Dos cordões às escolas de samba

01/10/2014 21:36

Lavapés é a escola de samba mais antiga de São Paulo ainda em atividade
Lavapés é a escola de samba mais antiga de São Paulo ainda em atividade

Em 1935, Eupídio de Faria funda a escola de samba 1ª de São Paulo e, dois anos depois, em plena instauração do Estado Novo no Brasil, Madrinha Eunice funda a Lavapés, escola de samba ainda em atividade. Essas foram as primeiras escolas de samba fundadas em São Paulo em plena era dos saudosos cordões carnavalescos, que imperaram até o final da década de 1960 na capital paulista.

À época, Faria Lima, o então prefeito da cidade, achava o modelo do Carnaval de São Paulo um tanto desorganizado e, pensando nisso, determinou que os organizadores do evento adequassem algum regulamento para dar um caráter de competitividade e organização aos desfiles realizados pelos cordões na Avenida São João e no Vale do Anhangabaú.

Em 1968, um grupo de sambistas liderados por Evaristo de Carvalho, jornalista e radialista; Carlos Alberto Caetano, o fundador da Unidos do Peruche e mais conhecido como Carlão do Peruche; e Alberto Alves da Silva, o famoso Seu Nenê, fundador da Nenê de Vila Matilde, fundam a Federação das Escolas de Samba de São Paulo para organizar e administrar o Carnaval.

Baseado nas experiências do gênero na cidade do Rio de Janeiro, Faria Lima pediu para que os líderes do Carnaval adequassem o evento de modo que a cidade atraísse o turismo e gerasse uma receita considerável para os cofres públicos.

Dessa forma, Evaristo de Carvalho e os demais sambistas viajam até o Rio de Janeiro e solicitam o regulamento do Carnaval carioca para implementar em São Paulo. Como contrapartida, a prefeitura daria uma subvenção para ajudar na montagem das escolas, fazendo com que os cordões mudassem de categoria e passassem a serem escolas de samba.

Dois cordões resistiram às mudanças até 1971: o cordão Vai- Vai e o cordão Camisa Verde e Branco, que só se adequaram à condição de escola de samba para evitar o destino dos cordões Fio de Ouro, Paulistano do Gloria, Rosas Negras e campos Elíseos, o esquecimento.

Texto elaborado por T. Kaçula, Edson de Jesus e Roberto Almeida, coordenadores do “Projeto 100 Anos de Samba Paulista”.