Topografias Aéreas: uma fábula sobre poleiros e Artistas

A exposição “Topografia aérea: uma fábula sobre poleiros e artistas” é a última etapa do projeto homônimo patrocinado pelo edital Rede Nacional Funarte de Artes Visuais (9ª edição). O projeto teve início em abril, quando se reuniram na Fazenda Fortaleza (município de Cumari – GO) os artistas, arquitetos, designers e geógrafos  Ana Reis (MG/ GO), Thiago Costa (SP/ MG), Maicyra Leão (SE/ BA/ Alemanha), Cristiano Piton (BA), Tiago Ribeiro (BA), Glayson Arcanjo (MG/ GO), Pedro Britto (SP/ BA), Cacá Fonseca (GO/ BA) e Renata Marquez (MG).

A partir do dia 2 de novembro, a mostra começa a circular por quatro capitais brasileiras. Belo Horizonte (MG) é a primeira cidade a receber as obras. Depois, a exposição segue para Salvador, de 11 a 14 de novembro; Aracaju, entre os dias 18 e 22; e Goiânia, de 27 de novembro a 1º de dezembro.

Durante 19 dias, instaurou-se um processo criativo coletivo a partir de duas frentes de ações: um atelier e uma residência, que explorou diferentes acepções de poleiro, abarcando desde o sentido da domesticidade, da casa, do íntimo, até o sentido do pouso, do descanso, do sono. Afloramentos do espaço remetidos à pausa, à permanência duradoura, à estação intermediária para acolhimento frente às grandes travessias.

O atelier e a residência pousaram sobre as instalações da fazenda, que se encontravam num estado de indistinção entre a inoperância, o sucateamento, o arruinamento, o abandono e o envelhecimento. As topografias aéreas e a fabulação enquanto horizontes estéticos acionaram os testemunhos destes estados, o último vestido abandonado no mofo do armário, as serras e correias atracadas à ferrugem da serraria desativada, o mobiliário manco, a argila em latência, a motosserra ociosa, a ruína de uma tapera, as rodas de arado relegadas à solidão inerte do quintal; ativaram campo sujo e campo limpo, bambuzal, rio, mina, pontilhão ferroviário, garagem, galpões; e imantaram a memória desta adversidade com outras territorialidades, outras paisagens, de intensidades estéticas aí infiltradas pela possibilidade do pouso e da permanência.