Proteção comestível mantém frutas frescas por mais tempo
Camada feita de substâncias naturais atrasa a perda de umidade e a oxidação, conservando mais o alimento
É uma delícia comer uma banana ou uma maçã fresquinha e madura, quando o seu sabor está no auge. Mas não raro ela acaba “passando do ponto”, e o gosto já não é o mesmo. Esse processo natural, de amadurecimento e deterioração, acontece conforme elas vão perdendo umidade e absorvendo oxigênio pela casca. Para atrasar esse processo, a startup Apeel Sciences criou uma proteção comestível que mantém verduras e frutas frescas por mais tempo.
Feita de substâncias naturais, essa espécie de casca extra, que pode inclusive ser aplicada em produtos orgânicos, faz com que os alimentos permaneçam frescos de duas a três vezes mais que o normal, segundo a empresa. Um abacate, por exemplo, que normalmente “passa do ponto” em dois ou três dias, permanece no auge do seu sabor e nutrientes por até seis dias.
A camada protetora, chamada de Apeel, é constituída de lipídios obtidos de cascas, sementes e polpa de frutas e verduras que já comemos normalmente, como tomates e uvas. A substância é transformada em pó e, na hora de aplicar, basta reconstituí-la com água. O produtor ou o supermercado podem enxaguar ou borrifar os produtos com ela.
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A maior durabilidade desses alimentos contribui para uma maior sustentabilidade em toda a cadeia, evitando ainda o desperdício. O produtor, por exemplo, não precisa colhê-los muito antes de estarem maduros, o que permite que desenvolvam seu potencial nutritivo e sabor ao máximo; no supermercado, eles podem ficar mais tempo à venda, além de reduzir a necessidade de mantê-los refrigerados; e, em casa, há mais tempo para serem consumidos.
A ideia foi considerada tão boa que a startup recebeu recursos da Fundação Bill e Melinda Gates, por seu potencial de ajudar a produção em países em desenvolvimento, onde a refrigeração não é sempre disponível ao longo da cadeia de valor dos produtos agrícolas. Projetos-pilotos com mandioca e manga foram realizados na Nigéria e no Quênia.
Nos Estados Unidos, a primeira fruta a receber essa camada protetora em escala foi o abacate, por ter um pico de sabor curto e porque é relativamente caro.
Mas a Apeel pode ser ajustada para ser aplicada também em aspargos, bananas, maçãs e morangos.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.