Viajar sozinho, em dupla ou em grupo?
O blog Instinto Viajante desmembrou as vantagens e desvantagens de cada tipo de viagem, da individual à coletiva, destacando os pontos positivos e negativos de cada uma.
Viajar sozinho
– Viajar sozinho é bom para refletir
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A algumas semanas fiz a volta completa em Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ). Completei essa trip solitário, andando mais de 100 km e ficando completamente sozinho na maior parte do tempo. Apenas eu e os sons da natureza.
Para mim essa sensação foi nova e extremamente engrandecedora. Pensei bastante em diversas esferas da minha vida, desde a sentimental até a profissional. A cada nova conquista, a cada novo pedaço de paraíso que vislumbrava sorria feliz, sozinho e o silêncio prevalecia. Segundos depois pensava na família, pessoas que gosto, amigos e no amor da minha vida. Pensava muito em tudo e inexplicavelmente tudo fluía de uma maneira muito intensa, difícil de se traduzir em palavras. Refletir sobre meus próprios defeitos foi muito mais fácil quando estive sozinho.
As praias, as alegrias, os perrengues, as dores, o cansaço, o suor, o peso, tudo isso se mesclava em uma erupção de sentimentos e sensações que davam mais vida a viagem e a mim mesmo. Tudo muito intenso, parecendo um efeito inebriante de algum entorpecente.
– Viajar sozinho é bom para a auto-estima
Até por uma questão de sobrevivência sua e da sua aventura a sua criatividade terá que funcionar. Viajar sozinho significa ter criatividade para alcançar seus objetivos, dos mais simples aos mais complexos, e de resolver imprevistos que surgirão pelo caminho. Você estará estimulando frequentemente sua criatividade. Em Ilha Grande, viajando apenas com saco de dormir, entrei em uma varanda de uma casa com placa de “aluga-se” correndo para escapar de uma tempestade, sabia que ali não haveria ninguém por conta da placa e seria um abrigo seguro.
– Viajar sozinho é um catalizador social
Amigos pelo caminho, em Ilha Grande/RJ[/img]
Outro ponto extremamente positivo é que sozinho nos pomos muito mais abertos a novas amizades. Às vezes, quando estamos entre amigos, não damos aberturas para outros círculos sociais. Sozinho isso não acontece, mesmo que você não vá até as pessoas, eventualmente outras pessoas virão até você de forma natural e frequente.
A solidão também nos torna mais humildes, talvez por se estar sozinho e de alguma forma se sentir mais desprotegido. Talvez por poder ter tempo de analisar e refletir sobre outras pessoas a nossa volta.
– Viajar sozinho te faz senhor do tempo e destino
Pequeno acidente em Trindade/RJ[/img]
Como falei essa experiência foi fantástica e recomendo a todos senti-la ao menos uma vez. Mas há também os pontos menos românticos.
Se eventualmente você sofre um acidente precisará manter a calma em meio a uma situação delicada que pode chegar ao desespero; quando estabelecer sua calma chegará a hora de se auto-medicar ou de ter forças de ir até algum lugar próximo. Se o desânimo bater e você não superar, uma espiral negativa pode fazer com que sua caminhada termine onde quer que esteja e uma baixa estima pode ser extremamente perigosa.
Caminhando sozinho não há quem te ponha para cima, além de você mesmo, quando desanimar.
Viajar em dupla
– Viajar em dupla fortalece a amizade
Sem dúvidas uma das grandes vantagens de se estar com um amigo é que vocês sofrerão os perrengues juntos, curtirão as novas emoções juntos e terão que se ajudar em vários momentos da viagem para o bem de ambos. Essa reciprocidade, o sentimento de ter alguém com quem conversar e estar junto, se sentindo seguro, aumenta significativamente os laços de amizades que já têm ou mesmo os criam onde ainda não há.
– Viajar em dupla torna a motivação mais fácil
Em dupla as variações de humor, motivação e perseverança podem ser controladas pelo parceiro e mudar de lado em diversos momentos. Se um não está bem não é raro que o outro esteja bem para segurar aquela barra temporária e manter o moral do amigo elevado e firme. O fator motivacional é bem mais fácil de controlar e manter elevado quando se está em dupla em relação a estar só.
– Viajar em dupla prejudica menos a interação
Viajar em dupla não obriga as relações sociais tanto quanto se estar só, mas ainda assim mantém grandes chances de interação. Em alguns casos fica mais fácil interagir quando se está em dupla, pois há a garantia de que ao menos um amigo estará presente para quebrar o gelo em determinadas situações.
– Viajar em dupla tornam as discussões menos frequentes
Diferente de quando se está sozinho, é preciso haver diálogo para definir os passos da trip. Mas isso não chega a ser um tormento, pois é muito mais simples resolver as questões em uma conversa entre duas pessoas do que em grupos maiores.
– Viajar em dupla diminui os riscos
Para uma questão de emergência ou acidente, duas pessoas ainda pode ser pouco, mas convenhamos que estar com um parceiro pode aumentar consideravelmente as chances de que tudo termine bem e que vocês possam debochar da situação anos depois em uma roda de bar.
Viajar em grupo
Viajar em grupo: motivação a mais. Foto: Ocircuito.com[/img]
Seja pela chance maior de ter um amigo que se preocupe mais com sua situação momentânea e encoste do seu lado para dar uma moral ou seja pelo mais bem preparado do grupo que sempre está a frente nas situações, a sua motivação pode vir de vários lugares quando se está acolhido por um grupo. Se o grupo é mais imbuído, obviamente tudo se torna mais fácil e a motivação vem. Porém em alguns casos, grupos não tão coesos podem fazer com que o pouco que lhe resta de auto-estima vá por água abaixo sejam através de brincadeiras ou simplesmente críticas.
– Viajar em grupo tornam as discussões bem mais frequentes
Esse é disparado o pior ponto em se tratando de uma viagem em grupo. Qualquer decisão pode ser um transtorno, desde qual praia visitar até um lugar para almoçar. Esse fator normalmente é um saco, principalmente para pessoas que como eu tentam incentivar que fiquem todos juntos. Normalmente o grupo se divide ou alguém reclama da decisão durante um bom tempo. Com muita sorte todos ficam bem e juntos.
– Viajar em grupo diminui as interações sociais
Viajar em grupo diminui consideravelmente as chances de interação. Isso, pois, você acaba se dedicando ao seu grupo de amigos em detrimento de pessoas desconhecidas. Quando se está em grupo dificilmente você precisa recorrer a ajuda de outras pessoas. E, por fim, grupos de pessoas são mais fáceis de causar aversão ou repulsas de outras pessoas ou grupos, são naturalmente vistos de forma menos amigável do que um sujeito sozinho que não tenha cara de psicopata.
– Viajar em grupo significa ser a festa onde quer que esteja
Um outro lado do item anterior é que em grupo quem faz a festa é o grupo. Um grupo pode viajar para lugares inóspitos, desanimados e chatos e ainda assim se divertir aos montes só pelo simples fato de se estar entre bons amigos.
– Viajar em grupo diminui muito os riscos
Talvez o fator mais positivo de se estar em grupo seja este. Viajar em grupo diminui muito as chances de que um problema seja mais grave ou venha a encerrar sua trip. Num eventual acidente ou situação de emergência seus amigos terão muito mais chances de minimizar os problemas e se ajudarem, como aconteceu comigo no meu acidente na Bolívia.
Bom, estes são os pontos que considero principais em viagens solitárias, em dupla ou grupais. Eu, particularmente, prefiro as viagens solitárias ou em duplas para viagens curtas ou longas, e as grupais para viagens curtas de feriados prolongados, férias ou fins de semana. O que é um senso comum entre todas elas é que nunca devemos deixar de viajar. Viajar é preciso, viver não é preciso.
E você, prefere viajar sozinho, em dupla ou em grupos? Veja mais artigos como este no blog Instinto Viajante.
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