Aurora boreal, um tour pela Lapônia sueca
Após deixar Tromso, na Noruega, meu próximo destino foi Abisko, no norte da Suécia.
Tomei um ônibus em Tromso, às 6h15, e por volta de quatro horas depois chegamos a Narvik. Não tivemos muito tempo para curtir a cidade, pois imediatamente havia um trem saindo para Abisko.
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A viagem para Abisko foi rápida, levado aproximadamente 1h30. O trajeto pelo norte norueguês é uma experiência de tirar o fôlego, pois as paisagens são maravilhosas, recheadas de enormes vales, mares e um branco da neve que dava um toque especial no visual.
Abisko
Ao chegar em Abisko, deparamos com um cenário que nos lembrou um pouco filmes de faroeste que acontecem naquelas cidades pequenas e vazias, longe de tudo e que não tem absolutamente nada para fazer.
Tudo era branco, com poucas e espaçadas casas, sem prédios, cabanas ou algo do tipo. Apenas a minúscula estação de trem, a Ostra Station.
Descemos do trem e ao ver as sinalizações, percebemos que chegar ao albergue não seria uma tarefa muito difícil. Andamos cerca de 200 metros e lá estávamos, no albergue Abisko Fjallturer, que você pode conhecer melhor aqui.
Fizemos o check-in no albergue e logo percebemos que não havia nada a fazer lá a não ser praticar esportes de gelo e ver a aurora boreal. A temperatura local naquele momento era de -23ºC e muito honestamente, não dá vontade de fazer nada.
Ao reservar o albergue, tivemos que obrigatoriamente pagar por algumas atividades oferecidas por eles e por isso, às 21h, teríamos nossa primeiro tour.
Um safári na neve
Nossa empreitada começaria ali mesmo na frente do albergue, ao vestir os macacões e sapatos de neve, colocar as lanternas na cabeça, etc, pois à medida que entrássemos mata a dentro, o frio aumentaria.
O grupo era de 11 pessoas e assim prosseguimos, liderados por um sueco nativo do sul do país, mas que está totalmente adaptado ao frio e às caminhadas na neve.
Enquanto nós tremíamos de frio e respirávamos fundo de cansaço de tanto andar, ele, com cara de quem estava numa piscina com sombra e água fresca, mudava o roteiro umas três vezes.
Isso aí, tivemos que mudar o rotei no meio do caminho, pois uma rajada de vento que estava à caminho poderia matar todo mundo de frio. Afinal, alí já estava na casa dos -30ºC.
O guia então resolveu seguir rumo ao Lago Tornetrask, um enorme lago congelado que fica ao lado de Abisko, pois, segundo ele, teríamos uma pequena acomodação para acender uma fogueira e esquentar um pouco.
E assim fizemos. Ao chegar no lago, ainda tivemos que andar mais uns 10 minutos até alcançar a cabana, que ficava no meio de uma área totalmente aberta e isolada, mas que dava vista para um céu maravilhoso e estrelado, com a melhor aurora das duas últimas semanas da região.
Todos estavam exaustos da caminhada. Paramos, fizemos a fogueira, tomamos um suco quente para dar uma aquecida e saímos para contemplar o céu e as luzes boreais.
O vento e o frio eram absurdamente intensos. O que já estava ruim piorou, pois a temperatura chegou a -40ºC e o vento parecia cortar a pele de tão gelado. O cachecol no rosto congelou, as mãos sem as luvas (para mexer na máquina) endureciam e doíam em segundos, e não havia posição que ficasse confortável. Posicionar o tripé da máquina era uma tarefa muito árdua.
Aquele frio todo era surreal! Mas ver a aurora, linda e reluzente, em seus tons de verde, movendo nos céus de Abisko, fazia valer qualquer esforço. Agíamos como crianças, realizamos um sonho, fizemos o que poucos fazem, tivemos a coragem que poucos tem, encaramos o frio e a dor que poucos encaram. Vimos a Aurora Boreal não através de fotos ou vídeos, mas com nossos próprios olhos! Que espetáculo da natureza.
A qualidade das fotos não foi das melhores, pois o vento não deixava o tripé parado e como entendedor do ramo, você sabe que eu tive que diminuir a velocidade do disparo para capturar mais luz.
O retorno
A bateria da minha máquina havia acabado, a aurora já não estava tão forte mais, o frio era intenso e o estresse psicológico já nos assombrava para saber como voltaríamos para o albergue. Debaixo daquela ventania? Naquele frio todo? Mais uma hora caminhando?
Como uma luz divina, um amigo do guia foi até onde estávamos de snowmobile (aquelas motos neve) e um enorme trenó para buscar todo mundo. Era uma felicidade que não cabia no peito.
Todos à bordo do trenós, foi questão de 5 a 10 miutos para chegarmos ao albergue. E assim nossa noite foi fechada com chave de ouro.
Era só tomar banho, dormir e preparar para o dia seguinte, pois mais aventuras viriam.
Dicas
– Ao vir de Narvik, há duas estações de trem em Abisko, primeiro a Turiststation, que fica muito antes da cidade (dentro do parque nacional), e depois a Ostra, que é dentro da vila de Abisko. Se você já tiver reserva de acomodação, desça na Ostra. De qualquer forma, seu bilhete de trem permite voltar a Turiststation se precisar;
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– Agasalhe-se muito bem!
Veja o começo e o fim dessa caça à aurora boreal pela Escandinávia no website e facebook do Brazilian Globetrotter.