Documentário inglês conta a história do samba à bossa

O samba é o ponto de partida do documentário “Brasil, Brasil” (2007), produzido pela emissora inglesa BBCFour. Dividido em três episódios, o filme conta a história da música brasileira. Assim como a sua população, a musicalidade do país também reflete a miscigenação de várias culturas.

O primeiro capítulo, “Do Samba à Bossa”, volta aos tempos da escravidão no Brasil. Na cidade de Salvador, a primeira capital do país, os escravos trazidos da África mantêm suas tradições musicais e religiosas durante gerações. Seu descendentes dão início ao samba de roda.

Com o fim da escravatura, em 1888, os negros ganham alforria  e, libertos das plantações, migram do nordeste para o sudeste – onde encontrava-se a nova capital brasileira, o Rio de Janeiro. A partir do êxodo, a música trazida por eles começa a sofrer influências de uma população majoritariamente branca e europeia. O misto de ritmos origina outras vertentes do samba, gênero que demorou a ser aceito pela classe alta.

Depois de enfrentar uma grande rejeição, o samba finalmente chega às rádios e ecoa nas vozes de artistas como a famosa Carmen Miranda. Ela é, inclusive, uma das responsáveis por levar o samba aos Estados Unidos. O documentário segue também a explosão do Carnaval carioca junto ao crescimento das agremiações.

Por fim, fazendo jus ao título, o filme mostra como a política contribui para o desenvolvimento de uma nova fuão do samba a outro gênero: o jazz. A partir dos anos 1950, a introdução da música instrumental norte-americana no país desdobra-se na bossa nova.

No entanto, o esteriótipo do Brasil idílico – reforçado pelo samba – declina com o golpe militar em 1964. O Brasil ficou sob este regime durante 21 anos, dando espaço para que um novo tipo de música ganhasse potência. A MPB, que representava a identidade nacional brasileira, transforma-se em um símbolo de protesto, contra a censura e a repressão.

A evolução do samba ao longo dos anos é retratada com precisão. O documentário conta com a narrativa de figuras que tem propriedade para resgatar detalhes essenciais do gênero através dos baianos Riachão, Gilberto Gil e Caetano Veloso, além dos cariocas Paulinho da Viola, Carlos Lyra.