Tim Gunn é um famoso consultor de moda americano. Em vários países (Brasil incluso), ele é conhecido por pessoas fora do mundo da moda por causa dos programas de televisão “Project Runway” e “Guru de Estilo”. Por isso, quando ele publica um artigo criticando a indústria da moda – em época de New York Fashion Week, inclusive – o texto repercute bastante.

Na última sexta-feira (8), Tim escreveu para o The Washington Post que durante a sua carreira, sempre ouviu mulheres plus-size perguntarem a ele como poderiam ficar bonitas, e também por que os estilistas as ignoram. Então, aponta exemplos de como a indústria realmente não considera as mulheres fora do padrão da magreza.

Tim diz que a Nova York Fashion Week não deu atenção atenção às roupas plus-size nos últimos anos. Ainda que existam exemplos como a linha de lingerie em tamanhos grandes da modelo Ashley Graham, “esses movimentos foram apenas a exceção, e não a regra”. O guru de estilo confessa: “eu amo a indústria de moda americana, mas ela tem muitos problemas. E um deles é a maneira desconcertante como ela deu as costas às mulheres plus-size“.

Tim Gunn diz que os estilistas precisam começar a fazer roupas em tamanhos grandes

De acordo com um estudo da Washington State University, ao tamanho médio da americana fica entre 48 e 52. Há 100 milhões de mulheres plus-size no país, e elas têm consumido cada vez mais roupas. Ainda assim, muitos estilistas produzem roupas que vão apenas até o tamanho 46.

Tim Gunn diz que sempre que conversou com estilistas e publicitários sobre isso, a resposta que tinha era: “não tenho interesse [em mulheres plus-size]”. O motivo: “ela não tem a aparência de que eu gostaria”. E ele observa que muitas varejistas vendes roupas em tamanhos grandes que são de mau gosto ou que não caem bem. “É uma experiência horrivelmente ofensiva e desmoralizante”.

Tim ainda continua: “‘Project Runway’, a competição de estilistas na qual eu sou um mentor, não foi uma líder nessa questão. Em toda temporada nós temos o desafio das ‘mulheres reais’ (um título que eu odeio), em que os estilistas criam looks para mulheres que não são modelos. Eles reclamam, mas eu não sei por quê; no mundo real, eles não vão vestir uma ‘glamazona’ de dois metros de altura“. Ainda que na última temporada a participante Ashley Nell Tipton tenha ganhado a competição com a primeira coleção plus-size do programa, para Tim, o feito foi “condescendente”, e a vitória foi uma forma de abraçar uma minoria apenas para evitar críticas e dar a sensação de justo. “Uma pequena demonstração de inclusão não é o bastante“.

Para o consultor de moda, embora essa mentalidade da indústria de moda tenha se consolidado há muitas décadas, é possível (e necessário) fazer uma mudança. “Agora esse é o formato das mulheres nesta nação, e os estilistas precisam abraçar isso. Eu profundamente acredito que mulheres de todos os tamanhos podem ficar bonitas. Mas elas precisam ter opções”, Tim afirma.