‘Na folia, a gente se transforma’, diz avó estreante no sambódromo
Selene Dante Russo tem 81 anos e muitas histórias de vida. A falta de uma experiência, porém, era muito sentida pela aposentada paulistana: acompanhar um desfile de escola de samba ao vivo.
“Gosto muito de festa e, para mim, Carnaval é diversão. Mas assistir aos desfiles das escolas pela TV é muito demorado. Ao vivo, a sensação é outra, porque você não vê sempre a mesma coisa”, conta ela.
A aposentada diz que sempre quis ir ao desfile, mas o marido, seu “primeiro e único namorado”, não é muito festeiro e, assim, a ida ao sambódromo foi adiada.
“Fora que, quando eu era mais nova, a minha geração era muito tolhida. Mas, nesses meus 63 anos de casada, muita coisa mudou, e para melhor”, diz Selene, que é aluna assídua de aulas de pilates, tem perfil no Facebook e sabe manejar bem seu tablet. “Essa história de que a terceira idade é o melhor da vida não é verdade. Mas procuramos tirar o melhor de tudo o que acontece.”
Há alguns anos, uma de suas netas foi morar no Rio, e o desejo de acompanhar um desfile voltou. “Ela prometeu que me levaria ao desfile das campeãs, mas achou melhor começarmos por São Paulo.”
Selene só não contava com um porém: o desfile das campeãs deste Carnaval caiu justamente no dia do aniversário de 87 anos do marido, Nicola. Mas tudo se arranjou. Enquanto pai e filha foram ao teatro, avó e neta se dirigiram ao sambódromo do Anhembi.
Um dia antes, ela era só expectativa: “Estou ansiosa. Na folia, a gente se transforma”.
Toda a espera valeu a pena, como ela mesma avaliou no dia seguinte ao desfile: “Foi muito bom, é realmente um espetáculo indescritível. Quando a [campeã] Vai-Vai entrou na avenida, todo mundo se esqueceu do cansaço e era só alegria, cantavam e dançavam”.
A neta, Mirella Domenich, também curtiu a noite: “O sonho era dela, mas quem se realizou fui eu. É muito bom ter uma avó ainda jovem e que sabe se divertir. Quero ser fanfarrona assim na melhor idade. E que venham mais carnavais”.
Quanto à avó Selene, esta já tem um compromisso para 2016: “Ano que vem, quero ir à Sapucaí!”