Cientistas usam proteína do abacaxi como cicatrizante natural
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um curativo, com bromelina, que é eficiente para tratar ferimentos, queimaduras e feridas ulcerativas
Ter um abacaxi nas mãos nem sempre é um problema. Pelo contrário, pode ser uma solução. Pelo menos no caso de um grupo de pesquisadores brasileiros, que descobriram que a propriedade anti-inflamatória da bromelina, proteína encontrada nessa fruta, a torna boa para fazer um cicatrizante natural usado em curativo para ferimentos e queimaduras.
Os cientistas da Universidade de Sorocaba (Uniso) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) experimentaram submergir membranas de nanocelulose bacteriana em uma solução contendo bromelina por 24 horas. O resultado foi o aumento, em nove vezes, na atividade antimicrobiana da nanocelulose bacteriana. O estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A nanocelulose bacteriana, que é a celulose sintetizada por bactérias em nanoestruturas, já vem sendo utilizada em diversas aplicações médicas, como enxertos e substitutos temporários de pele ou curativos no tratamento de lesões.
- Como o tamarindo pode reduzir a gordura no fígado de forma natural
- 4 medidas que ajudam a baixar a pressão arterial naturalmente
- Chá de salsa: seu aliado no combate a infecções urinárias
- Estudo descobre vitamina que é capaz de retardar avanço de câncer de próstata
Clique aqui e conheça o projeto As Melhores Soluções Sustentáveis
Como funciona o cicatrizante natural
Já a bromelina tem como característica a capacidade de remover células mortas do ferimento, acelerando a cicatrização. Além disso, ela também criou uma barreira protetora contra microrganismos, importante para evitar infecções. Essa proteção também potencializou outras atividades importantes para o processo de cicatrização, como o aumento de antioxidantes e da vascularização.
O novo curativo, que junta a bromelina com a nanocelulose bacteriana, pode ser produzido na forma de emplastro ou gel. Tanto a produção de bromelina como de nanocelulose bacteriana tiveram o custo barateado porque os cientistas usaram resíduos e sobras da indústria alimentícia, como cascas de abacaxi de empresas que produzem polpa de fruta.
De acordo com os pesquisadores, o novo curativo já passou pela primeira fase de desenvolvimento de um medicamento, feita em laboratório, para verificar se tem o efeito desejado e não é tóxico. A próxima fase será a de testes com animais. Os pesquisadores também querem criar novas parcerias e despertar o interesse de empresas para a produção em larga escala do novo curativo.
O resultado desse trabalho foi publicado em um artigo no periódico Scientific Reports (https://www.nature.com/articles/s41598-017-18271-4), do grupo Nature.
Leia também: Flores mecânicas atraem abelhas e ajudam na polinização
Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.