Racismo: Aluno se nega a receber material das mãos de professora negra
Segundo colegas de classe, o estudante já disse que “não se mistura com negros pois foi bem criado”
Um aluno da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), identificado como Danilo Araujo de Góis, se recusou a receber um material das mãos de uma professora da instituição por ela ser negra. Estudantes gravaram o momento que aconteceu durante uma aula da disciplina História do Brasil Império, nesta segunda-feira, 9.
Colegas relataram que desde que entrou na Universidade, em 2018, o estudante de Ciências Sociais tem comportamento racista e se recusa a pegar coisas das mãos de pessoas negras ou até mesmo sentar próximo. Chegando a dizer que “não se mistura com negros pois foi bem criado”.
Um dos vídeos gravados por alunos que mostra a sala repleta de estudantes negros viralizou no Twitter. Nele é possível ver que o aluno não aceitou receber um material da professora, que ela insiste mas ele diversas vezes pede para que ela coloque os papeis na mesa para que aí, então, ele pegue.
- Experiências radicais: esses 5 destinos são imperdíveis para quem busca aventuras pouco convencionais
- Como identificar os sinais do câncer de pâncreas no início
- Inter x Como: aposte na odd 4.00 para Lautaro Martinez marcar primeiro
- SP: 5 cidades com clima de romance para aquela viagem de casal
Momentos depois, uma outra professora adentra a sala de aula, se identifica como coordenadora do curso de História e pede para que o aluno racista se retirasse da sala de aula após a professora alegar que não se sentia confortável em continuar com a atividade na presença dele.
A Polícia Civil do estado informou que o caso foi registrado na Delegacia Territorial de Cachoeira e será apurado pela unidade. Em nota, a universidade repudiou a atitude do estudante.
Leia, na íntegra, o comunicado da UFRB sobre o episódio:
“A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) manifesta veemente repúdio às atitudes ofensivas do estudante do curso de Ciências Sociais, Danilo Araújo de Góis, para com a professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis e outros estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira. A instituição já criou uma comissão para apurar as denúncias encaminhadas por estudantes e professores do Centro, que informam ter presenciado reiteradas manifestações de preconceito racial, de gênero e de homofobia por parte do estudante.
A UFRB informa que está tomando as medidas administrativas e jurídicas cabíveis ao caso, de modo a contribuir com a apuração dos fatos ocorridos na noite do dia 9 de dezembro, em sala de aula, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira. Após se recusar a receber uma avaliação das mãos da professora, o estudante foi denunciado pelos presentes por ato de preconceito racial, conforme vídeo veiculado em redes sociais.
Como instituição de ensino superior comprometida com os valores democráticos, o respeito à diversidade e implicada com os territórios de identidade em que está presente, a UFRB rechaça todo e qualquer ato de racismo, sexismo, LGBTfobia, intolerância e/ou violência, seja no âmbito acadêmico ou no cotidiano em geral.
A UFRB considera fundamental ao processo formativo na graduação e na pós-graduação o respeito às diferenças para constituir um ambiente de convívio saudável, sem discriminação. Ao mesmo tempo, a instituição manifesta solidariedade à professora e estudantes ofendidos no espaço da Universidade e reafirma seu compromisso em não deixar impunes atitudes desta natureza”.
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Para mas informações, clique aqui.