Expedição pelo Monte Roraima

Acordamos às 4h30 da manhã para ver o nascer do sol de um mirante a duzentos metros do acampamento no alto do Monte Roraima. O céu estava limpo e o sol, prestes a surgir no horizonte quando chegamos à borda do penhasco. Não era possível ver a planície lá embaixo, estava encoberta por um colchão espesso de nuvens. A sensação é que estávamos perto do céu.

O misterioso Monte Roraima reina no horizonte da fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana

Foi o amanhecer mais belo que já vi na vida. Até os carregadores, que transportavam nossas barracas e o equipamento de camping ao longo do trekking pela montanha, estavam presentes e se emocionaram. E todos juntos, carregadores e turistas, deram as mãos para uma oração de agradecimento por aquele momento. “É um espetáculo, sempre me impressiona, não importa quantas vezes eu veja”, confidenciou Manuel Lorenzo, um dos carregadores. Eu estava embasbacado com o visual e, finalmente, começava a entender por que aquelas pessoas enfrentam todo tipo de perrengues para chegar até ali: o frio, a chuva, barracas desconfortáveis, a longa caminhada… O Monte Roraima devolve em belezas todo o esforço empregado para chegar até ele.

Chegar ao Monte Roraima não é mesmo fácil. É preciso cruzar o Brasil até o extremo norte, na fronteira com a Venezuela e a Guiana, e encarar uma verdadeira aventura: um trekking com duração de uma semana, com pernoites em acampamentos selvagens dentro de cavernas. Não se trata de um passeio contemplativo qualquer. É uma expedição digna de montanhistas. Não chega a ser tão radical quanto outras montanhas célebres da América do Sul, como o Aconcágua, por exemplo. Não exige uso de cordas para chegar ao topo e seus 2.810 metros de altura não provocam o soroche, ou “mal da altitude”. Mas requer um bom par de pernas para quem se dispuser a explorá-lo. Eu estava disposto a isso. Há tempos sonhava em conhecer as exóticas paisagens desta montanha envolta em misticismo, que se tornou o destino mais desejado para trekkers brasileiros.

O Monte Roraima tem uma curiosa formação geológica. Ergue-se verticalmente da planície venezuelana, com seus paredões de arenito de até mil metros de altura, e tem o topo achatado, em formato de mesa. Esse enorme platô de pedra abriga um ambiente desconcertante, com jardins de endêmicos, cachoeiras, cavernas, lagos subterrâneos e cânions. Os indígenas venezuelanos chamam essas montanhas em forma de mesa de tepuy. Há uma centena de tepuys no Parque Nacional Canaima, na Venezuela. O Monte Roraima é um deles, mas com parte de sua área dividida entre Brasil, Guiana e Venezuela.

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