Série dá visibilidade a personagens em situação de rua da Praça da Sé
Criado pelo jovem fotógrafo, arte educador e estudante de artes visuais brasileiro Alef Hassan Ghosn (20), “Os invisíveis” é um projeto fotográfico que retrata os “invisíveis” da Praça da Sé – personagens que estão em situação de rua e acabam por viver no marco zero da cidade de São Paulo.
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André, de aproximadamente 30 anos. O conheci quando passava pelos arredores da estação da Sé, e fui abordado por ele pedindo uma foto. Eu sorri e disse que sim. “Não faz careta pra fotografar”. Não adiantou, André fez!
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Ednalva, 30 anos, mal conseguiu completar o nome. Segurava nas mãos uma bebida qualquer, e apoiava no colo uma outra garrafa. Ela tinha uma coroa de arbusto ainda verde na cabeça, e me sorriu desfalecida quando perguntei se podia fotografá-la. Conversamos um pouco mais e ela me disse morar na Sé há cerca de 2 anos. “Sou sozinha no mundo”, disse Ednalva. Nunca mais a vi.
José, de aproximadamente 62 anos, morador da Sé há cerca de 10, tem Diabetes, pressão alta, e diz ficar emocionado quando alguém aparece pra visitá-lo. Se emocionou quando o entrevistei e não hesitou em ser fotografado. ‘As pessoas passam por aqui e quase pisam em mim’. Prometi a José revelar sua foto e levar pra ele.
Josefa, 40 anos, carregava consigo uma bolsa pequena, cheia de cadernos e fotografias. Disse que eu seria um outro repórter a fotografá-la. Mostrou-me então algumas de suas fotografias, sempre sorridentes que denotavam o tempo de alforria dos dias tristes. “Usava vestido quando queria, paguei um moço pra me tirar esta foto”. Na foto, Josefa segurava a mesma bolsa que abria naquele momento. “Tudo o que você tem cabe nessa bolsa?”, perguntei. “Sim!”, ela respondeu. Prometi, então, voltar com seu retrato para que ela colocasse junto de sua coleção.
Luis Antônio, aproximadamente 40 anos e, segundo ele, residente da zona Sul de São Paulo. Tem mulher e filho que encontra esporadicamente na semana. Sua mulher leciona na USP, e ele assiste palestras todas as quartas. Luis diz se contentar com pouco, por isso a opção de viver na rua.
Maria, 40 anos, moradora do entorno da Sé, se mostrou uma moça pacífica, gentil, e que carrega um brilho nos olhos que quase transborda. Não tem filhos e vive com seu companheiro, próximo ao marco zero da cidade.
Natalino, 40 anos, moço sorridente. Morador da Praça da Sé há cerca de 8 anos. É companheiro de Maria, que por sua vez, vive no local há cerca de 4. Saem juntos pra se abrigar onde o tempo deixa, pedem ajuda a quem passa e, vez ou outra, a única alternativa da noite é dormir e esperar a fome passar. Os dois parecem se gostar muito. Natalino faz aniversário nas vésperas do Natal, daí seu nome.
Roselene, 42 anos, mora há cerca de 12 no centro, ao lado da grande escadaria da Catedral. Conversando com Rosilene consegui descobrir o quão gratificante é saber da existência do outro. “Ergo a mão sempre que posso, tem gente que para, mas tem gente que vai embora e eu nunca mais vejo”, disse emocionada. Hoje voltei ao mesmo lugar e mostrei a foto que tirei de Roselene. Perguntei, então, se ela se lembrava de mim. Balançou a cabeça e disse que sim. Olhamos-nos por mais 3 minutos e ela sorriu.