Irlandês aprende a escrever aos 79 anos e vira artista
Quando Liam Gallagher, 79 anos, ia às consultas, os médicos ou gritavam ou conversavam com seu neto, Scottee. Nas ruas, era ignorado quando tentava falar com alguém. “Ele está ficando invisível”, avaliou o jovem, que é artista e ativista.
Scottee sabia que a arte poderia ter um papel transformador para dar visibilidade às pessoas mais velhas. Mas e o que o avô achava da proposta? “Perguntei se ele queria se tornar um artista. Ele disse sim”, conta o neto no guia cultural inglês “Kentishtowner”.
Primeiro, Liam aprendeu a ler com o neto. Depois, falaram sobre o papel das artes e por que as opiniões do avô tinham valor.
Logo, explica Scottee, ficou claro que o avô tinha muito a dizer sobre vida, morte, imigração e política. A mãe de Liam morreu no parto, e a criança foi criada por pais adotivos. Fugiu aos 15 anos. Foi da Irlanda, onde nasceu, para a Escócia. Depois mudou-se para a Inglaterra. Casou-se com Mary nos anos 1970.
Scottee e Liam começaram a fazer obras baseadas em textos. “Trabalhar tão próximos mudou minha relação com ele. Nós dividimos risos e lágrimas, dor e sabedoria”, destaca o neto.
Mas foi mais que o relacionamento dos dois que saiu transformado nessa experiência. Liam tornou-se artista. Em maio deste ano, suas obras ficaram em exposição no Grandad’s Gallery, em Londres.
Recebeu críticas como “ele é uma das vozes mais empolgantes de 2015” e “artista destemidamente sábio”.
Liam criou um site, em que vende camisetas e cartões baseados em suas criações, e abriu uma conta no Twitter com a ajuda de Scottee. No dia 28, digitou: “Eu me sinto diferente. Eu me sinto importante”.
“O projeto pode encorajar você a notar as pessoas mais velhas na comunidade ou fazê-lo desistir de seu assento no ônibus sem constrangimento”, destacou Scottee.
Em tempo: o nome da exposição de Liam é “no need to shout” (não precisa gritar, em português).