Paranapiacaba: uma viagem pelos trilhos da nossa história

Por: Catraca Livre
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Passeio de Maria Fumaça pela vila[/img]

O nome da vila, inicialmente denominada Alto da Serra, foi trocado para Paranapiacaba em 1907. A palavra tupi-guarani significa “lugar de onde se vê o mar”, pois em dias ensolarados os índios, que outrora ali passavam, podiam enxergar o mar. Porém, há dias em que a vila fica totalmente imersa no denso nevoeiro da serra e não se pode enxergar praticamente nada. No verão, época em que florescem os manacás-da-serra, as matas no entorno da vila ganham um colorido especial.

Com cerca de 1.100 habitantes, a Vila de Paranapiacaba é o mais importante patrimônio arquitetônico de estilo vitoriano no Brasil, além de ter sido incluída entre os 100 monumentos mais importantes do mundo pelo WMF (World Monuments Fund), organização não-governamental que atua na área de preservação ambiental.

Paranapiacaba é, sem dúvida, um lugar único, onde história, cultura, diversão, esporte e lazer andam lado-a-lado.

UM POUCO DE HISTÓRIA…
Estação atual de Paranapiacaba[/img]

O sistema funicular, utilizado para a construção da 1ª. ligação ferroviária entre Santos e Jundiaí (SPR – The São Paulo Railway Company), era muito mais complexo do que aquele utilizado no velho continente e exigia um grande número de trabalhadores, em mais de um turno.

Depois da inauguração da ferrovia, em 1867, construiu-se a Estação Alto da Serra (primeiro nome de Paranapiacaba) para abrigar os operários que cuidavam da manutenção da ferrovia. Porém, devido à construção de outras ferrovias (Paulista, Sorocabana, Noroeste, …) e ao aumento da produção agrícola – que tinha que ser escoada pelos trilhos da SPR –em pouco tempo foi preciso duplicar a ferrovia. Foi construída, então, uma nova linha ao lado da primeira utilizando-se, novamente, o sistema funicular. O destaque desta nova via foi a construção da Estação da Luz, em São Paulo.

As obras de duplicação tiveram início em 1896 e, com ela, uma verdadeira transformação na vila do Alto da Serra, que praticamente dobrou de tamanho. Surgiu a Vila Nova, também chamada de Martin Smith, com dezenas de novas casas de madeira e telhados em ardósia (estilo inglês) para moradia dos novos ferroviários, arruamento e urbanização perfeitos. A vila Velha foi reformada e, no alto de uma colina, foi construída a casa do engenheiro-chefe (o “Castelinho”) de onde era possível ter uma visão quase completa da vila e da movimentação no pátio ferroviário.

Uma nova estação foi construída com madeira, ferro e telhas francesas trazidas da Inglaterra. O destaque ficou por conta do grande relógio fabricado em Londres, por Johnny Walker Benson, e que recebeu o apelido de o “nosso” Big Ben, apesar de não ter nenhuma semelhança com a obra londrina.

A Vila de Paranapiacaba tinha vida, trabalho, lazer, esporte e cultura. E assim ela viveu seus dias áureos até meados da década de 40, quando a concessão da São Paulo Railway Co. chegou ao fim e a União incorporou todo o seu patrimônio. Era o início da decadência da movimentada e encantadora vila ferroviária da Serra do Mar.

Mais tarde, já na década de 70, a instalação de um novo sistema de tração na serra – a cremalheira – exigiu a total desativação da 1ª. linha do funicular, o que fez com que muitos funcionários, não mais necessários, fossem aposentados ou dispensados, acarretando um elevado índice de desemprego.

Sem trabalho, muitas famílias abandonaram suas casas e o lugar, outrora cheia de vida, passou a ser uma simples vila dormitório e palco de um grande processo de degradação.

Felizmente, em 2002, a Vila foi comprada pela Prefeitura de Santo André e algumas atitudes começaram a ser tomadas com o intuito de manter viva pelo menos um pouco desse belo capítulo da história brasileira. Atualmente o núcleo urbano, os equipamentos ferroviários e a área natural de Paranapiacaba é considerado Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo mas, certamente, ainda há muito o que se fazer para tentar restaura o desenvolvimento sócio-econômico da região por meio do turismo.

PARTE ALTA E PARTE BAIXA
Vila de casas na Parte Baixa, estilo inglês[/img]
 

Já a Parte Alta, ou Morro, se destaca pelas construções de estilo português, com fachada única, rente à rua, casas pequenas e germinadas e ruas estreitas e tortuosas. Isso se justifica porque lá viveram os portugueses que, durante a construção da ferrovia, mudaram-se de Mogi das Cruzes em busca de novos mercados para seus produtos. A Parte Alta abrigava, também, os trabalhadores menos favorecidos e, posteriormente, passou a ser refúgio dos aposentados da ferrovia, passando a ser conhecida como Vila dos Aposentados.

ONDE FICA E COMO CHEGAR?

ta da viagem de ônibus, que é um pouco demorada, confira:
  • De carro (Via Anchieta): Siga pela Via Anchieta até o Km 29. Após cruzar sobre a Represa Billings, utilize a saída 29 (Caminhos do Mar, Polo Ecoturístico), em direção à Rodovia SP 148 (Estrada Velha de Santos). Continue até o Km 33 da SP 148 e pegue a Rodovia SP 31 (Índio Tibiriça). No trevo do Km 45,5 da SP 31, vire à esquerda em direção a SP 122 (Adib Chamas). Depois de passar por Rio Grande da Serra, siga por mais 7Km até chegar a Paranapiacaba;
  • De carro (Via Imigrantes): Siga pela Rodovia dos Imigrantes até a saída para o Rodoanel Sul. Após o pedágio do Rodoanel, siga em direção a Mauá por mais ou menos 5Km, até encontrar a saída para o litoral. Ao chegar na Rodovia Anchieta, siga até o Km 29. Após cruzar sobre a Represa Billings, utilize a saída 29 (Caminhos do Mar, Polo Ecoturístico), em direção à Rodovia SP 148 (Estrada Velha de Santos). Continue até o Km 33 da SP 148 e pegue a Rodovia SP 31 (Índio Tibiriça). No trevo do Km 45,5 da SP 31, vire à esquerda em direção a SP 122 (Adib Chamas). Depois de passar por Rio Grande da Serra, siga por mais 7Km até chegar a Paranapiacaba;
  • De ônibus: Não é lá muito fácil se chegar de ônibus a Paranapiacaba. Os ônibus da Viação Ribeirão (linha 040) partem de Santo André (Terminal Rodoviário Prefeito Saladino) rumo a Rio Grande da Serra a cada 30 minutos. A viagem tem a duração de aproximadamente 2h. Em Rio Grande da Serra é preciso tomar outro ônibus que vai até a “Parte Alta” da vila de Paranapiacaba. O percurso é feito em 25 minutos. De 2ª à 6ª, os ônibus parte de hora em hora (sempre nas meias-horas) e nos fins de semana e feriados de meia em meia hora.Mais informações sobre horários e valores dos ônîbus, clique aqui;
  • De trem (comum): Os trens da CPTM (Linha 10 – Turquesa) partem da Estação do Brás em direção à cidade de Rio Grande da Serra. A viagem tem a duração de 50 minutos e o intervalo de partida dos trens varia conforme o período do dia, mais informações, clique aqui. Em Rio Grande da Serra é preciso tomar outro ônibus que vai até a “Parte Alta” da vila de Paranapiacaba. De 2ª à 6ª, os ônibus parte de hora em hora (sempre nas meias-horas) e nos fins de semana e feriados de meia em meia hora.Mais informações sobre horários e valores dos ônîbus, clique aqui;
  • De trem (Expresso Turístico): A viagem só é oferecida aos domingos (com

    Chegada do Expresso Turístico à Paranapiacaba[/img]

    exceção do segundo domingo do mês) e é realizada por uma composição totalmente reformada (dois vagões de aço inoxidável fabricados no Brasil na década de 50 e tracionados por uma locomotiva da mesma época). O trem parte da Estação da Luz às 8h30 e faz uma parada na Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André, às 9h. O embarque pode ser realizado em qualquer das duas estações, com tarifa diferenciada. Durante o percurso, monitores dão informações históricas sobre a ferrovia e as estações por onde o trem passa. O trem parte de Paranapiacaba em direção à São Paulo às 16h30. O percurso de 48km é realizado em 1h30. Mais informações sobre datas e passagens, clique aqui;

Se você é do tipo que gosta de uma boa aventura (de carro ou de moto), vale a pena arriscar este outro trajeto sugerido pelo Rogério Toledo Arruda:

  • “Partindo de Mogi das Cruzes, seguir pela Rodovia Mogi-Bertioga até a entrada para Taiaçupeba, no km 63. Entrar à direita, rumo a esse distrito mogiano. A estrada é bem asfaltada e bonita. Seguir até o trevo de Barroso, no km 75, onde há sinalização, e entrar à direita. Desse trevo em diante a estrada fica estreita, mas continua asfaltada. Após o Barroso (bairro de apenas uma rua de 200 metros) seguir em frente até o primeiro trevo, no km 58, (onde não há placas), e entrar à esquerda rumo a Furnas (usina hidroelétrica). A estrada também é asfaltada e bonita. De Furnas em diante a estrada é de terra, por entre sítios e fazendas. Logo após uma pequena ponte sobre um riacho, entrar à esquerda. Há poucas placas indicativas, mas perguntando-se aqui e ali, chega-se à Fazenda Taquaruçu e, desta, atinge-se a Parte Baixa, cerca de 2 km adiante. De Mogi a Paranapiacaba, devagar, e perguntando quando necessário, leva-se cerca de 1h e 30min a, no máximo, 2 horas.” (Retirado de www.avilainglesa.com)

Eu fui a Paranapiacaba em Setembro de 2012 com alguns amigos e optamos pelo expresso turístico. Quer saber como foi? Clique aqui.

O QUE FAZER?
Vista da Serra do Mar[/img]

Além dessas opções, o simples fato de caminhar pelas ruas planejadas do vilarejo, conversar com antigos moradores, admirar a paisagem e imaginar como era a vida naquele lugar nas décadas de 30 ou 40, é, sem dúvida alguma, uma aventura fascinante.

Três eventos também já fazem parte do calendário de Paranapiacaba: o Festival do Cambuci, no mês de abril; o Encontro das Bruxas, em maio; e o Festival de Inverno, em julho, com apresentação de alguns dos melhores nomes da MPB.

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