‘Não desista’, diz idosa americana que ajuda jovens brasileiros a falar inglês

Em parceria com qsocial
08/10/2015 08:02

A norte-americana Esther Kathleen Barker tem 87 anos, é casada há 67, tem três filhos, oito netos e 17 bisnetos. Desde 2012, mora com o marido na Windsor Park, comunidade para idosos no Estado de Illinois.

Esther Kathleen Barker conversa com estudante brasileira em comercial sobre o programa
Esther Kathleen Barker conversa com estudante brasileira em comercial sobre o programa

Lá, eles têm muito o que fazer: ginástica, pequenas viagens e atividades musicais, além de participar de eventos. Enquanto o marido trabalha na marcenaria da própria comunidade, ela ajuda na biblioteca local. “As opções são sempre de acordo com nossas necessidades. Estamos muito felizes”, contou Esther, em conversa por e-mail.

Há cerca de um ano e meio, ela assumiu outra responsabilidade aqui no Brasil, que a tornou conhecida e assunto em reportagens em vários países: passou a fazer parte do programa CNA Speaking Exchange, em que a rede de idiomas aproxima, pela internet, jovens brasileiros que estão estudando inglês de idosos dos EUA que moram em asilos, melhorando, assim, a conversação dos estudantes e, também, oferecendo mais um canal de bate-papo aos mais velhos.

O programa se tornou exemplo de intergeracionalidade e marketing – levou 10 Leões em Cannes no ano passado –, e deu a Esther uma notoriedade que ela não esperava. Foi até convidada a participar da conferência anual da rede de idiomas neste ano, na Bahia, onde foi tratada como celebridade pelos estudantes e funcionários que participaram do evento, distribuindo selfies e sorrisos.

Aceitei participar assim que soube dele. Eu já tinha ensinado inglês para estudantes chineses quando morei em Taiwan e senti que era uma oportunidade para fazer o mesmo com alunos do Brasil”, conta ela.

E emenda: “No começo, eu não tinha ideia de que seria um projeto contínuo. Pensei que era um só comercial para a CNA. Hoje estou ciente de que é um programa permanente e pode ser usado por muitas escolas de idiomas para melhorar seus serviços”.

As conversas são curtas, avalia a professora, mas dá para se divertir e ir um pouco além dos temas mais básicos como dados pessoais, cidade de origem e família. “Às vezes, podemos ampliar as ideias e falar sobre gostos musicais, roupas e assim por diante. Os jovens com quem falei foram maravilhosos. Eles se envolveram com a conversa e acredito que tiveram a oportunidade de aprender muitas coisas ao conversar com os idosos. Eles são sempre educados, mas, por vezes, expressam um comentário como ‘Uau!’, quando o idoso diz uma idade ‘mais velha’.”

Esther Kathleen Barker participa de conferência do CNA na Bahia, neste ano
Esther Kathleen Barker participa de conferência do CNA na Bahia, neste ano

Quando esteve no Brasil, para a conferência, Esther foi ovacionada pela plateia ao dar um susto em uma das alunas. “Um dos destaques de nossa viagem foi o encontro com a primeira estudante com quem eu tinha falado na preparação para o comercial. O CNA estava tendo sua convenção na Bahia, e ela se surpreendeu ao me ver lá ao vivo. Ela estava no palco da sala de convenções, e apareci ao seu lado, de surpresa. O público explodiu em aplausos quando ela mostrou espanto. Nós nos abraçamos como amigas. Tínhamos mantido contato via e-mail e Facebook por um ano, então nós realmente somos amigas. Temos continuado a nos falar regularmente, compartilhamos imagens e ideias que esperamos  fazer no futuro.”

Esther conta que a família acha ótimo o que ela tem feito e que os mais jovens se divertem com a “quase fama” da avó no Brasil, aos 87 anos.

Para quem está aprendendo inglês, ela tem um recadinho: “Não desista! Você vai desenvolver o ouvido para entender o que é dito e em breve vai ser capaz de falar. Além disso, não tenha vergonha de ter a sua pronúncia corrigida, porque é o caminho para aprender mais a cada vez que falar. Não pare o aprendizado para que você  melhore suas oportunidades no futuro”.