África do Sul celebra 20 anos de democracia com música do mundo

O blog Viagem em Pauta acompanhou os shows do Cape Town International Jazz Festival

Se você é um daqueles fãs tradicionais de jazz, acostumado a solos intimistas de saxofones solitários, é melhor parar a leitura por aqui e passar para o post seguinte.

Multidão acompanha show em um dos palcos do Cape Town International Jazz Festival

Considerado o maior festival de música da África subsaariana, o Cape Town International Jazz Festival, que aconteceu na Cidade do Cabo, no fim de março, foi um encontro do mundo com a África, em um evento que reuniu artistas locais e internacionais em uma mistura de jazz, blues, rap, soul, indie rock e outros ritmos ainda não pensados para um festival de jazz.

Assim mesmo, tudo junto, como deve ser um festival de música na multifacetada África do Sul.

A banda australiana Hiatus Kaiote, da vocalista Nai Palm (foto), foi uma das 40 atrações do festival

Confesso que faltou África na programação dessa edição do festival que foi marcada por um jazz mais tradicional que pouco lembrava a fusão arrojada de clássicos africanos como a do camaronês Manu Dibango, do nigeriano Fela Kuti e do pai do jazz etíope, Mulatu Astatke.

Mas é preciso confessar também que não é todo dia que os sons da Austrália e dos Estados Unidos, só para citar algumas nacionalidades que deram as caras por ali, ecoam no mesmo palco onde se apresentaram bandas do Senegal e de subúrbios históricos sul-africanos como o Soweto.

Em 2014, cujos ingressos se esgotaram semanas antes da abertura do evento, o line up do Cape Town International Jazz Festival contou com mais de 40 bandas em cinco palcos montados no Centro de Convenções da Cidade do Cabo, uma tarefa quase impossível (para não dizer injusta) para selecionar os shows a serem assistidos.

Só na edição de 2013, o festival recebeu mais de 34 mil pessoas com uma programação eclética que contou com a brasileira Céu, a cubana Omara Portuondo, da orquestra Buena Vista Social Club, e a popular Thandiswa Mazwai, da África do Sul.

Jimmy Dludlu durante apresentação do coletivo sul-africano Shape of Strings to Come

Em sua 15ª edição, o festival deste ano marcou os 20 anos de democracia e liberdade na África do Sul. Em 1994, após décadas sob um sistema de segregação racial criado por brancos, Nelson Mandela assumia o cargo de primeiro presidente sul-africano eleito, democraticamente.

Por Eduardo Vessoni, do blog Viagem em Pauta