Samba em Rede debate: qual e a diferença entre samba e pagode?
Pagode e samba são sub-gêneros da música brasileira em constante conflito. Seria o pagode uma vertente do samba? Há quem diga que um não tem nada a ver com o outro. Para entender a relação entre eles, o Samba em Rede selecionou publicações nas quais dois pesquisadores musicais falam sobre a origem do pagode e suas transformações.
Segundo o historiador da música brasileira José Tinhorão, em uma entrevista concedida para o Roda Viva, conta que descobriu a palavra pagode em uma peça do teatrólogo e escritor português Jorge Ferreira de Vasconcelos (1515-1585), com o sentido de lugar onde se vai para brincar e fazer música.
Explica que o termo “pagode” reaparece no Brasil na década de 1960, nomeando um ritmo feito na viola de uma forma um pouco acelerada. Simultaneamente, no Rio de Janeiro, surge o pagode dos grupos que pretendiam fazer uma espécie de samba de partido alto, na base do estribilho de dois versos. O pagode atual, no entanto, transformou-se em um samba diluído, sem conteúdo, fabricado pela indústria cultural na área da música popular para vender.
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O pesquisador Euclides Amaral conta em seu livro “Alguns aspectos da MPB” que o pagode aparece no Rio no final da década de 1970 e início da década seguinte, como um tipo de manifestação espontânea de aglutinação de sambistas em vários pontos dos subúrbios. A exemplo disto, entre diversos locais, cita a famosa quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos.
“Na ‘linha de frente’ desse movimento, ainda que alguns não tivessem consciência de tal importância, destacavam-se Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Vila e Nei Lopes (…). O ‘pagode’ é mais uma forma sob a qual ‘reaparece’ o samba (…) e tem basicamente duas vertentes: uma mais ligada ao partido alto e uma outra, mais conhecida como ‘pagode comercial’.
O pagode comercial, uma mistura de jovem guarda com pandeiro ao fundo, foi um fenômeno no Brasil que levou à venda de milhões de discos de certos grupos e artistas, principalmente mineiros, paulistas e cariocas. As composições – talvez as que geram polêmica quando o debate é a diferença entre samba e pagode; é que são de “baixo nível melódico e de letras açucaradas e de poética primária.”.