Irlanda: descubra uma pequena vila medieval entre castelos e montanhas
Se jogar no Google a palavra “Ireland” e pesquisar por imagens, ficarás surpreso ao descobrir que o país não é feito só de pubs. Logo, paisagens vão saltar aos olhos retratando a imensa riqueza geográfica da ilha por meio de montanhas, vales, penhascos à beira mar e parques com grandes lagos. Agora imagine você caminhando através destes locais e se deparando com construções que o tempo tem se encarregado de manter em pé por séculos. São torres, muros, pontes, igrejas e castelos que te transportam para dentro de filmes da Idade Média. Enquanto você observar com atenção, é difícil não pensar em reis e rainhas, cavaleiros empunhando espadas e como devia fluir a vida no entorno destas estruturas ao longo da história.
Motivado à ir em busca de lugares como os descritos acima, iniciei uma pesquisa que aos poucos foi me levando para o norte da ilha, próximo da fronteira com a Irlanda do Norte. Carlingford, uma pequena vila pertencente ao condado de Louth, na península Cooley, foi chamando minha atenção em função não só da beleza natural como também do patrimônio histórico que lá existe. O lugar é conhecido entre praticantes de aventura devido ao grupo de montanhas que além de oferecer trilhas de curta e longa distâncias, também possibilita a prática de mountain bike (downhill). Quanto ao fator histórico, a pequena vila que hoje abriga cerca de mil moradores iniciou seu desenvolvimento há cerca de 800 anos após a construção estratégica de um castelo às margens da praia, que mais tarde passou a ser chamado de King John’s Castle. Além dele, Carlingford também guarda outras construções medievais como castelos de menor porte e um portão da época em que o povoado era cercado por muros de proteção, o The Tholsel é um dos poucos “portões de cidade” que podem ser vistos na Irlanda. Não menos importante, um grande monastério dominicano erguido no século 13 também se destaca, principalmente pelos traços arquitetônicos.
Cheguei a Carlingford num sábado típico de inverno, com chuva, muito vento e frio, portanto dificultando meu principal objetivo que era encarar a trilha que me levaria ao topo da montanha Slieve Foy. Na tradicional caminhada de reconhecimento dos arredores, segui direto para o castelo do Rei João que se destacava pela posição que ocupa dentro de Carlingford, entre a rodovia e a praia. Hoje o prédio histórico já não apresenta mais os mesmos detalhes do passado, apenas a sua estrutura de paredes, o famoso esqueleto. Mesmo assim, a fortificação é muito interessante.
No domingo parti rumo à subida. Carlingford está localizada ao pé da montanha e chegar ao topo não demoraria muito, conforme a recepcionista do hostel que me explicou a rota com um mapa em mãos. Ao chegar ao ponto de partida, um marco informava três diferentes rotas, não pensei muito e passei reto. A caminhada iniciou tranquila onde a cada passo dado uma olhada para trás era necessária para conferir a beleza do lugar.
Nesta primeira parte do trajeto há um longo corredor de pedras que cruza através de algumas propriedades até chegar ao campo aberto onde há marcos espalhados indicando a continuidade de cada trilha. Após cerca de 1 hora de caminhada, a subida começou a ficar mais íngreme, num ritmo mais lento e o sol que antes brilhava, agora estava coberto por uma família de nuvens que trazia um vento de fácil compreensão para os que assim como eu vivem na Irlanda. A fina camada de grama que cobre a superfície de pedra acumulava muita água e também dificultava a subida.
Após cerca de 2 horas, cheguei ao penúltimo andar da montanha. Enquanto Carlingford aparecia lá embaixo, diversas montanhas, praias e outros pequenos vilarejos podiam ser avistados em um ângulo de 300º. Foi difícil permanecer ali por muito tempo em função do vento e do frio, o que provavelmente chegava a casa dos 550 metros já que a altura de Slieve Foy é de 588m. Satisfeito com a oportunidade de observar tanta beleza de um ponto privilegiado, iniciei a descida por minha conta mesmo, já que havia saído da trilha e não pude mais encontrá-la.
Nem percebi o tempo passar e já estava no hostel resgatando minha mochila e me preparando para ir em busca de uma carona até Dundalk já que não há ônibus saindo de Carlingford aos domingos. Nem bem deixei a cidade e a carona surgiu. Após cerca de 30 km de estrada e um bate-papo construtivo fui deixado quase na porta da estação em Dundalk. Não demorou muito já estava dentro do ônibus com destino a Dublin, levando na mochila a certeza de mais uma grande experiência vivida no interior da Irlanda.
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