Visitar a Capadócia é voltar para casa cheia de boas lembranças

23/09/2014 00:12 / Atualizado em 06/05/2020 17:08

 
 
Agosto é o mês que eu e o Roy sempre escolhemos para tirar as nossas férias, na verdade, quase todo mundo faz isso aqui pela Europa para poder aproveitar o verão.

Nesse ano, como vocês já sabem, escolhemos o Cairo (veja o post), Istambul (veja o post) e Capadócia. Sem querer, fizemos a programação perfeita, começamos pelo lugar mais cansativo, o Cairo, e fomos diminuindo o ritmo até chegarmos na Capadócia. Foi um roteiro bem puxado, tanto que voltamos para casa, o Roy com a coluna travada e eu com uma mega gripe, sem contar o piri piri assim que cheguei na Capadócia –nossa resistência foi lá para baixo…realmente aproveitamos todos os segundos e isso refletiu na nossa saúde, mas valeu MUITO a pena –viagem daquelas que abre a sua cabeça e te faz voltar para casa com muito mais conhecimento.

Depois de dias mega densos nas duas outras cidades, chegamos na Capadócia – acho que muitos estavam ansiosos por esse post, inclusive eu. Aprendi que Capadócia não é uma cidade, inclusive se você procurar no mapa não vai achar, ela é na verdade uma região que engloba as cidades de Göreme (onde geralmente as pessoas se hospedam), Uçhisar, Avanos, Ürgüp e as mais distantes e maiores Kayseri e Nevsehir. O nome Capadócia significa terra dos cavalos bonitos.

Capadócia é famosa por suas formações rochosas que são resultado de atividades vulcânicas de muitos e muitos anos atrás. As formas das rochas foram desenhadas pelo vento e chuvas, o resultado é simplesmente impressionante. Além de formarem uma paisagem bem bonita e única, essas rochas serviram de moradia no passado –verdadeiros condomínios naturais, arquitetura de primeira (rs)!

Assim que chegamos no pequeno aeroporto, já tinha uma van nos esperando. Contratamos todos os serviços de guias direto com o hotel –a agência que eles são parceiros é a Freelance Travel Turkey, não tenho do que reclamar…serviço impecável. Como tínhamos apenas dois dias inteiros, nos indicaram o tour green e o red (já contarei detalhes de cada um para vocês), além deles, fechamos a estrela do local – o voo de balão…IMPERDÍVEL!!! Acho que até dá para fazer todos os tours sem guia, mas precisa alugar uma motinho ou algo do tipo, já que algumas das atrações levam até uma hora de carro para chegar. Indico o serviço de guias, pelo conforto da van e por ter sempre alguém para te explicar a história do lugar – achamos que foi um dindin mega bem gasto.

Chegamos no hotel Shoestring Cave House, e foi a amor a primeira vista…totalmente o que eu esperava de um hotel por lá e além disso, limpo, atendentes mega simpáticos e para ficar tudo perfeito, nos colocaram num quarto lá no topo (era o mais alto dali), tínhamos uma varanda e uma vista linda (não entendemos o motivo desse quarto tão legal, talvez as pessoas não o queiram por terem que subir muitas escadas…sei lá o que aconteceu…só sei que amamos).

Olha ai que fofo o hotel e que delicinha a nossa varandinha. A última varanda, lá de cimão, era o nosso quarto – subir e descer com as malas foi um desafio.

 
 

Já era tarde, mas estávamos com fome, então descemos para a cidade para comer algo e já sentir a vibe do lugar. Uma cidadezinha com todas as delícias que caracterizam as cidades pequenas…a facilidade de fazer tudo a pé, pessoas passeando calmamente, povo simpático, muitos turistas mochileiros… enfim, tudo o que amamos e que estávamos realmente precisando naquele momento –um clima delicioso.

Comemos muito bem por lá… os pães e as coalhadas ficarão para sempre na minha memória de gordinha!!

No dia seguinte, acordamos às 4h da manhã para a nossa primeira tentativa de voar de balão –nesse momento eu ainda nem sabia que existia a possibilidade dele ser cancelado e inclusive de não conseguirmos fazê-lo nos outros dias e irmos embora sem vivenciar isso. Acordamos e fomos de van buscar os outros turistas em seus hotéis, ai fizemos uma parada numa casa onde nos serviram um café da manhã –que era melhor que o do nosso hotel (única coisa que não gostei do hotel)…esperamos até eles acharem que poderia rolar e ai fomos até um ponto da estrada onde também tinham outros balões.

Um frio, sorte que li num blog a dica de levar uma blusa, estávamos protegidos…o sol foi nascendo e nada de voarmos…até que o instrutor veio nos dizer que teríamos que cancelar. Voltamos chateados – no dia seguinte, faríamos uma nova tentativa (por isso, é bom marcar o balão logo no seu primeiro dia por lá, caso for cancelando, você tem outras chances de voar)…eu e o Roy chegamos no hotel e voltamos para cama…aproveitamos para dormir mais um pouco, pois ainda teríamos um dia de passeios pela frente.

Nove e pouquinho saímos para o nosso passeio…nossa van tinha 12 pessoas. A nossa guia fez todos se apresentarem, estávamos entre espanhóis, turcos, russa, colombiano, italianos e outro casal de brasileiros –claro, que alguns minutos depois já estávamos no maior papo com o casal brazuca. Além de serem de São Paulo, descobrimos que morávamos em bairros muito próximos e tínhamos amigos em comum (viva o Facebook)…pronto, parecia que nos conhecíamos há um tempão –casal gente fina d+!!!

No primeiro dia fizemos o Green Tour, que explora o sul da Capadócia. O passeio começa com uma parada pelo vale de onde temos uma vista linda da cidade de Goreme (Goreme Panorama), depois fomos para Selime, conhecemos também o Canion Ihlama –onde paramos para almoçar, fomos na cidade subterrânea de Derinkuyu, num fabricante de jóias e num mercadinho onde compramos umas balinhas que nem chegaram a conhecer Londres –estou com água na boca só de lembrar delas.

Abaixo o Goreme Panorama e o nosso jump da Capadócia…rs Até tentamos fazer outros, mas nessa o Roy travou a coluna…o negócio foi sério….não conseguia mais andar direito e até hoje sente as dores –meu velhinho.

Já em Selime, conhecemos uma das mais antigas catedrais cristãs da Capadócia e a maior esculpida na pedra do mundo. Aqui viviam monges, no séc 18, então é possível ver os locais onde dormiam, cozinhavam e estudavam. Cara, é impressionante ver como eles viviam!!! Para quem gosta desse tipo de turismo –como nós, super indico Matera (clique para ver o post), é bem isso….cavernas, igrejas nas cavernas….como lá foi o meu primeiro contato com esse mundo, para mim está na lista de viagens inesquecíveis, então indico mesmo!!!

Li que muçulmanos radicais colocaram fogo em alguns lugares daqui e por isso muitos têm manchas pretas nas paredes que inclusive impossibilitam que a gente veja as antigas pinturas religiosas.

Passeando pelos labirintos, a sensação é de estar num formigueiro gigante.

Fomos daqui direto para a Ihalara Canyon, o mais profundo e largo da Capadócia. Até que enfim vimos uma água…tudo é tão seco por lá…

Dizem que por aqui viviam mais de 80.000 pessoas e que existiam por volta de 100 igrejas. Andamos pelas margens do rio por volta de uns 2 km e paramos para almoçar num dos charmosos restaurantes por ali –foi bem gostoso.

 
 

Conhecemos também o Derinkuyu Underground City –oito andares de uma cidade inteira embaixo da terra e que foi aberta ao público em 1965…dos oito andares, menos da metade podem ser visitados…..meu Deus!! Por escadas estreitas e passagens que muitas vezes precisamos andar agachados, percorri alguns andares dessa cidade simplesmente incrível – falei no singular, porque o Roy não conseguiu abaixar por causa da coluna e parou numa parte do caminho.

Túneis e mais túneis com sistemas de ventilação criados por eles (mais de 15 mil no total), rochas usadas como portas que fechavam as passagens em caso de ataques inimigos e só podiam ser abertas por um único lado, adegas, estábulos, igrejas…enfim, um mundo para ser explorado.

São 36 cidades subterrâneas na Capadócia e essa aqui é a mais profunda.

No final do dia, já estávamos desejando o hotel, mas fizemos mais algumas paradas –vale das pombas, uma loja de jóias e o mercadinho.

 
 

Depois do merecido descanso, descemos para o centrinho para jantar. Nessa, descobrimos que a cidade estava comemorando a Revolução Turca que transformou o país numa república e expulsou todos os invasores dos terrirórios turcos. Como somos sortudos, tivemos a honra de ver a primeira edição do Festival de Dança Folclórica de Goreme (27 até 30 de Agosto) –várias cidades competindo, um show de verdade!!!

Fizeram até os turistas dançarem…eu me emocionei em vários momentos. Muito bonito!

No dia seguinte, advinhem? Acordamos às quatro da manhã e descemos para a recepção para esperarmos a van para mais uma tentativa de voar de balão. Esperamos, esperamos…esperamos e nada dela chegar. O cara da recepção simplesmente não remarcou o nosso voo…voltamos para cama putos da vida. Quando acordamos para partirmos para mais um dia de passeio, descobrimos que ninguém havia voado –foi mais uma vez cancelado. Devo assumir o meu lado mau… fiquei feliz internamente, ia estragar o meu dia se eu soubesse que rolou o voo e por um erro de comunicação, nós não estávamos lá. O problema disso, é que o dia seguinte seria a nossa última tentativa e corríamos o risco de voltarmos para casa sem conhecer a principal atração da cidade…..PÂNICO!!!

Hoje o nosso roteiro era o Red –passeio pelo norte da Capadócia, um novo guia veio nos buscar e com ele um novo grupo– dessa vez, sem amigos brasileiros : (, mas muitas japas fofinhas –adoooro!!

Primeira parada foi Uchisar Castle, ponto mais alto da Capadócia. Aqui uma pedra grandona, que chamam de castelo, com seus vários quartos e igrejinhas.

 
 
 

Daqui, partimos para o Museu a Céu Aberto de Goreme…muito legal!!! O museu é na verdade um complexo de igrejas e cavernas medievais pintadas e esculpidas, entre os anos 900 e 1200, por monges ortodoxos. Dá para passar horas rodando por ali…muitas histórias para serem descoberta.

O museu está na lista de Patrimônios da Unesco.

Gente, as pinturas são impressionantes, mas o que eu mais gostei foram as mesas de refeições…uma delas, inclusive, tinha até um desenho representando a Santa Ceia na parede…coisa mais linda.

Detalhe, o marido ainda com dor nas costa, eu andava e ele ficava de longe olhando –repito, crianças não façam esses pulos em casa!!

Fomos conhecer também Pasabag ou Vale dos Monges, onde vimos as curiosas rochas em formatos de chaminés…conhecidas como chaminés das fadas.

Toda essa beleza se deve ao trabalho de três vulcões localizados ali na região….eles transformaram o relevo da Capadócia num negócio único e lindo.

 
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Parada para o almoço…. O prato era aquele típico da turquia que fazem na jarra e depois na hora de servir precisam quebrá-la. Lembra que provamos em Istambul (clique para ver o post)? Na hora de quebrar a jarra, sobrou para mim…lá fui eu com toda a minha coordenação fazer a honras. Arrasei na martelada!!

Depois de bem alimentados, fomos conhecer uma fábrica de cerâmica e o Vale da Imaginação (onde as rochas fomam desenhos como camelo, mão, chapéu de Napoleão e mais alguns que os guias se esforçam para fazer com que a nossa imaginação alcance rsrs).

 
 

No vale, a minha imaginação me fez ver a mão, o camelo e uns fantasmas. O Roy não enxerga os fantasmas…. minha imaginação vai sempre muito além da dele, o que nem sempre é bom (rs).

Última parada antes de voltarmos para o hotel foi num vilarejo onde podíamos ver nas pedras os lugares onde no passavam criavam pombas que eram usadas para comunicação, pombas-correio…

Depois da nossa tradicional voltinha no centrinho a noite…capotamos no quarto. Vários dias acordando de madrugada estava nos matando. Ainda tínhamos mais um dia de tentativa de voar….estávamos com muito medo de não dar certo.

Preparem-se, vou entupir esse post com fotos de balões!! CONSEGUIMOS!!!

Fizemos todo o ritual dos outros dias – acordamos às 4h, rivemos a parade para o café….só que ai começou a rolar uma movimentação diferente. YES, tínhamos o OK para voar! Eu estava mega ansiosa… e foi IN CRÍ VEL! Fiquei com os olhos cheios de lágrimas pelo menos umas quatro vezes –foi uma das coisas mais legais que já fiz na vida…inesquecível!

As imagens vão mostrar um pouquinho do que foi…mas é bem pouquinho mesmo.

 
 
   
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 

Baloeiro que é baloeiro ganha medalha e tem que ser de ouro!!!

 
 

Depois, já no hotel, encontrei a minha mais nova amiga brasileira –não voamos no mesmo balão, mas se tinha rolado para mim, certeza que tinha para ela. Estávamos mega felizes, era nítido na nossa conversa que estávamos explodindo de alegria… Conseguimos e foi lindo!!!!

Nesse mesmo dia, arrumamos as malas para voltarmos para casa. Ufa, deu tudo certo! Fechamos com chave de ouro as nossas férias…conhecemos lugares incríveis, pessoas bacanas, histórias novas, culturas diferentes, novos sabores….enfim, recomendo d+ esse roteiro.

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