Aos 70, Mestre Nado tira som do barro e vende instrumentos até para orquestras
Oleiro desde criança, Agnaldo da Silva, o Mestre Nado, tira som do barro e é personagem famoso de Olinda, em Pernambuco. “Quando descobri, há 20 anos, que podia botar música na argila, passei a fazer esculturas que tocam e isso foi uma revolução no meu trabalho. Foram 20 anos de persistência. É a minha marca, sou reconhecido por isso”, conta o artista, que, aos 70 anos, diz que está sempre aprendendo e criando novos instrumentos.
Suas ocarinas (instrumento de percussão) são construídas a partir de argila, afinadas com diapasão e podem ser ouvidas em concertos da Orquestra Sinfônica de São Paulo, que comprou 12 delas no ano passado, e em shows de Alceu Valença, Naná Vasconcelos, Milton Nascimento e Ney Matogrosso, entre outros.
Seus cinco filhos trabalham na olaria e aprenderam a confeccionar os produtos _ além das ocarinas, há as flautas Nado, maracas, raco-raco e bum d’água, todos feitos a partir do barro. “Cada instrumento que você faz é uma descoberta diferente. É muito bom trabalhar com coisas que têm aceitação.”
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No último final de semana, no Festival da Integração organizado pelo Sesc São Paulo em Bertioga e que tem como foco a terceira idade, Mestre Nado fez oficinas em que mostrou o trabalho com a argila e o som que tira dela. Com cerca de 30 alunos em cada uma das apresentações, todos os participantes saíram da aula com um apito feito por eles mesmos, a partir de bolinhas ocas.
Mestre Nado tocou “Asa Branca” com o som limpo da sua ocarina, entre outras canções, e também suas próprias composições, que fazem parte do CD “O Som do Barro”. “Sou autodidata, aprendi a afinar com o diapasão e estou sempre aprendendo, isso não pode ter fim. A argila se deixa moldar, temos de ser como ela.”
*A reportagem da QSocial viajou a Bertioga a convite do Sesc São Paulo