Criação de baratas é alternativa para eliminar lixo orgânico
Na cidade de Jinan, na China, os insetos são desenvolvidos em uma fazenda para dar fim a 15 toneladas de restos de comida por dia
Para muita gente, entrar em uma fazenda localizada na cidade de Jinan, na província central chinesa de Henan, seria quase uma visita ao inferno. Afinal, ali não há bichinhos ou plantas comumente encontrados em propriedades desse tipo. A fazenda em questão é de criação de baratas.
Mas com que finalidade alguém criaria esses insetos cuja maior fama é a de ser nojentos ou repugnantes?
Pois saiba que há uma razão bastante sustentável para a proliferação deliberada dessas criaturinhas. A China as tem utilizado para dar cabo de toneladas de resíduos orgânicos gerados nas cidades.
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É exatamente com esse objetivo que foi desenvolvida a fazenda de criação de baratas em Jinan. As que ali habitam, uma população de 1 bilhão de insetos, eliminam 15 toneladas diárias de lixo orgânico. Em geral, são restos de comida que extrapolam a capacidade dos aterros sanitários.
Ao consumi-los, as baratas estabelecem um método mais limpo e rápido que o dos lixões convencionais, segundo as autoridades de Jinan.
Os insetos são criados em instalações com baixa luminosidade e temperatura e umidade elevadas, para que se proliferem e deem conta de sua missão de eliminar o lixo orgânico. Na fazenda, ficam instalados em pilhas de tábuas de madeira à espera de suas refeições diárias.
Contudo, você, já apavorado leitor, deve estar se perguntando: e se essas baratas fogem da fazenda e invadem as casas e os estabelecimentos comerciais da cidade?
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Calma. A empresa de tecnologia agrícola Shandong Qiaobin, que administra o local, tem seus métodos para evitar essa catástrofe.
Além de três comportas fechadas, a fazenda é rodeada por um lago com carpas. Esses peixes têm um apetite voraz pelas baratas-americanas – a espécie criada na propriedade.
Assim, caso vençam as comportas, os insetos correrão o risco de virar almoço das carpas. Além disso, não vão encontrar as mesmas condições ideais para si de temperatura, luz e umidade fora da fazenda.
Por sinal, as baratas não são apenas comedoras de lixo na China. Também são criadas como matéria-prima para um remédio contra úlcera e dor de estômago. Servem ainda de insumo na pecuária, como alimento para o gado.
Dessa forma, já são muitas as fazendas de criação de baratas no país. No total, contabilizam-se 6 bilhões de cabeças do animalzinho. Você pode imaginar isso como um verdadeiro inferno. Porém, saiba que é bastante sustentável.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.