Atelier de joias combina madeira e prata ‘recicladas’

19/11/2014 15:52 / Atualizado em 18/07/2016 15:50

Fina Oficina é a joalheria de Taís Francelli, paulistana, uma espécie de ourives (artesão de metais preciosos) do século XXI. Ela se formou em desenho industrial e, hoje, faz design de joias com metais e madeira, que recebe, principalmente, de amigos que têm marcenaria. “O que mais todo mundo quer é se livrar das sobras de dentro do atelier”, afirma a designer. Com isso, hoje ela já tem uma xiloteca com diversos tipos de madeira.

O trabalho com a madeira começou quando Taís tinha 17 anos e cursava faculdade. Seu professor de eco design a convidou para fazer parte de um projeto do governo do Acre em parceria com o Senai. “O projeto era de reutilizar o lixo deles, no caso sobras de madeira e sementes de tucumã”, conta a design. Segundo ela, alguns designers iam para lá, ensinar a comunidade como trabalhar com esse material.

As peças da Fina Oficina são feitas mão e são fabricadas em horas ou dias – Foto: Naíla Almeida
As peças da Fina Oficina são feitas mão e são fabricadas em horas ou dias – Foto: Naíla Almeida

Após um mês de ter recebido o material do Acre, o governo cortou a verba do projeto e Taís ficou com o que tinha ganho. Desde então, ela trabalha com a madeira e as sementes, incrementando mais tarde ouro, prata, cobre e outros metais na produção, que virou sua grande paixão.

Materiais

“A madeira é super plástica”, declara Taís. Por isso, ela a prefere, pois diferente das pedras que já tem uma forma pré-determinada, a madeira permite fazer o formato que a designer quiser. De acordo com ela, esse material geralmente entra no meio do processo de produção de uma peça. Porém, também pode estar na finalização desse processo.

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Além da madeira, as joias da Fina Oficina são produzidas por meio do casamento entre metais, por exemplo, uma peça de cobre com prata, banhada ao ouro rosa, que acentua a cor do primeiro.

“Toda prata que usamos vem de radiografia”, revela a designer. Sua fornecedora, pega prata utilizada em raio-x e a purifica. Bem como, todo o pó da produção da Fina Oficina é recolhido e mandado para ser purificado, voltando a fazer da matéria-prima utilizada no atelier.

Segundo Taís, uma peça demora de cinco horas a três, quatro dias para ser fabricada. Podendo chegar a um mês, se ela for mais trabalhada. Todas as peças são feitas à mão. Elas fazem parte da linha comercial do atelier, contudo podem ser encomendas também. O cliente pode desenhar a joia junto com a designer ou pode leva-la na Fina Oficina para ser derretida e refeita.

O preço das joias varia entre R$ 130, brincos de prata, à R$ 8400, peças mais elaboradas de ouro.

Inspiração

“A brincadeira toda saí da bancada”, relata Taís. Para a designer o melhor horário de inspiração é na parte da manhã, quando ela acorda e pensa nos formatos e composições que suas peças podem adquirir.

“Eu gosto de uma linha mais minimalista”, conta a designer. Com isso, ela busca referências na arquitetura, na arte e até mesmo na moda para criar suas joias. Ela não segue tendências, mas observa tudo que está a sua volta e diz que a inspiração depende de cada artista.

Aulas

Aos sábados, Taís leciona aulas de joalheria para casais e também para pessoas que querem ter a experiência de fazer uma joia. “Um faz a aliança do outro e isso é muito legal”, conta a designer. Ela também ministra aulas as terças e quintas para sete alunos, junto com a designer Fernanda Spilborghs.

Antes de ter a Fina Oficina, a designer teve uma sócia em outro atelier, por oito anos. O atual atelier tem cinco anos e Taís conta com a ajuda de duas funcionárias, Andressa Nicola e Fabiana Zerbinatto, que da mesma forma produzem joias. “Gosto da ideia de equipe”, afirma a designer.