Conheça Humahuaca: montanhas coloridas e muita cultura ancestral no norte argentino

02/01/2016 23:28 / Atualizado em 04/01/2016 11:06

O extremo norte da Argentina é colorido, muito colorido. E Humahuaca é o lugar onde a natureza caprichou ainda mais na pintura.

Como se não bastassem tantas belezas naturais, os habitantes ainda lutam todos os dias para preservar costumes e vestígios dos povos originários que viviam por lá na era pré-colombiana e espanhola. O nome dessa pequena cidade da província de Jujuy vem dos Omaguacas, etnia que habitava a zona antes dos conflitos e da colonização. Lendas aborígenes também atribuem o nome à expressão “¡Humahuacac!”, que significa “cabeça que chora”, fazendo referência ao lugar como cemitério de cabeças.

Essa combinação de belas paisagens e legado histórico rendeu à Quebrada de Humahuaca o título de Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, concedido pela Unesco em 2003. Toda a extensão da Quebrada também abrange outros municípios, como Tilcara e Purmamarca –que formam com Humahuaca um circuito obrigatório para todo viajante que vá ao norte argentino. Para inspirar e ajudar você a planejar a sua viagem pela região, aí vão algumas boas dicas do Mundo à Volta.

Serranías del Hornocal

Nenhuma foto faz jus ao “cerro de 14 colores”, como também é conhecido o Hornocal. Na maioria dos hostels, você pode contratar um passeio ao lugar mais impressionante do norte do país, na nossa opinião. E custa apenas 100 pesos (menos de R$40).

Gabi e Lucas, do Mundo à Volta, no cerro de 14 colores, ou Hornocal – Humahuaca, Argentina
Gabi e Lucas, do Mundo à Volta, no cerro de 14 colores, ou Hornocal – Humahuaca, Argentina

Não há outra forma de chegar até lá se não for em caminhonetes. O local é bastante afastado do centro, no meio das montanhas e fica dentro de um parque de preservação, onde entram somente veículos autorizados. Se prepare para ficar sem ar quando avistar o Hornocal pela primeira vez. E não só por causa da altitude – acima dos 4.000m.

Mirador

São apenas 20 minutos de caminhada do centro até o topo do mirador, onde se tem uma vista panorâmica da cidade. Recomendamos que você faça esse passeio no final da tarde, leve água ou mate, e aproveite o pôr do sol por lá.

Humahuaca vista do mirador
Humahuaca vista do mirador
Fim de tarde no miradorFim de tarde no mirador
Fim de tarde no miradorFim de tarde no mirador

Cerâmicas e artesanato

Para completar o colorido de Humahuaca, a arte andina. Os aguayos, mantas, mochilas, bolsas e todos os artigos criados com os característicos tecidos dos Andes estão expostos por todo centrinho do povoado. Já a cerâmica é uma experiência à parte. A fábrica mais conhecida se chama El Índio e está na entrada do caminho para o mirador. Lá, você pode assistir o processo de fabricação e entender como os humahuaqueños estão trabalhando para manter viva essa tradição ancestral.

Fabricação da cerâmica El Índio
Fabricação da cerâmica El Índio
Aguayos, símbolo do artesanato andino
Aguayos, símbolo do artesanato andino

Centro e Monumento ao Índio

Como a maioria das pequenas cidades argentinas, tudo acontece ao redor da praça central e da igreja. Antes de caminhar por ali, tenha em mente um princípio importante: muitos humahuaqueños são fechados e contra o turismo na região. Isso acontece, infelizmente, graças à imprudência e falta de respeito de turistas menos conscientes, que visitam o povoado apenas para tirar boas fotos, sem se importar em conhecer as pessoas e a sua cultura.

Por isso, nunca fotografe ninguém sem autorização e não espere que as pessoas sejam muito gentis com você de primeira. Mostre muito respeito e disposição para entender os costumes. Tome você a iniciativa. Assim que você ganhar a confiança de alguém, seja um artesão, músico ou vendedor, prepare-se para receber em troca muitos ensinamentos sobre a forma de vida local.

Reserve uma manhã para caminhar pelo centro, olhar as tendas de artesanato e subir ao Monumento ao Índio. De lá, você pode ter uma vista oposta ao que se vê do mirador.

No centro, o Monumento ao Índio
No centro, o Monumento ao Índio
Vista do topo do monumento
Vista do topo do monumento

Quando ir

O verão é considerado alta temporada no norte, quando você vai encontrar os hostels e hotéis mais movimentados e com tarifas mais altas. Nessa época, faz bastante calor durante o dia e as noites não são tão frias como em outras estações, porém chove bastante. Nós fomos na primavera e recomendamos, pois, além de os preços serem mais baixos, o clima árido é um pouco mais ameno e à noite o calor dá uma trégua. No inverno, se prepare para o frio e até neve.

Quantos dias e onde ficar

Três dias são suficientes para cumprir essa lista de dicas. Mas, se você se hospedar no La Juana Hostel, certamente vai acabar ficando mais tempo. Esse hostel está justamente atrás do terminal de ônibus e a duas quadras da praça central. Além de ter uma estrutura ótima para cozinhar e fazer parrilla, o Gaby, que gerencia o lugar, é um cara muito especial e vai fazer você se sentir em casa. Nós ficamos duas semanas curtindo e trabalhando em Humahuaca.

Como chegar

Diversos ônibus saem todos os dias da capital San Salvador de Jujuy para Humahuaca, que está a 128km de distância. Se você estiver em Buenos Aires, ir até San Salvador é a única forma de chegar ao povoado. Você pode ir de avião ou de ônibus até a cidade. Outra alternativa é pegar um avião até a cidade de Salta, outro grande centro do norte por onde os viajantes começam a explorar a região, e seguir para Jujuy de ônibus. Muitas pessoas que viajam pela Bolívia aproveitam para cruzar a fronteira ao sul do país e ir até a Quebrada, o que também é uma opção se você está pensando em fazer um mochilão pela América do Sul.

Assista ao vídeo que produzimos sobre a Quebrada de Humahuaca e conheça os personagens que nos apresentaram a cultura da região e a sua relação com a natureza: Walter, Chacho e Carlitos.

https://www.youtube.com/watch?v=ZDlmqSmMSKg

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