Viajar, morar fora e coisas que você descobre sobre você mesmo

06/01/2016 13:56 / Atualizado em 07/05/2020 01:50

A principal coisa que você vai descobrir é o quanto você ficou diferente, mas tem mais do que isso. André Sarli largou o certo no Brasil pelo incerto na Europa e escreve no blog Revoando.

Genebra, janeiro de 2016. Quase cinco meses de uma louca viagem em que eu joguei tudo pro alto, larguei um emprego estável de concursado e resolvi recomeçar a vida na Suíça mesmo sem ser rico e sem ter grana suficiente para a manobra. Mas eu tô aqui e é isso que importa.

Muita gente já fez isso antes de mim, de maneiras extremamente diferentes, mas com vários resultados semelhantes. Não que o que eu vá dizer aqui seja exclusivo de quem mora –é mais pronunciado, é verdade, mas se você é um viajante que fica um bom tempo longe de casa certamente pode se reconhecer.

A tônica principal disso, e todas as coisas que você vai se descobrir vem dessa atitude, é a de fugir da zona de conforto. Sair da caixinha, pensar fora do nosso quadrado – é como você largar a pele de cobra, que foi você e não é mais. É como sonhar e ver o seu próprio corpo. Você vai, irremediavelmente, descobrir muitas coisas sobre você.

1– A principal delas – eu, você, somos pessoas bem diferentes daquelas que éramos antes de viajar ou de morar fora. Você mudou de ambiente, mudou de vida, e teve que se adaptar, e isso muda todos os seus hábitos e te faz repensar tudo o que você era. Por que para efetivamente sair da zona de conforto, você vai trocar de pele. E isso pode doer no começo, mas depois vale a pena.

Aqui eu tive que me virar em dois para fazer várias coisas funcionarem, algo que começou alguns meses antes de eu vir para cá. E é até engraçado quando eu converso comigo mesmo – não, não sou esquizofrênico, estou falando de ler as coisas que eu escrevi e o que eu produzi, por exemplo, para me dar conta de o quanto estou diferente.

2 – Descobri que ser brasileiro me define. Para o bem e para o mal. No Brasil a gente pensa que todo mundo é igual e que nós somos todos malandros. Fora da terrinha a gente se dá conta de como somos diferentes, mas os estrangeiros nos colocam todos no mesmo balaio de gato. Muita gente fala de mim como “o cara brasileiro”, o que é comum, claro. Normalmente é a nossa característica mais marcante a que fica como pecha.

Mas me descobri brasileiro com as diferenças culturais. Eu sou introvertido e ainda assim, mais amigável e extrovertido que a maioria das outras nações. Eu sinto falta de pão de queijo e brigadeiro e do fato de poder acordar e tomar pingado com pão na chapa na padaria.

3 – Envelhecer é relativo. Me dou cada vez mais conta que uma mente dinâmica dura muito mais. Deixei de me acomodar com uma estabilidade relativa e agora me sinto muito mais vivo. Eu não tenho a mesma idade que os alunos do meu curso, e isso quer dizer entre 3 a 8 anos a mais, mas de forma alguma eu me sinto velho. Lutar novamente me faz sentir renovado.

Confira o resto no blog Revoando.