Carnaval Sem Assédio
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Carnaval Sem Assédio

5 passos para um Carnaval sem machismo e violência contra meninas

Por Plan International Brasil

08/02/2018 16:03 / Atualizado em 10/04/2024 21:58

No Carnaval, os ataques aos direitos de crianças e mulheres também invadem as ruas
No Carnaval, os ataques aos direitos de crianças e mulheres também invadem as ruas - Getty Images/iStockphoto

Uma das poucas certezas nesta terra tropical é que em fevereiro tem Carnaval. E tão certo quanto multidões, fantasias e festas que não têm hora para acabar, os ataques aos direitos de crianças e mulheres também invadem as ruas. A pesquisa do Data Popular, realizada em 2016, revelou que 59% dos homens entrevistados acham que mulheres ficam felizes quando recebem uma cantada na rua. Os dados da pesquisa Chega de Assédio revelam uma realidade muito diferente da manifestada no desejo dos homens: 81% das mulheres consultadas já deixaram de fazer algo, como sair para uma festa ou vestir uma determinada peça de roupa, por terem medo de sofrer assédio.

Enquanto o machismo ocupa as avenidas e os blocos de rua, uma questão permanece: é possível chamar o Carnaval brasileiro de “a maior festa popular do mundo”, quando metade da população, as meninas e mulheres, não conseguem acessar seus direitos plenamente? A Plan International Brasil, organização humanitária internacional que luta pela defesa dos direitos de crianças e adolescentes, alerta que a violação de direitos não deve fazer parte da folia. Antes de colocar a fantasia e ganhar as ruas, vamos explorar o #LadoBDoCarnaval e conhecer esses cinco blocos essenciais para um Carnaval de direitos plenos.

1- Bloco Criança Não Trabalha!

Aquela criança vendendo água, ou guardando o seu carro, enquanto você curte o bloco está em uma situação de vulnerabilidade e exposta a todo tipo de abuso, tanto físico quanto psicológico. A pesquisa do Observatório do Carnaval da Plan International 2017, registrou 875 casos de trabalho infantil durante o Carnaval em Salvador, 74% de crianças menores de doze anos. A legislação brasileira considera irregular o trabalho de menores de 16 anos, a não ser na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Então nesse Carnaval, puxe o refrão “Meninos e meninas não trabalham não!”.

Bloco Criança Não Trabalha!
Bloco Criança Não Trabalha!

2- Bloco Assédio? Adeus, bye bye!

O Carnaval pode até ser chamado de “a festa mais democrática”, mas ela está longe de ser uma festa para todos. 49% dos homens consultados na pesquisa Data Popular acreditam que mulheres gostam de ser chamadas de “gostosas”, para 70% deles, as mulheres ficam contentes quando ouvem um assobio. O assédio tem um impacto real no corpo e na vida de meninas e mulheres e é um dos terríveis sintomas da desigualdade de gênero da nossa sociedade. Caso você tenha sido vítima de assédio, você pode denunciar pelo telefone 180, que tem atendimento 24 horas em todo o Brasil. Se você presenciou um caso de assédio, incentive a denúncia.

Bloco Assédio? Adeus, bye bye!
Bloco Assédio? Adeus, bye bye!

3- Bloco Entrar no clima e respeitar geral

A Maria Sapatão mandou avisar que de dia ela é Maria e de noite, também. O Zezé da cabeleira mandou avisar que ele é o que ele quiser e a Nega do Cabelo Duro disse que o cabelo dela não é duro, é crespo, que isso é racismo e que não passarão. O Carnaval acontece principalmente em espaços públicos, em que grupos oprimidos estão vulneráveis à opressão. Toda a forma de preconceito, violência e crime de ódio deve ser combatida e denunciada, através dos números 180, para a central de atendimento à mulher, ou ligue 100, para o Disque Direitos Humanos. A diversidade da nossa cultura merece ser celebrada e os direitos de todos precisam ser respeitados.

Bloco Entrar no clima e respeitar geral
Bloco Entrar no clima e respeitar geral

4- Bloco Deixa eu dizer! Violência sexual é crime

Em 2015 e 2016, 37 mil denúncias de violência sexual com pessoas de até 18 anos foram realizadas no disque 100, sendo a maioria com meninas. Nos dias de folia, o Disque 180 registra um aumento de 90% no número de denúncias de violência sexual. Não podemos deixar que práticas afetivo-sexuais violentas sejam naturalizadas. Nenhuma mulher deve ser tocada sem permissão. Meninas e mulheres são seres de direito e merecem viver e curtir o Carnaval sem medo de violência sexual. Neste Carnaval, fique atento não só à folia, mas também a situações de abuso que podem ocorrer.

Bloco Deixa eu dizer! Violência sexual é crime
Bloco Deixa eu dizer! Violência sexual é crime

5- Bloco todo canto dessa cidade é meu!

Quando uma pesquisa como a do Instituto Data Popular revela que para 49% dos homens Carnaval não é lugar de “mulher direita”, o que está em jogo é o direito de meninas e mulheres ocuparem os espaços públicos. Uma festa só é realmente popular se ela for segura e acessível a todos. Denunciar e ajudar umas às outras é a principal forma para combatermos a cultura de assédio, opressão e impedir que os nossos direitos continuem a sofrer ataques durante o Carnaval. Afinal, meninas e mulheres têm direito a pular Carnaval sem medo de violência. Vamos para as ruas, festejar é um ato político e todo canto dessa cidade é nosso!

A Plan International Brasil se une ao Catraca Livre, à ONU Mulheres e aos coletivos Nós, Mulheres da Periferia, Vamos Juntas? e Não é Não, das redes Minha Sampa e Meu Recife e dos blocos Mulheres Rodadas e Maria Vem com as Outras para combater o assédio sexual durante o Carnaval. A campanha #CarnavalSemAssédio quer identificar lugares nas cidades onde as mulheres são mais vulneráveis e, exigir que o poder público faça sua parte. A plataforma Aconteceu no Carnaval vai coletar relatos de assédio anônimos que serão consolidados para dar vida a um mapa do assédio – que chegará nas autoridades para que seja possível unir forças, refletir e criar estratégias eficientes para o problema.

Romper o silêncio é fundamental para combater esses ataques. Se você foi vítima ou presenciou uma situação de violação de direitos neste Carnaval, denuncie para as autoridades locais, ou pelos telefones 180, para a central de atendimento à mulher, ou 100, para o Disque Direitos Humanos. A Plan International criou o evento “Bloco Não Mexa nos Meus Direitos” para incentivar a denúncia desses crimes, lá, você pode compartilhar a sua história com a hashtag #LadoBdoCarnaval. Ajude a espalhar essa mensagem e ajudar a fazer um Carnaval sem ataques aos direitos básicos de ninguém.

Bloco todo canto dessa cidade é meu!
Bloco todo canto dessa cidade é meu!
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