Porte de armas: enquanto Brasil libera, Nova Zelândia restringe
Após tragédias envolvendo armas de fogo, governos de ambos os países decidem tomar caminhos opostos para combater a violência
Uma lamentável coincidência assolou o Brasil e a Nova Zelândia nessa semana: dois ataques tiraram dezenas de vidas em ambos os países. Apesar de terem ocorrido por motivações diferentes, as duas tragédias têm em comum, além do cenário de sangue, ódio e violência, a arma de fogo como instrumento de ataque.
No mesmo dia em que dois jovens invadiram a escola de Suzano, município do estado de São Paulo, e mataram sete pessoas, entre elas cinco alunos, Jair Bolsonaro (PSL) informou que está preparando um projeto de lei para ser encaminhado ao Congresso com o objetivo de flexibilizar o porte de armas.
No dia seguinte, 14 de março, o senador e filho do presidente Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), apresentou seu primeiro projeto de lei no Senado: autorizar a instalação de fábricas civis de armas de fogo e munições no Brasil.
Enquanto isso, um país do outro lado do mundo acabava de sofrer um ataque terrorista movido pelo ódio à diversidade racial. Duas mesquitas em Christchurch foram invadidas por extremistas carregando armas de fogo, que tiraram a vida de 49 vítimas, além de terem deixado dezenas de feridos.
No dia seguinte, 15 de março, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, fez um pronunciamento em cadeia nacional informando que vai mudar as leis com o intuito de limitar o acesso às armas de fogo no país, uma vez que, com os criminosos, foram apreendidas cinco armas compradas legalmente. “Agora é a hora de mudar”, disse Ardern.
Os dois governos não se distanciam apenas pela geografia. Há um abismo na forma de enxergar o ser humano e a vida em sociedade. Enquanto um acredita que violência se combate com mais violência, o outro entende que dar acesso a armas de fogo pode incentivar seu uso indiscriminado. Não é preciso dizer qual país é qual, certo?