O sul da Itália e seus temerosos vulcões

24/08/2015 08:57 / Atualizado em 06/05/2020 23:35

 
 
Umas das experiências imperdíveis na Sicília ou na região da Campânia é visitar, cara a cara, os famosos vulcões. Aqueles que parecem mesmo desenho animado, com uma cratera gigante para gente se dependurar e olhar lá para baixo. Gases sulfurosos, fumacinhas e até mesmo lavas brilhante fazem parte dos passeios, realizados por trilhas ou barcos. É só escolher o brutamontes certo.

O Etna e suas 300 crateras

 
 

O monte Etna é a montanha mais alta da Itália ao sul dos alpes. Com 3.329 metros de altura, impõe uma presença marcante para quem perambula pelas ruas de Catania ou na praça principal de Taormina. Trata-se do maior vulcão em constante atividade da Europa. Erupções ocorrem com frequência, principalmente das quatro crateras principais e das rachaduras ao longo do grandalhão. A mais devastadora foi em 1669, quando um rio de lava destruiu 16 vilas e matou quase 16 mil pessoas. Enquanto turistas saçaricam entre as trilhas de pedras vulcânicas, 120 unidades de controle sísmico monitoram os humores do Deus do Fogo. Uma pequena fresta de onde as lavas fumegantes eclodiram, em 2001, ainda está aberta, embora bem menor que à época do pequeno incidente. Hoje, até umas pequenas flores ousam renascer ali do lado. E quem acha que o moço anda bem comportado, engana-se. Em 2007, uma nuvem de fumaça subiu 40 metros de altura, fechando o aeroporto de Catania. Melhor ter cuidado! Contrate um guia especializado em trilhas que possa explicar cada peculiaridade da montanha e explore as mais de 300 crateras (algumas triplas) espalhadas pela região. Além de chegar em locais mais inóspitos, um guia nos ajuda a fugir de tempestades típicas do verão, caminhando no sentido oposto de inesperadas nuvens carregadas e trovoadas.

 
 

Vulcano e seu perfume de ovo podre

 
 
Esta ilha vulcânica pertence ao conjunto das sete ilhas eólicas, no mar Tirreno. Desembarcar por ali já é uma baita experiência só pelo cheiro esquisitão. Rochas amareladas e um aroma primoroso de enxofre, capaz de penetrar em qualquer narina, até mesmo nas mais entupidas. Os romanos achavam que a ilha era a chaminé da oficina do Deus Vulcão. Seja lá como for, o bacana é mesmo escalar até a cratera a 391 metros acima do mar. A caminhada leva cerca de uma hora. Enquanto o sol castiga (não há uma mísera sombrinha), a paisagem para o mar e ilhas deslumbra. Antes de começar a jornada, uma placa avisa sobre o real perigo de envenenamento para aqueles que se aproximam demais das fontes de emissões de gases. Não que seja lá muito possível, a fumaça amarelona fede mais que ovo podre. Leve um pregador de roupas para apreciar a imensidão da cratera sem sentir náuseas.

 
 

Stromboli e o cuspe de lavas

 
 
Se você é daqueles que só acredita vendo, pois bem. O Stromboli também faz parte das ilha eólicas (é a mais nova delas) e é um vasto vulcão embaixo da água. A ponta que emerge do mar como uma pirâmide solta fumaças acinzentadas a cada vinte minutos. É um brutamontes permanentemente ativo. A última erupção, de 2007, abriu mais duas crateras no topo. Já as de 2002-2003 aumentaram o tamanho do buracão principal de 35 para 125 metros. Curioso é que apesar de mau- humorado, sua ira nunca destruiu a cidade em si. Desde o período neolítico, as vilas sempre saíram pela tangente. Ao chegar de barco, repare que um lado da montanha tem vegetação bem verdinha, enquanto o outro mais parece uma duna de areias negras. A base é uma praia deliciosa de pedras vulcânicas, tanto que se trata do programa favorito de verão dos estilistas Dolce e Gabbana, os quais adquiriram uma casinha de veraneio por aqui. Apesar do aspecto idílico, a vida por lá não é das mais fáceis. Toda comida só chega por ferry e não há estradas que atravessam a ilha. A Ginostra, vilazinha na costa ocidental com somente 36 casas, recebeu energia elétrica há poucos anos. Para escalar até o topo é obrigatório contratar um guia. Um passeio bastante popular é subir três horas de trilha para ver o por do sol lá de cima. Ao anoitecer espera-se até que a coisa estoure e jorre suas lavas. Outra opção bastante legal é esperar as erupções no mar a bordo de um barco. Enquanto o show não acontece, a galera vai de grapa no deck! E para os que já estão se imaginando jogando Sonic 1, fase 2, calma lá. Dá para ver as lavas explodirem, fiapos desenharem no céu e serem rapidamente encobertos por fumaça. Não é uma tempestade avassaladora. Caso contrário esta que vos fala não estaria postando.

 
 

Vesúvio e os sítios arqueológicos de Pompeia e Herculano

 
 
Se a ira do Stromboli sempre respeitou o espaço da sua própria cidade, o mesmo não se pode dizer do Vesúvio, na baía de Nápoles. Este aqui jogou mesmo as lavas no ventilador e botou pra quebrar com a erupção de 79, soterrando a cidade de Pompeia e Herculano com uma massa de gases, pedregulhos e fogo. Desde então já entrou em erupção mais de 30 vezes. A última foi em 1944. Nada que possa tirar a tranquilidade de quem o observa tranquilamente de Sorrento, de Nápoles ou voltando de barco de Capri. A grande moral deste cuspidor de fogo avassalador é que toda ira é auto destrutiva! O destempero de 79 não trucidou somente Pompeia, mas a própria cratera vesuviana, que de 3000 metros foi reduzida a 1281.

 
 

Peidorreiros subterrâneos

 
 
Para quem ainda não se cansou, há também vulcões embaixo do mar entre as ilhas eólicas. Há locais com até cinco no mesmo espaço. Como notá-los? Os gases formam bolhas circulares bem específicas. Bom, e o cheiro que exala das águas é realmente semelhante ao do Vulcano! Peidos de quem comeu ovo poder. Quem quiser mergulhar nessas regiões precisa ter cuidado, uma vez que os gases podem apagar o banhista.

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