Belfast, a cidade irlandesa dividida e marcada por conflitos

02/03/2015 13:26 / Atualizado em 06/05/2020 19:12

 
 
A Irlanda do Norte foi um dos países em que passamos durante nosso mochilão, além de ter sido nossa porta de entrada para o Reino Unido. Você pode conferir mais relatos sobre nossa jornada pela Europa no nosso blog, na nossa página do Facebook e no nosso Instagram.

A Irlanda do Norte foi a nossa porta de entrada para o Reino Unido. Chegamos em Belfast, capital do país, em uma noite bem fria, depois de nos despedirmos de Dublin e viajarmos de trem por duas horas.

A primeira impressão que tivemos de Belfast, foi de que era uma cidade bem calorosa e aconchegante. Os norte-irlandeses são extremamente educados e solícitos e o que constatamos foi que não era à toa que as pessoas que vivem lá são consideradas as mais queridas do mundo. Mesmo apesar de todos os conflitos enfrentados por quase quatro décadas, elas ainda possuem um sorriso sincero no rosto e uma vontade enorme de fazer o bem ao próximo.

 
 

Pois bem, como mencionado acima, a cidade possui uma história carregada de conflitos. A Irlanda do Norte é o único país que, apesar de fazer parte do Reino Unido, não fica no território da Grã-Bretanha. Tudo começou quando a Irlanda foi ocupada pelos ingleses e, como uma tentativa de marcar território, vários deles migraram para o país, afim de fortalecer a ocupação. Mas isso trouxe sérias conseqüências, a começar pelo quesito religioso, já que a Irlanda sempre foi estritamente católica e os ingleses eram protestantes.

Com a chegada em massa dos ingleses na região, o local começou a se tornar hostil para os irlandeses, motivo esse que iniciou a divisão entre ingleses e irlandeses unionistas, que eram a favor do domínio britânico e a minoria irlandesa, que era católica, nacionalista e lutava pelo fim do domínio inglês, tendo como finalidade promover a unificação da Irlanda.

 
 

No século 16, a Irlanda foi integrada ao Reino Unido e no século 20, o movimento nacionalista surgiu, como uma tentativa de acabar com o domínio britânico no país. A maior parte da Irlanda conseguiu se desintegrar, no ano de 1922. O restante, mais especificamente o território que hoje corresponde à Irlanda do Norte, continuou sob domínio britânico.

Mas foi apenas na década de 60 que essa situação começou a trazer conseqüências mais graves. Em 1969 os britânicos ocuparam militarmente o Ulster (estado irlandês que atualmente corresponde à Irlanda do Norte) e dissolveu o Parlamento de Belfast, além de tomar todas as funções administrativas e políticas do país para si. Tudo isso revoltou os manifestantes e muitos recorreram às armas, surgindo, assim, o IRA (Irish Republican Army), do lado irlandês e o UFF (Ulster Freedom Fighters), do lado inglês.

 
 

Foi no ano de 1972 em que ocorreu o famoso “Domingo Sangrento”, onde jovens católicos e irlandeses foram massacrados. Ao todo, os conflitos no país resultaram a morte de mais de 3.600 pessoas, gerando revolta e tristeza no país, rendendo até mesmo homenagens como a música “Sunday Bloody Sunday”, do U2 e “Zombie” do The Cranberries.

Bom, sabendo do conflito que envolve todo o país, fica mais fácil falar de Belfast. Esse conflito pode ser sentido e presenciado por toda a cidade. Há grafites e pinturas de protestos em algumas regiões, principalmente nas regiões próximas ao muro. Isso mesmo, MURO: a cidade é dividida por um muro, onde de um lado fica a população irlandesa e do outro lado a população inglesa, com portões que fecham todos os dias às sete da noite e só abrem novamente pela manhã, possibilitando assim a passagem dos moradores.

 
 

Para saber de toda essa história na íntegra, fizemos um tour com o Black Cab, onde alguns taxistas da cidade disponibilizam esse tipo de serviço em seus próprios táxis, o que nós recomendamos, porque para nós foi muito interessante ouvir os relatos de um nativo que já viu tudo isso com os próprios olhos. O tour dura cerca de 4 horas e permite que você conheça os dois lados do muro.

Mais registros do que vimos por lá:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 

Textos e fotos por Bruna Sturzbecher e Renato Gôuvea, do blog Road For Two