Os bambas de São Paulo e a Tiririca

“Oia a banana oro i da terra” e “Zum, zum, zum, zum, zum, zum Capoeira mata um”

Geraldo Filme, um dos principais sambistas de São Paulo

Era assim que a “curriola”, a nata da malandragem, passava o tempo no extinto Largo da Banana, uma espécie de centro cerealista localizado onde atualmente fica o Memorial da América Latina, na Barra Funda.

Enquanto não havia trens para descarregar, os negros faziam as batucadas nas caixas de frutas e dos engraxates, que nas horas vagas se juntavam aos bambas da região.

“É tumba moleque tumba é tumba pra derrubar
Tiririca faca de ponte, capoeira vai te pegar
Dona Chica do tabuleiro quem derrubou seu companheiro
Dona Chica do tabuleiro quem derrubou seu companheiro
Abre a roda minha gente que o batuque é diferente
Abre a roda minha gente que o batuque é diferente”

(Geraldo Filme)

As “Cinco esquinas” eram outros pontos importantes para os sambistas fazerem suas rodas, também conhecidas como rodas de pernada e Tiririca.
Além da famosa Praça da Sé, a Baixada do Glicério, mais especificamente na antiga Prainha (atualmente vale do Anhangabaú), foi um dos mais importantes pontos de encontro dos engraxates e bambas do samba paulista.

Toniquinho Batuqueiro, Seu Silval, Carlão do Peruche, Germano Matias, entre tantos outros, se reuniam ali. Segundo Toniquinho, o principal dos bambas – “bom de pernas” e considerado o “valente” – da época era Valter Gomes de Oliveira, o “Pato N’àgua”.

“…o tira teima dos sambistas do passado
Bexiga, Barra Funda e Lavapés
O jogo da Tiririca era formado
O ruim caia e o bom ficava de pé”

(Geraldo Filme)

Texto elaborado por T. Kaçula, Edson de Jesus e Roberto Almeida, coordenadores do “Projeto 100 Anos de Samba Paulista”.