Machismo: 50% das mães são demitidas em até 2 anos após a licença
No momento em que uma mulher engravida e sai de licença-maternidade é comum ter medo da volta ao trabalho, não só porque terá que se adaptar a uma rotina que inclui dividir os cuidados com o filho e a dedicação à carreira, mas porque muitas vezes, em seu retorno, pode não encontrar sua vaga. E uma pesquisa em andamento na Fundação Getulio Vargas (FGV) reitera isso: segundo a instituição, pelo menos metade das brasileiras foram demitidas em até dois anos depois da licença-maternidade.
A pesquisa foi divulgada por uma reportagem do jornal Brasil de Fato, escrita pela jornalista Julia Dolce, e incluiu 247 mil mães, com idades entre 25 e 35 anos. Na matéria, a advogada trabalhista fundadora da Rede Feminista de Juristas Mariana Salinas Serrano diz que há muitas histórias assim, motivadas, na opinião dela, pelo machismo: “Quando o filho fica doente, o patronato entende que isso é um dever da mãe, porque a paternidade não é discriminada no mercado de trabalho, sendo que, na verdade, a responsabilidade pelo filho é dos dois, não só da mulher”.
A reportagem traz, ainda, o caso de várias mulheres que passaram por essa situação. A advogada Graziella Branda é uma delas. Ela foi demitida três dias depois de voltar de licença, e já havia até outra pessoa contratada para a sua vaga. Disseram a Graziella que o motivo de sua demissão havia sido redução de custos, mas a nova funcionária teria o mesmo salário.
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Carla Ferreira, gerente de uma multinacional, foi demitida quando acabou o período de estabilidade depois da licença. Ela ficou espantada, pois a empresa tinha um número grande de mulheres em cargos de chefia. Segundo ela, as funcionárias favorecidas naquele momento eram as que tinham filhos maiores ou não tinham filhos.
Já uma arquiteta que preferiu não se identificar, demitida também após o período de estabilidade, afirmou: “Minha antiga chefe falou que estava me mandando embora para eu cuidar do meu bebê. E ela mesmo estava grávida. Eu fiquei com vontade de falar muita coisa”.
A reportagem aborda, ainda, o machismo com que funcionárias grávidas são tratadas. Luana Calobrisi, que trabalhava com gestão de recursos humanos e foi demitida um mês após sua licença, conta: “Quando a gente estava falando de licença, o gestor que me demitiu disse: ‘Nossa, como é fácil ser mulher! É só engravidar e tirar licença. Não faz nada’. Como assim não faz nada?!”.
Acesse a matéria na íntegra aqui.
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