‘Envelhescência’ mostra que nunca é tarde para se reiventar
Edson Gambuggi formou-se em medicina aos 82 anos. Aos 72 anos, Judith Caggiano fez a primeira de suas dezenas de tatuagens. Edmea Correa começou a surfar aos 58 anos. Ono Sensei, a meses de tornar-se nonagenário, dá aulas de defesa pessoal, enquanto Oswaldo Silveira, 84 anos, prepara-se para sua 12ª maratona, e Luiz Schirmer, 76 anos, para atingir 4.000 saltos de paraquedas.
Essas seis histórias de vida que inspiram uma nova leitura sobre a terceira idade foram retratadas em “Envelhescência”, longa metragem dirigido por Gabriel Martinez, que estreia em junho. “De uma forma positiva, essas pessoas calam a boca do nosso pessimismo”, diz. E confessa que passou pela sua cabeça, três anos atrás, quando iniciou o projeto e tinha 33 anos, que estava velho para fazer seu primeiro documentário.
Viver de forma plena sua envelhescência é transformar “a vivência da velhice em uma experiência criativa, que subverte as noções anteriores de declínio e degeneração, e apontam para uma relação criativa do envelhecer e da reconstrução da história pessoal por meio de novas experiências”, já dizia o psicanalista Manoel Berlinck, em 1996.
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E é isso que faz esse sexteto que protagoniza o documentário. “Quando me veem indo para o salto, estranham, olham e dizem: ‘Será possível, esse senhor vai saltar? Esse velhinho vai para o avião!’ Eu me impressiono, porque não sei como quem eles estão falando. Eu tô jovem, eu tô inteiro, eles é que se assustam comigo”, conta Luiz Schirmer, que salta de paraquedas há 60 anos.
“Uma velhice que seja vibrante, não só brilhante, não só radiante, não tem idade e nenhum tipo de barreira”, afirma no documentário o filósofo Mário Sérgio Cortella. “O limite você constrói”, completa. “É muito lindo esse momento de libertação, porque eles reinventam a própria vida”, pontua a antrópologa Mirian Goldemberg. “A maior transformação do século 21 vai ser como a gente se prepara para essa longevidade para a qual nós não estávamos preparados”, questiona o médico Alexandre Kalache.
Com o documentário, Gabriel Martinez quer quebrar estereótipos e trazer histórias inspiradoras para “incentivar quem tem 40, 50, 60, 70 anos a não perder a fé na capacidade de começar algo novo”. E deixa uma pergunta no ar no teaser de 2 minutos do longa metragem de 74 minutos: “E você, como vai encarar sua velhice?”