-Lobos).