Viajando para a Grécia? Que tal visitar os Bálcãs?

21/05/2015 15:53 / Atualizado em 06/05/2020 21:24

A Grécia por muitas razões é um dos países mais visitados da Europa, mas não são todos os viajantes nesse país maravilhoso que decidem explorar a região de tirar o fôlego ao seu redor. Aqui eu direi como ir da Grécia a Montenegro de ônibus ( e com emoção).

Bem, eu passei 4 semanas viajando pelos Bálcãs e com certeza foi a melhor decisão que tomei quando saí da Irlanda em busca de um lugar legal e barato para ir. Comecei em Thessaloniki, Grécia (conhecida em português como Salônica).

Cidade incrível, bonita, com comida boa e barata (lembro de ter pago 0,30 de euro numa garrafa de água, e 4 euros por uma ótima refeição caseira). As pessoas dizem que Thessaloniki não é realmente Grécia, mas o que elas querem dizer na real é que não é o que se imagina ou espera da Grécia. Claro que você encontrará história e ruínas em cada esquina, mas a atmosfera é diferente daquela das cidades mais visitadas na Grécia continental. É um lugar um tanto alternativo para se viajar, as pessoas são muito amigáveis e não há muitos turistas (como na capital, por exemplo). Ouvi dizer que as pessoas frequentemente ficam entediadas em Atenas (não aconteceu comigo), mas Thessaloniki é com certeza um lugar onde você nunca ficará entediado.

A segunda maior cidade da Grécia, a apenas algumas horas da Turquia, Bulgária e Macedônia, é um lugar um tanto jovem (não em idade haha), cheia de universitários e boas opções para curtir a noite. Mas sinceramente, eu estava mais interessada nos mercados de rua e em conversar com os velhos que me paravam para papear em muitas ocasiões. Mas esse tópico não é sobre Thessaloniki, é que eu realmente fico animada quando começo a falar sobre esse lugar haha.

De Thessaloniki eu fui para um lugar inacreditável no centro da Grécia chamado Meteora. É uma área rochosa perto de muitos vilarejos, o maior é Kalambaka, e claro, tudo lá é barato também. Apesar de ser lindo e quase místico, lá também não há muitos turistas ainda (mas está ficando cada vez mais famoso). É mais interessante se você for caminhando com o guia em vez de pegar um ônibus para visitar os monastérios no topo das rochas, mas claro, o ônibus é sempre uma opção.

Atenas é um lugar onde eu recomendo que você procure alguém no Couchsurfing para sair. Eles falam inglês muito bem no geral, e claro, para fugir dos lugares mais óbvios e conhecidos. Na real, as pessoas só ficam entediadas lá porque não saem com os gregos, é impossível ficar entediado com eles.

Os turistas também reclamam da “bagunça” em Atenas, das pessoas e cachorros de rua (sim, cachorros, já ouvi essa reclamação), da pobreza, pedintes e tudo que se relaciona. Eu entendo que existem pessoas que gostam de se sentirem seguras e fecham os olhos para tudo que as fazem sentir mal ou desconfortáveis, mas se você é assim, existem apenas alguns poucos lugares no mundo que você gostará de visitar. Eu já morei no Rio de Janeiro e São Paulo, então nesse aspecto Atenas não foi um grande desafio.

O caro na Grécia é ir para as ilhas. Eu fui para Naxos e não me arrependo, mas gastei muito dinheiro. O por do sol é perfeito, e dizem que foi onde Zeus passou sua infância. Lá eu conheci um marinheiro muito velho que tentou me explicar o significado de “Hellas” (Grécia, em grego), e eu vou te dizer, se você viajar para lá só para descobrir esse significado já valeu a pena a viagem. Faz com que a gente reflita sobre a vida. Claro, isso só vale se você descobrir mais que a coisa relacionada ao helênico ou Helena de Troia, o significado é muito mais profundo que isso.

De volta a Atenas eu tinha um problema: queria ir para Montenegro, mas os vôos eram caros, assim como o trem (e contra-mão). Minha opção: ir para a Albânia (um lugar que eu já queria ir desde antes). Comprei uma passagem de ônibus de Atenas para Tirana, levou 12 horas e custou 20 euros! O que eu mais me arrependo nessa viagem toda foi de não ficar alguns dias na Albânia. Conheci muitos albaneses no ônibus (na verdade todos os passageiros eram albaneses, eu era a única “forasteira” lá), e não podia me comunicar com eles porque ninguém falava inglês. Mas mesmo não entendendo uma palavra do que eu falava, eles tentaram me ajudar, e um deles, inclusive, me levou para o lugar que eu precisava ir no centro da cidade e ligou para um amigo que falava inglês ir até lá onde estávamos para tentar entender o que eu estava precisando.

Uma coisa importante para saber sobre Tirana: não há parada de ônibus, então se o motorista não falar inglês, você não saberá exatamente onde estará. É, não é fácil ir para um lugar onde ninguém fala inglês e você não tem ideia de qual direção deve tomar, mas ainda assim, vá para a Albânia!! Alguns deles falam italiano e também grego. Meu italiano está longe de ser fluente, mas pelo fato de minha língua mãe ser também uma língua neo latina, eu conseguia entender algumas palavras do que diziam e eles também me entendiam alguma coisa ou outra em português. (Sim, louco, eles entendem melhor português que inglês!!).

Você também deve saber que, se você pega o ônibus da noite para ir dormindo, nesse país você não vai conseguir, nego! O ônibus que peguei de Atenas para Tirana estava cheio, sem lugar livre. Partimos às 19h e chegamos por volta das 7h da manhã, e foi simplesmente impossível dormir!! Durante a noite os albaneses com quem eu estava viajando faziam de tudo no ônibus, menos dormir. Todo mundo falava alto, crianças choravam muito. Eu me peguei me questionando se eles estavam vendendo alguma coisa, parecia um mercado de rua. Não tinha lugares certos para sentar, então decidi ficar no meio do ônibus, mas o motorista veio e perguntou “Brasiliana?”, então me disse (ele falava inglês) que eu tinha que sentar no primeiro banco, com ele e o motorista ajudante, que trocava de lugar com ele durante a noite. Como o ajudante estava no banco ao meu lado, ele me deu todos os passaportes dos passageiros para segurar, e eu tive que ajudá-lo enquanto preenchia papéis com vários nomes de números dos documentos. Quando eu achei que iria finalmente dormir, um homem veio com um copo de café para mim e disse que aquilo era para eu não dormir. Eu aceitei e ele me ajudou muito quando chegamos em Tirana, estava realmente preocupado comigo me perdendo pela capital.

Julho passado, quando eu fiz essa viagem, não havia muita informação sobre a Albania na internet. Se você pesquisar agora, vai encontrar muito mais mochileiros falando sobre isso agora que na época em que eu estava lá. Está se tornando mais turístico, então se você não gosta de turistas, se apresse! Em alguns anos aquele lugar estará cheio deles.

Eu passei 6 horas em Tirana esperando pelo transfer para Montenegro. Andei por todo o centro da cidade e tive uma impressão um tanto peculiar da capital. É bem colorida e o museu é muito legal. É tipo o museu menos neutro do mundo, contava sobre o quão valente, forte e heroica a Albânia tem sido ao longo dos séculos. Importante: uma vez fora da Albânia é muito, muito difícil trocar o lek (a moeda deles). Eu tentei em Montenegro, Bósnia e Croácia e nada… só fui conseguir trocar em Roma, do outro lado do mar.

O transfer custou 30 euros. Você pode encontrá-lo aqui e aqui . Levou cerca de 5 horas. Infelizmente não há ônibus da Albânia para Montenegro. Procurei uma forma alternativa de ir, mas não havia muita informação online que ajudasse, e como eu disse, era difícil me comunicar com os albaneses e durante a viagem na Grécia eu não encontrei ninguém que tivesse visitado a Albânia, ou seja, totalmente desprovida de informações.

Uma vez em Montenegro, se você é um caroneiro, não terá problemas, encontrei vários deles viajando por lá. Você terá problemas apenas se quem te der carona não falar inglês e se você não falar a língua deles, mas para algumas pessoas isso não é um problema. Você pode sempre usar suas mãos e conversar por mímica =) De lá eu viajei para a Bósnia e Croácia de ônibus e não consigo me lembrar quanto paguei, mas me recordo que foi quase o mesmo preço de Atenas para Tirana.

Ao menos eu tenho certeza de algo: eu quero voltar para a Albânia e passar algumas semanas por lá. E se você tiver a oportunidade, vá para os Balcãs! Bonito, barato e muito amigável.