7 perguntas estranhas que te ajudam a achar seu propósito de vida
Se você soubesse que iria morrer daqui a um ano, o que você faria e pelo que você gostaria de ser lembrado?
Um dia, quando meu irmão tinha 18 anos, ele entrou rodopiando de alegria na nossa sala de estar e anunciou orgulhosamente para a minha mãe e eu que ele ia ser um senador. Minha mãe provavelmente soltou um “Que legal, filho”, enquanto eu estava distraído com uma tigela de salgadinho ou algo do tipo.
Mas por 15 anos, esse evento guiou todas as decisões de vida do meu irmão: o que ele estudou na escola, onde ele decidiu viver, com quem ele se relacionava e até o que ele fazia nas férias, feriados e fins de semana.
Agora, depois de quase uma vida inteira de dedicação, ele é o presidente de um grande partido político na cidade onde mora e o juiz mais jovem no estado. Nos próximos anos, ele espera concorrer a um cargo pela primeira vez.
- O guia definitivo para escolher os melhores meses para viajar para o nordeste
- eSIM internacionail: descubra como funciona o ‘chip virtual’
- 7 indícios de que você sofre de intolerância à lactose
- 3 lugares para viajar sozinha no Brasil que você ainda não pensou
Leia também:
» 23 dicas para (re)começar a vida profissional
» Ansiedade: precisamos falar sobre isso
» 12 lições fundamentais que Steve Jobs ensinou a Guy Kawasaki
Não me entenda mal. Meu irmão é um esquisitão. Isso basicamente nunca acontece.
A maioria de nós, meros mortais, não faz a mínima ideia do que queremos fazer com as nossas vidas. Mesmo depois de terminar a escola. Mesmo depois de conseguir um emprego. Até mesmo depois que já estamos ganhando uma boa grana. Entre as idades de 18 a 25 anos, eu mudei minhas aspirações de carreira mais vezes do que eu troquei de roupa íntima. E mesmo depois de ter meu próprio negócio, não foi até completar meus 28 anos que eu defini com certeza o que eu queria para a minha vida.
Se você está lendo esse texto, é mais provável que você seja como eu e não tenha ideia do que quer fazer do que qualquer outra coisa. E fica mais difícil saber conforme avançamos na vida adulta. “O que eu quero fazer com a minha vida”, “O que eu teria paixão em fazer?”, “No que eu não sou uma porcaria?”. Eu recebo e-mails frequentemente de pessoas nos seus 40 ou 50 anos que ainda não fazem a mínima ideia do que querem fazer.
Parte do problema é todo o conceito de “propósito de vida”. Aquela ideia de que todos nascemos com um objetivo maior, e é nosso dever cósmico encontrá-lo. É a mesma lógica tosca pra justificar coisas como cristais espirituais ou porque o seu número da sorte é 34 (mas só às terças-feiras, ou durante a lua cheia).
Aqui vai a verdade. Nós existimos nesse planeta por um determinado período de tempo. Durante esse tempo, nós fazemos coisas. Algumas coisas são importantes, outras não. E essas coisas importantes trazem significado e felicidade a nossas vidas. As coisas com menos importância servem basicamente para matar o tempo.
Então, quando alguém diz “O que eu deveria fazer com a minha vida” ou “Qual é o meu propósito?”, o que eles realmente estão perguntando é “O que eu posso fazer com meu tempo que seja importante?”
Essa é uma pergunta imensamente melhor de se fazer. É muito mais gerenciável e não tem toda aquela carga de “propósito de vida” que as outras têm. Não tem porquê você ficar contemplando o significado cósmico da sua vida enquanto senta no sofá o dia todo comendo salgadinho. Ao invés disso, você deveria levantar e fazer alguma coisa para descobrir o que é importante para você.
Uma das perguntas mais comuns que eu recebo por e-mail é de pessoas me perguntando o que devem fazer com suas vidas, seus ‘propósitos”, etc. Essa é uma pergunta impossível de responder. Mesmo porque, até onde eu sei, essa pessoa pode curtir costurar suéteres ou jogar videogame o dia em seus porões o dia todo. Eu não sei. Quem sou eu pra dizer o que é importante para essas pessoas?
Depois de muita pesquisa, eu reuni algumas perguntas que podem te ajudar a descobrir por si só o que é importante para você e que adiciona mais propósito a sua vida. Essas perguntas não são exaustivas nem definitivas. Na verdade, elas são um pouco ridículas. Mas eu as fiz dessa forma porque descobrir o propósito das nossas vidas deveria ser algo divertido, e não um fardo.
1. Com que recheio você comeria o “pão que o diabo amassou”?
Ah sim, a pergunta que realmente importa. Qual “pão que o diabo amassou” você prefere? Porque aqui vai uma verdade na vida que é muito difícil de engolir, e que ninguém diz no colégio ou na preparação para a vida adulta:
As coisas ficam uma m#@%a, muitas vezes.
Você provavelmente está pensando que isso soa incrivelmente pessimista. E talvez até “nossa, será que o autor estava de mau-humor quando escreveu isso?”. Mas eu acho que pensar nisso é uma ideia libertadora.
Tudo envolve sacrifício. Tudo tem custo, afinal, “não existe almoço grátis”. Nada é prazeroso e divertido o tempo todo. Então a pergunta real é: que tipo de esforços e sacrifícios você está disposto a fazer? No fim das contas, o que determina a nossa capacidade de insistir em algo com o que nos importamos é justamente a habilidade de lidar com caminhos difíceis e superar os inevitáveis dias ruins.
Se você quer ser um empresário de tecnologia brilhante, mas não consegue lidar com o fracasso, então, você provavelmente não vai muito longe. Se você quer ser um artista profissional, mas não saberia lidar com centenas, se não milhares, de rejeições, você vai nadar, nadar e morrer na praia. Se você quer ser um cirurgião renomado, mas não suportar as cargas horárias longas, tenho péssimas notícias para você.
Que tipo de experiências desagradáveis você consegue tolerar? Você ficaria a noite toda acordado programando? Você está disposto a atrasar seus planos de começar uma família em 10 anos? Você toleraria pessoas rindo de você cada vez que você errasse, até o momento de ter sucesso?
Que pão amassado pelo diabo você comeria? Porque, eventualmente, todos recebemos um. O melhor que podemos fazer é escolher um bom recheio pra ele.
2. O que se tornou verdade sobre você atualmente que faria seu eu de 8 anos chorar?
Quando eu era pequeno, costumava escrever histórias. Eu sentava por horas sozinho no meu quarto, escrevendo sobre tudo, aliens, super-heróis, grandes lutadores, família e amigos. Não porque eu queria impressionar meus pais e professores, mas pela própria satisfação de escrever.
E aí, por alguma razão, eu simplesmente parei. E eu não me lembro porquê.
Todos nós temos a tendência de perder hábitos que amávamos quando crianças. Tem algo a ver com as pressões sociais da adolescência e profissionais da vida adulta que espreme a paixão para fora de nós. Somos ensinados que a única razão para fazer algo é se formos recompensados por isso.
Foi só nos meus 20 e tantos anos que eu redescobri o quanto eu amava escrever. E só quando eu abri minha empresa que eu lembrei o quanto gostava de construir websites — algo que eu fazia por diversão na adolescência.
A coisa engraçada é que, se meu eu de 8 anos perguntasse para meu eu de 20 anos “por que você não escreve mais?”, e ele respondesse “porque eu não sou bom nisso” ou “porque ninguém vai ler o que eu escrevo” ou “porque não dá pra fazer dinheiro com isso”, não só estaria completamente enganado, como também faria minha versão mais nova chorar.
3. O que te faz esquecer de comer e tomar banho?
Todos nós já tivemos aquela experiência de estar tão envolvidos em algo que minutos viraram horas, que viram um “Caramba, esqueci de jantar”.
Dizem as más línguas que o mesmo acontecia com Isaac Newton quando era jovem, e precisava ser lembrado de comer por sua mãe constantemente, passando dias imerso no seu próprio trabalho e quase sempre se esquecia.
Eu costumava gostar de videogames. Isso provavelmente não era uma coisa boa. Na verdade, por muitos anos, foi quase um problema. Eu sentava e jogava o dia todo, ao invés de fazer coisas mais importantes como estudar para provas, tomar banho regularmente ou interagir pessoalmente com outros humanos.
Só quando eu desisti dos videogames que percebi que minha paixão não era pelos jogos em si (mesmo gostando muito deles). Minha paixão era pela melhoria constante, por ser bom em algo e tentar melhorar ainda mais. Os jogos em si — os gráficos, as histórias — eram legais, mas eu podia viver facilmente sem eles. Era a competição — com outros, mas principalmente comigo mesmo — que eu me dava bem.
E foi quando eu me candidatei para aquela vaga onde obsessão por melhoria constante e auto-concorrência eram importantes para um negócio online e para minha escrita, bom, as coisas realmente decolaram.
Talvez para você seja outra coisa. Talvez seja organizar as coisas de forma eficiente, se perder em um mundo de fantasias, ensinar algo a alguém ou resolver problemas técnicos. O que quer que seja, não olhe para as atividades que te deixam acordado a noite toda, e sim para os princípios cognitivos por trás dessa atividade que te encantam. Porque eles facilmente podem ser aplicados em outras coisas.
(Até porque maratonar séries na Netflix infelizmente ainda não é um emprego! )
4. Como você pode se envergonhar ainda mais?
Antes de você ser bom em alguma coisa e fazer algo importante, você primeiro deve falhar em algo e não fazer a mínima ideia do que você está fazendo. Isso é bem óbvio. E para fazer isso, você geralmente se envergonha de alguma forma durante as tentativas, constante e repetitivamente. Mas o comportamento normal das pessoas é tentar evitar esse constrangimento, porque sentir vergonha é uma droga.
Então, por causa da importância que damos a “ser incrível”, nós fazemos de tudo para evitar fazer algo que pode potencialmente te envergonhar, então você vai acabar nunca fazendo algo que é importante para você. Sim, mais uma vez tudo volta para a vulnerabilidade.
Nesse exato momento, tem algo que você quer fazer, algo que você pensa o tempo todo, algo que você sonha em fazer, mas você não faz. Você tem suas razões, é claro, e você repete esses motivos para si mesmo infinitamente.
Mas o que são essas razões? Por que posso te dizer nesse momento que se esses motivos são baseados no que os outros iriam pensar, você tá se ferrando bonito.
Se suas razões são algo como “não posso abrir meu próprio negócio porque passar mais tempo com meus filhos é mais importante para mim” ou “jogar Overwatch o dia inteiro provavelmente vai interferir na minha música, que é algo que eu quero fazer”, então ok. Fazer o que?
Mas se seus motivos são algo do tipo “Meus pais iam odiar” ou “Meus amigos me zoariam por isso” ou “Se eu falhar, vou fazer papel de bobo”, então, grandes chances de que você está evitando algo que você realmente se importa muito porque se importar é justamente o que te assusta pra caramba, não o que sua mãe ou o seu colega João pensam sobre isso.
Viver evitando o constrangimento é como viver com a cabeça enterrada na areia.
As melhores coisas da vida são, por sua própria natureza, únicas e fora do comum. Então, para alcançá-las, nós precisamos ir contra a mentalidade do senso comum. E fazer isso é absolutamente assustador.
Abrace o constrangimento. Se sentir bobo é parte de conquistar coisas importantes e significativas. Quanto mais uma decisão de vida te assusta, mais você precisa fazê-la, imediatamente.
5. Como você vai salvar o mundo?
Caso você não seja muito ligado em notícias, preciso te avisar que o mundo tem (e sempre teve) alguns probleminhas. E por “alguns probleminhas” eu quero dizer “está tudo uma b%$!a e nós vamos todos morrer”.
Eu sei que não é novidade e não precisa de pesquisa para saber disso, mas para vivermos um vida feliz e saudável, precisamos nos ater a valores que são maiores do que nosso próprio prazer e satisfação.
Então escolha um desses problemas e comece a salvar o mundo. Tem bastante opção! O sistema educacional falho, desenvolvimento econômico, violência doméstica, cuidados com a saúde mental, corrupção governamental. É só olhar os jornais: tem coisa lá o suficiente para revirar nossos estômagos e nos fazer sentir incapazes, mas que precisamos fazer algo a respeito.
Encontre uma causa com a qual você se importe e comece a resolvê-la. É claro que você não vai consertar todos os problemas do mundo sozinho. Mas você pode contribuir e fazer a diferença. E é esse sentimento de fazer a diferença que é mais importante para a sua própria felicidade e plenitude.
Agora, eu sei o que você está pensando. “Nossa, eu li todas essas coisas horríveis no jornal e estou me sentindo horrível pelo que acontece no mundo, mas não consigo transformar isso em ação, muito menos em uma profissão.”
Que bom que você tocou nesse assunto…
6. Responda com absoluta sinceridade: se você tivesse que sair de casa todos os dias, o dia todo, onde você iria e o que faria?
Para muito de nós, o maior desafio é o bom e velho conformismo. Nós entramos em rotinas. Nós nos distraímos. O sofá é confortável. Os salgadinhos são do seu sabor favorito. E nada novo acontece.
Isso é um problema.
O que a maioria das pessoas não entendem é que a paixão é resultado de uma ação, e não a causa.
Descobrir sobre o que você é apaixonado na sua vida e o que importa para você é como um esporte de contato, e um processo de tentativa e erro. Nenhum de nós sabe exatamente como nos sentiríamos em relação a uma atividade até que a gente realmente faça.
Então, se pergunte, se alguém apontasse uma arma para a sua cabeça e forçasse você a sair da sua casa todos os dias o dia todo, para qualquer coisa (menos dormir), o que você faria para se ocupar? E não, você não pode ir numa cafeteria e ficar no Facebook o dia todo. Vamos imaginar que não existem sites inúteis, videogames e televisão. Você tem que estar fora de casa todos os dias, da hora que você acorda até a hora de dormir. Onde você iria e o que você faria?
Faria aulas de dança? Entraria num clube do livro? Faria outra graduação? Inventaria um novo sistema de irrigação para salvar vidas de centenas de milhares de crianças nas zonas rurais africanas? Aprender a pular de asa-delta? O que você faria com todo esse tempo livre?
Se essa pergunta estimula demais a sua criatividade, escreva algumas respostas e, depois, você sabe, saia e realmente pratique essas atividades. Pontos a mais se você tinha medo de fazê-las porque achava constrangedor.
7. Se você soubesse que iria morrer daqui a um ano, o que você faria e pelo que você gostaria de ser lembrado?
A maioria das pessoas não gosta de pensar sobre a morte. Claro, ela é assustadora. Mas pensar na sua própria morte pode (surpreendentemente) ter um monte de vantagens práticas. Uma delas é que nos força a focar no que realmente é importante e evitar o que é frívolo e distrativo.
Quando eu estava na faculdade, eu costumava perguntar para as pessoas: “se você tivesse um ano de vida, o que você faria?”. Como você deve imaginar, eu era suuuper divertido nas festas. Muitas pessoas davam respostas vagas e entediantes. Já quase jogaram bebidas em mim por isso. Mas eu perguntava porque eu queria que as pessoas realmente pensassem sobre suas vidas de um jeito diferente, e analisassem quais eram suas a prioridades.
Qual vai ser o seu legado? Que histórias as pessoas vão contar depois que você “for dessa pra melhor”? O que seu obituário vai dizer? Terá algo pra dizer, aliás? Se não, o que você gostaria que tivesse lá? Como você pode começar a trabalhar para que isso se realize ainda hoje?
E, de novo, se você viajar demais sobre o que seu obituário vai dizer, incluindo um monte de coisas para impressionar outras pessoas aleatórias, você terá falhado.
Quando as pessoas sentem que não tem um destino muito certo ou um “propósito de vida”, é porque elas não sabem o que é importante para elas, e não sabem exatamente quais são seus principais valores. E se não sabem, estão basicamente contando com os valores e prioridades de outras pessoas para guiar suas vidas, ao invés dos seus próprios. Isso geralmente é um bilhete só de ida para relacionamentos tóxicos e até angústia.
Descobrir o seu “propósito de vida” geralmente se resume a encontrar aquela uma (ou duas) coisas que são maiores que você, e maiores que aqueles ao seu redor. E, para encontrá-las, você deve sair do sofá e tirar um tempo para pensar sobre você e sobre as coisas que realmente importam.
A hora de começar é agora.
Quer ajuda para encontrar seu propósito de vida?
Publicado originalmente por [ Mark Mason ]. Tradução e adaptação por tutano.