‘Participar é o que renova a gente’, diz analista de 63 anos que recupera praças
No início deste ano, o analista de educação ambiental Valter Medeiros Dantas, 63 anos, recebeu um convite: juntar-se a alguns amigos e começar a dar um trato nos espaços públicos de Guarulhos (Grande São Paulo), onde mora.
As praças e os parques da região, como os de qualquer outra cidade grande, precisavam de reparos. Cerca de 20 moradores decidiram se unir, retirar e separar resíduos, plantar árvores, varrer e conversar com a vizinhança sobre o que fazer para melhorar os espaços.
Nascia o grupo Zeladores Urbanos de Guarulhos, que atua principalmente em três bairros: Gopoúva, Jardim Tranquilidade e Vila Augusta. “O objetivo é intervir nos pontos próximos das moradias dos participantes em que o poder público demora a chegar. Não queremos substituir o governo. Nossa ação é fazer com que a população se engaje e ajude na melhoria das praças e no respeito aos espaços públicos”, diz Valter.
Os Zeladores criaram uma metodologia de intervenção, e as ações são feitas sempre aos finais de semana, com a duração de três horas a três horas e meia. A participação de moradores das áreas é frequente, conta ele: “As pessoas observam o que está acontecendo, não entendem, alguns devem imaginar que somos um grupo de ‘malucos belezas’ e vão nos perguntar o que está havendo. Muitos colaboram”.
Além de deixar o ambiente mais arrumado, eles também mapeiam demandas formais para levar às autoridades, como orelhões danificados e problemas estruturais das áreas.
Quando não está ajudando a melhorar os espaços públicos da cidade, muito provavelmente Valter estará em Itaquera, acompanhando o Corinthians. “É um amor inexplicável. Meu time representa uma das minhas grandes paixões, depois das minhas filhas”, trata de esclarecer.
Há quatro anos, sua filha do segundo casamento, então com 10 anos, decidiu ir morar com o pai. “Foi quando eu me tornei ‘pãe’. É uma responsabilidade muito grande. Minha relação com minhas filhas é muito boa, e, com a mais nova, estou passando agora pela fase da adolescência, quando temos de presenciar o presente com a experiência do passado. Procuro dar senso de obrigação e cidadania a ela.”
Recentemente, Valter assumiu outro papel: colaborar com a comissão de formatura da filha caçula. “Sempre participo de alguma coisa e contribuo com o que posso. É o que renova a gente.”