Novo tipo de reciclagem de óleo de cozinha produz energia limpa
Processo desenvolvido por cientistas canadenses prepara resíduos gordurosos para que bactérias os transformem em gás metano
Tem exagerado nas frituras? Cuidado para que a gordura não se acumule em suas veias – nem entupa os encanamentos da casa, caso não faça o descarte adequado dos resíduos. E que tal aproveitá-los de uma forma bem mais inteligente? Cientistas canadenses conseguiram encontrar um meio bastante sustentável para a reciclagem de óleo de cozinha: ele passa a ser uma fonte de energia renovável.
O segredo da receita, ou da técnica, desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC na sigla em inglês) está no aquecimento do óleo – e em um ingrediente que é adicionado quando ele está fervendo.
Assim, os compostos de gordura são levados a uma temperatura entre 90°C e 110°C, quando recebem uma dose de peróxido de hidrogênio, produto que estimula a decomposição da matéria orgânica.
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Dessa maneira, o volume dos sólidos presentes no óleo de cozinha é reduzido em até 80%. Além disso, ocorre a liberação dos ácidos graxos da “mistura”, e essas transformações são fundamentais para o passo seguinte do processo: a ação das bactérias.
Ao se alimentarem do material orgânico que sobra nos restos gordurosos, esses micro-organismos produzem grandes quantidades de gás metano. Esse gás é, então, usado para gerar eletricidade.
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Esse método de reciclagem de óleo de cozinha também pode ser útil na agricultura, ao aumentar a quantidade de óleo que pode ser usada diretamente em um biodigestor para a produção de biogás.
No Brasil, a técnica desenvolvida pelos cientistas canadenses seria de grande valia para o tratamento dos cerca de 200 milhões de litros de resíduos de óleo de cozinha que são gerados mensalmente no país, segundo Luiz Alberto Cesar Teixeira, professor do Departamento de Engenharia Química e de Materiais do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Atualmente, de acordo com Teixeira, 1% de todo esse volume é seletivamente coletado e tratado.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.