Chile e Bolívia: Deserto do Atacama e Salar de Uyuni

O deserto mais alto e mais árido e a maior planície de sal do mundo, com 10.582 quilômetros quadrados, são conceitos mais que suficientes para despertar o interesse de qualquer mochileiro, tanto é que estes destinos comumente aparecem ocupando cerca de uma semana em roteiros com um total de 15 a 25 dias passando por Bolívia, Peru e Chile, mas, combinados, o deserto e o salar justificam facilmente uma viagem inteira, conforme comprova o blog da TerraMédia Trekking.

Pra quem pretende conhecer esses locais tão singulares separamos uma lista de atividades na região…Boa viagem!

Tours Convencionais

Aqui, vou me ater a descrição de cada passeio, informações de preço e outros detalhes estão disponíveis no blog. Primeiramente, na hora de planejar seu roteiro leve em consideração algo muito importante, a altitude. San Pedro de Atacama está localizada numa altitude de aprox. 2.430 m.s.n.m., enquanto alguns passeios chegam perto dos 5.000 m.s.n.m. Essa diferença na altitude (e consequentemente na disponibilidade de oxigênio) de uma forma mais ou menos intensa vai afetar seu rendimento, podendo em alguns casos resultar em sérias dores de cabeça e, consequentemente, acabar com seu passeio. Para minimizar esse efeito a aclimatação é fator fundamental, isto é, ir “subindo” aos poucos, portanto, sugiro um roteiro na seguinte ordem:

  • Valle de la Luna e Valle de la Muerte: passeio cuja altitude máxima é similar a San Pedro de Atacama (2500 m.s.n.m.) por estas duas paisagens de areia, argila e sal moldados pela ação da água e do vento. O tour começa sempre no período da tarde (16:00 horas), dura umas quatro horas e termina com uma vista espetacular do pôr-do-sol.
     
  • Passeio de Bike: ótimo pra aclimatação pois, além da altitude similar a San Pedro, ainda trabalha a parte aeróbica do organismo. De bike durante um único dia é possível conhecer as ruínas de Pukará de Quitor (ocupadas antigamente por povos atacameños e incas –de cima das ruínas dá pra fazer umas fotos panorâmicas da região), a Cueva del Diablo (caverna criada pela ação vento, onde há uma espécie de “portal” esculpido por mão humana) e a Quebrada del Diablo (um cânion/estrada natural incrível de se conhecer pedalando). Quem tiver mais perna pode seguir até Catarpe (outras ruínas, mas não tão legais quanto Quitor).
  • Laguna Cejar + Ojos del Salar + Laguna Tebinquiche: outro passeio com altitude igual a de San Pedro ( 2.300 m.s.n.m.), onde se tem a experiência única de “boiar” na laguna Cejar –a concentração de sal é tão alta que você não afunda. Depois disso a van segue até os Ojos del Salar, que consistem em dois “buracos” redondinhos cujas origens são controversas (nesses buracos tem água doce e é possível tomar banho pra tirar o sal excedente da laguna cejar) e, por fim, segue até a laguna Tebinquiche, onde se assiste um baita pôr-do-sol tomando pisco e comendo salgadinho (por isso o tour sempre é feito no período da tarde, as 16:00 horas).
     
  • Lagunas Altiplânicas: aqui a altitude já ultrapassa os 4000 m.s.n.m. Nesse passeio (que começa umas 09:00 horas e dura quase o dia inteiro), além das belas lagunas Miñiques e Miscanti, conhecemos a Laguna Chaxa (que fica no salar de atacama – 3200  m.s.n.m.), onde dá pra fazer umas fotos legais de flamingos, e os povoados de Socaire e Toconao, cada um com uma igreja antiga.
     
  • Geysers del Tatio: gêisers são fontes termais que entram em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água e vapor e outros gases (como o enxofre, deixando um característico cheiro de ovo podre); sua formação requer condições bem específicas, portanto, são razoavelmente raros, o que torna esse passeio único. Ah, e segundo o guia, quanto mais frio, mais alto são os jatos d’água, por isso o passeio começa cedo, saindo de San Pedro as 05:00 horas (dura o dia inteiro) e indo até a região de El Tatio, numa altitude de 4300 m.s.n.m., e quem tiver afim pode curtir um banho de águas termais nos gêisers.
  • Salar de Tara: localizado numa altitude de 4800 m.s.n.m., na minha opinião foi o lugar mais bonito que visitamos no atacama. O passeio também começa as 07:00 horas e dura o dia inteiro. Boa parte do trajeto é feito fora da estrada e no meio das pedras (é um sacode sem fim na topic), mas as formações rochosas (como os monjes de la pacana) são incríveis e o salar, nem se fala… chegando no salar ainda rola um almoço, mas não se empolgue, comi umas saladas e frango (não sei se era a fome, mas eu curti).
  • Salar do Uyuni: o salar dispensa apresentações, por isso, vou me focar somente em alguns detalhes do passeio. O passeios é feito em veículos 4×4, com um total de seis passageiros; no primeiro dia você cruzará a “Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa”, onde vai ver mais lagunas e o famoso “arból de piedra”, finalizando num hostel com quarto coletivo para seis pessoas e um banheiro extremamente sujo (pelo menos no dia em que estive lá); no segundo dia mais lagunas e terminará dormindo no hotel de sal, que é uma experiência legal (quem tiver perna pode sair do hotel e dar uma baita caminhada até chegar na borda do salar e fazer aquelas fotos legais onde céu e a fina camada de água sobre o sal se fundem numa única imagem). É no terceiro dia que você anda sobre o salar mesmo, visitando a Isla Incahuasi (no meio do salar e cheia de cactus gigantes); nesse mesmo dia visitamos a “Necropolis e Moseu Kawsay Wasi” no povoado de San Juan del Rosario, onde são expostas algumas ossadas humanas de povos antigos; o povoado de Uyuni e o cemitério de trens de lá (que achei bem sem graça). Não lembro onde dormimos nesse dia, porque foi um caos (deu problema no motor do carro, a gente deu azar de não pegar a água sobre o salar e ficar sem aquelas fotos sem horizonte definido e por aí vai, mas mesmo assim valeu e recomendo o passeio. No dia seguinte é só a volta pro Atacama.
     
  • Na cidade de San Pedro: o Museo Arqueológico R.P. Gustavo Le Paige é ótimo, contando a história dos povos antigos que habitavam a região (atacameños, incas, etc…) até a chegada dos espanhóis, com uma quantidade de objetos (cerâmica, roupas, armas, objetos de caça) impressionante! E na entrada do museu está o famoso “solmáforo” pra fazer uma foto. Acabei não visitando o Museo del Meteorito, mas ouvi ótimas recomendações. A noite, o Tour Astronômico (com bastante informação científica) também vale a pena!
  • Outros passeios: o que não fiz (tempo tinha, mas não me chamaram a atenção) e, por isso, não posso opinar foi o Valle del Arcoiris; que deixei de lado porque já tinha visto montanhas similares na Argentina; as Termas de Puritama e o Tour Arqueológico, porque já tinha ido pra Pukará de Quitor de Bike e os outros locais nas fotos não pareciam muito surpreendentes.

Trekking no Atacama

Muito bem, agora que tu já estás aclimatado, por que não tentar subir algum dos muitos vulcões da região? Esse foi o objetivo principal do meu mochilão, o grande problema é que os vulcões estão relativamente longe de San Pedro e não há transporte público pra estes locais, ou seja, fiquei dependendo das agências de turismo que cobram o olho da cara pra te levar até lá (mais caro que os passeios “convencionais”). Nesse caso, tive que reduzir meus planos e acabei indo somente até o Cerro Toco e o vulcão Lascar, ainda assim, deixo aqui algumas recomendações:

  • Cerro Toco: com 5.604 metros de altitude, é uma ascensão simples (pra quem está aclimatado), uma vez que o caminho é bem marcado e pode-se chegar de carro até cerca de 5.100 metros. Do cume da montanha tem-se uma vista 360 graus da região, com destaque para a paisagem ao lado do vulcão Licancabur (distante cerca de 13 km do Toco).
  • Vulcão Lascar: com 5592 metros de altitude, o Lascar é o vulcão mais ativo da região norte do Chile (volta e meia durante a viagem é possível avistar uma “fumarola” saindo de sua cratera). A ascensão não é complicada (pra quem já está aclimatado) e na base do vulcão há uma laguna onde é possível fazer fotos iradas da paisagem.
  • Vulcão Licancabur: com 5920 metros de altitude e localizado na fronteira entre Chile e Bolívia, o Licancabur pode ser visto de diversos pontos de San Pedro de Atacama. Era considerado sagrado pelos povos atacameños. Sua ascensão é realizada apenas pelo lado boliviano, onde há um refúgio para dormir e contratar um guia, o que é obrigatório devido a presença de minas terrestres na região.
  • Cerro Soquete: com 5382 m.s.n.m, o Soquete é uma montanha de fácil ascensão, mas não muito divulgada no Atacama. Localizado em El Tatio, a subida do Soquete pode ser combinada com a visita aos gêisers.

Existem ainda dezenas de outras montanhas de diferentes graus de dificuldade que podem ser exploradas na região, dentre estas a mais famosa é o mais Llullaillaco, onde foram encontradas múmias Incas. Caso seu objetivo seja este, consulte uma agência de turismo de San Pedro e negocie um pacote… Posso disponibilizar o trajeto de algumas destas trilhas citadas em arquivos compatíveis para abrir no Google Earth e outros programas do gênero, quem quiser solicite por meio do facebook.

Pra quem ficou interessado, leia o relato completo no blog da TerraMédia Trekking, onde disponibilizamos todas as fotos e informações adicionais de preço de cada tour, deslocamento e estadia. Alguma dúvida? Entre em contato através do blog ou da nossa página no facebook que será um prazer ajudar!