Conheça os perigos de reutilizar a garrafa de água de plástico

As bactérias que transitam pela boca e pelas mãos do usuário podem fazer do recipiente o seu novo lar

Em parceria com qsocial
20/08/2018 09:55

Claro que ninguém aqui quer o acúmulo de lixo plástico nos oceanos. Afinal, essa é uma das grandes questões ambientais que enfrentamos, com o despejo de 8 milhões de toneladas do material por ano nas águas marinhas – sem contar o que vai parar em aterros e lixões. Mas também não queremos que as pessoas fiquem doentes ao combater o problema. Então, esqueça a ideia de reutilizar a garrafa de água feita de plástico, pois esse hábito pode prejudicar sua saúde.

Reutilizar a garrafa de água de plástico pode provocar contaminação
Reutilizar a garrafa de água de plástico pode provocar contaminação - Shutterstock/yanik88

Sim, trazemos verdades. Pense no quanto as bactérias apreciam um ambiente úmido e fechado; agora, lembre-se do número de vezes que sua boca e mesmo suas mãos tocam as superfícies da garrafinha. Percebe que ela pode se tornar um verdadeiro ninho de contaminação?

Essa percepção foi de fato estudada. Cathy Ryan, uma professora da Universidade de Calgary, no Canadá, analisou 76 amostras das garrafas de água que foram usadas por alunos do ensino básico durante alguns meses, sem que eles lavassem os recipientes ao longo desse tempo. O experimento foi realizado em 2002.

Resultado: dois terços das amostras continham níveis bacterianos acima do aceitável, e dez das garrafas possuíam coliformes fecais em quantidades acima do limite recomendado.

Ah, alguém poderá dizer, mas isso não é incontornável – basta, então, lavar a garrafa plástica e mantê-la sempre bem limpa, certo? Errado, porque a contaminação bacteriana é apenas um dos empecilhos para a reutilização desses frascos, sem contar que sua resistência foi projetada para que sejam usados só uma vez – e rasgos e furos potencializam a ação das bactérias.

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Voltemos nossa atenção, com mais cuidado, para o material de que são feitos tais recipientes. Sabemos que a garrafa de água é de plástico, que demora séculos para se decompor – mas isso não significa que parte dele não seja ingerida junto com o líquido que você bebe.

Esse outro tipo de contaminação também foi estudado, tanto pela Universidade de Harvard como pela de Cincinnati, ambas dos Estados Unidos. Um dos estudos mostrou que a urina de usuários da garrafa plástica tinha um aumento de 60% nos níveis de Bisfenol A (BPA), composto muito utilizado na fabricação de plásticos e resinas. Lavar as garrafinhas com água quente piora ainda mais a situação, pois faz com que o BPA se desprenda ainda mais facilmente do frasco.

O BPA foi proibido em alguns países por causar problemas hormonais, mas ainda é largamente utilizado no Brasil. Vale lembrar que as garrafas PET flexíveis não possuem esse composto em sua constituição.

Assim, nosso conselho é: se quer adotar uma garrafa de água de estimação, escolha um modelo que seja feito de vidro ou de aço inoxidável. Dessa maneira, o plástico não terá vez – nenhuma, no caso.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.