Ai, que giro Portugal!
Não é difícil enumerar razões pela qual Portugal é uma viagem imperdível. Só para citar as mais tradicionais e indissociáveis ao nosso imaginário estão os pastéis de nata, as sardinhas grelhadas na brasa, o vinhozinho do Porto, além dos belos miradouros que exibem as belezas do Tejo, do Douro ou da costa rasgada pelo atlântico.
De histórias do destemidos navegadores, aos amores trágicos de D. Pedro e Inês de Castro –todas saudadas pelos cânticos dos Lusíadas–, o país é um prato cheio para quem curte história, gastronomia (comilança das bravas mesmo), religião, natureza e arquitetura. Então, uma listinha de dez motivos pelos quais achei Portugal muito é fixe!
1.Vinhos e o cênico Vale do Douro
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Nós brasileiros gostamos de visitar as capitais e grandes cidades, mas não dá para deixar Portugal sem conhecer os tradicionais vilarejos do paradisíaco vale do Douro. O rio recorta os vales repletos de vinhedos, descortinando paisagens de cair o queixo. Pinhão, por exemplo, tem tantas vinícolas, que é praticamente impossível, em um único dia, visitar todas. Uma belíssima propriedade é a da Quinta do Bomfim, que oferece diversas modalidades de provas para bebericar vinhos do porto. Quer um exemplo? Que tal um Graham de 1972? Produzido no vale e envelhecido por 42 anos em Vila Nova de Gaia. Já em Peso da Régua, dá para se hospedar na Quinta do Vallado, um misto de vinícola e hotel cinco estrelas, com ambiente intimista, lareiras e biblioteca. Além de jantares abastados e regados a muito vinho. Claro, que um tour aos vinhedos e uma senhora degustação fazem parte do pacote. A experiência é tão bacana que rende um post à parte. Vinhos de mesa, do porto e azeites de primeira! O risco é não querer mais sair do hotel.
2. O charme e as belezuras do Porto
O rio Douro também é a grande estrela da cidade, marcado pela ponte principal, a Luis I, com turistas que saçaricam por cima e por baixo dela. De um lado, as casinhas típicas e multicoloridas da Ribeira, um calçadão ensolarado, — até mesmo no inverno—, apinhado de cafés, restaurantes e poses dos forasteiros em transe com o cenário. Do outro lado, a Vila Nova da Gaia, onde estão as cavas de vinho do porto, com seus antigos barquinhos de madeira que transportavam os barris até o local de armazenamento. Quem chega do Vale do Douro, depois de enfrentar inúmeras degustações, pensará bem se deve encarar mais uma. Mas, as cavas são diferentes dos vinhedos. Ali, a bebida nacional descansa por anos, envelhecendo e pegando sabor até chegar em nossos copos. O tour da Calem é bem completinho e inclui duas taças para provar. Se a ressaca atacar, peça a iguaria local: as famosas francesinhas. Apesar do nome delicado, o sanduba tem bifes, salsichas, presunto, um ovo mole quebrado por cima e tudo isso coberto de queijo derretido. Se joga! Quem ainda conseguir andar, há ainda no Porto uma grande quantidade de atrações, como um vagaroso passeio pela rua das Flores, cheia de cafés e lojinhas descoladas, que termina quase que na Igreja e Monumento de São Francisco, onde tudo que reluz é ouro. É de ficar boquiaberto.
3. Sintra e a mega concentração de palácios
Tão pertinho de Lisboa, Sintra é uma belezinha, que rende com certeza pelo menos dois dias de visita. Diversos palácios e atrações espalhados pelas montanhas demanda tempo. Duas linhas de ônibus ligam os principais pontos turísticos. A 434 (5 euros para o circuito completo) passa pelo centro histórico, Castelo dos Mouros e Palácio da Pena. Já o 435 (2,50 euros) percorre a Quinta da Regaleira, o Palácio de Seteais e o Palácio de Monserrate. A sala dos Brasões, no Palácio Nacional de Sintra, é bem legal para os descendentes de portugueses procurarem seus brasões. Eu até achei o Costa! A edificação fica ainda mais bonitona clicada de cima dos castelos dos mouros, uma muralha encravada na montanha que exigirá bastante das pernas.
4. O clima universitário de Coimbra
Com uma das universidades mais antigas da Europa (de 1290), o clima estudantil paira no ar, mesmo para quem visita a cidade durante o recesso das aulas. Repúblicas com fachadas das mais inusitadas (torradeiras e engradados de cerveja pendurados na janela) compõem o coração histórico de Coimbra. Ao perambular pelas ruelas estreitas do morro, acima do rio Mondego, encontramos pichações de cunho artístico, politico e até feminista. Ou até mesmo plaquinhas do gênero: “aqui morou Eça de Queiroz quando estudante”. O turismo gira, claro, em torno da universidade que também matriculou outrora Antero de Quental e o próprio Camões. Entres os destaques, a lindíssima biblioteca Joanina (iniciada em 1717), com três andares de prateleiras de madeira nobre, trazida das antigas colônias portuguesas. Outros nobres visitantes por ali são os morcegos, mantidos para evitar a deterioração do acervo pelas traças. Tão queridinhos que foram parar até no escritos de Umberto Eco. Quem quiser arriscar um doutorado (ou doutoramento como dizem por lá), defenderá a tese em um dos cômodos mais belos do complexo — a Sala dos Capelos, de 1655! Na outra margem do rio (com uma esplendida vista para o relógio universitário no topo do morro) está também o hotel Quinta das Lágrimas, com seus belos jardins. Aberto ao público, foi ali que Inês de Castro foi brutalmente assassinada.
5. Lisboa entre tradição e modernidade
Ah, quem não associa Lisboa com aquele belíssimo por do Sol à beira do Tejo, visto sobre as janelas da Torre de Belém? Ou a vista paradisíaca do castelo com uma tacinha de vinho? Sem contar os clássicos bondinhos amarelos que sobem aos miradouros ou às tortuosas e quase intestinais ruelas de Alfama! Apesar desse quê bucólico e tradicional, o bicho pega fogo, por outro lado, na Praça do Comércio e na Rua Augusta, cheia de lojas, restaurantes, casa de bolinho de bacalhau, pastelarias e uma porção de rapazes oferecendo um bocado de Marijuana. O clima boêmio no bairro alto, recheado de barzinhos descoladões também é uma outra faceta. Mesmo nas históricas ruas de afama encontra-se arte de rua e grafites moderninhos, dos mais criativos, dando ainda mais cor às casinhas lisboetas. Parece que a cidade tem tantas personalidades quanto Fernando Pessoa poderia criar. Aliás, para visitar as ossadas dos grande heróis de Portugal — Pessoa, Alexandre Herculano, Vasco da Gama e Camões — é só bater cartão no mosteiro dos Jerônimos.
6. A melancolia tocante do Fado
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