Sabesp reduz em R$ 138 milhões gasto com despoluição do rio Tietê
O valor investido pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) no projeto de despoluição do rio Tietê caiu 36% entre 2014 e 2015. No período, o gasto anual com a recuperação do rio mais extenso do Estado recuou de R$ 516 milhões para R$ 378 milhões, uma diferença de R$ 138 milhões.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo por meio de dados da Sabesp obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
A queda no investimento se deu no ano que a Fundação SOS Mata Atlântica apontou, por meio de relatório divulgado em setembro, que a mancha de poluição do Tietê mais que dobrou, saltando de 71 km para 154,7 km, entre setembro de 2014 e agosto de 2015. Essa ONG acompanha anualmente os indicadores do projeto de despoluição. Em 1993, no início do programa, essa mancha era de 530 km.
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A mancha de poluição é o que o trecho “morto” do rio, no qual não há ou existe uma fração muito pequena (de até 1,5 miligrama por litro) de oxigênio dissolvido. Para ter vida, esse índice deve variar de 4 a 10 miligramas de oxigênio por litro, segundo especialistas.
Ainda de acordo com o relatório da Fundação SOS Mata Atlântica, com o aumento expressivo da mancha de poluição no ano passado, o trecho “morto” do Tietê voltou a abranger cidades localizadas fora da Grande São Paulo. Em 2014, ela se restringia à região entra Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. Um ano depois, ela começava em Mogi das Cruzes e se estendia até Cabreúva, perto de Jundiaí.
Com crise hídrica, investimento foi interrompido, diz especialista
O ano de 2015 registrou uma interrupção na tendência de alta do investimento anual na despoluição do Tietê. Segundo a Sabesp, entre 2011 e 2014, o valor destinado à recuperação do cresceu ano após ano. (Veja o detalhamento desses dados.)
Na avaliação do engenheiro Julio Cequeira Cesar Neto, ex-professor de hidráulica e saneamento da Escola Politécnica da USP, a queda no gasto com a despoluição do rio “está diretamente ligada à crise hídrica”, que produziu seus efeitos mais intensos entre meados de 2014 e o início de 2015, com registro de casos de falta de água em toda a região metropolitana de São Paulo.
“Com a crise [hídrica], a Sabesp praticamente cortou o investimento no serviço de coleta e tratamento de esgoto”, explica o especialista.