E se sua chefe dissesse quando você pode engravidar?
Caso em que gerente criou planilha com datas em que suas funcionárias poderiam engravidar é exemplo de assédio à maternidade no Brasil
Engravidar é algo que pode acontecer de repente ou ser programado. Mas já pensou se outra pessoa programasse sua gravidez sem te consultar? Isso aconteceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde uma gerente montou uma planilha com datas em que suas funcionárias poderiam engravidar.
Segundo a reportagem da revista Marie Claire, a gerente responsável pela planilha, Janete Velten, chegou a criar uma série de regras para sua equipe. Por exemplo:
“REGRA 1: Quem não casou oficialmente ainda não pode entrar no programa (sou gerente à moda antiga).”
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“Regra 2: Quem já tem um filho vai para o final da fila (sou gerente exigente, não aceito furar fila).”
Havia ainda algumas explicações no e-mail que a gerente enviou a suas funcionárias. Se duas colegas preenchessem os critérios ao mesmo tempo, o desempate se daria pelo tempo de carteira assinada. Se a escolhida não usasse sua chance de engravidar, perdia a vez e voltava para o fim da fila.
Na planilha do Excel, em verde estavam os nomes de quem poderia engravidar nos meses seguintes. Em rosa, as autorizadas a fazê-lo mais adiante. Em vermelho, as proibidas.
Assédio à maternidade
O caso – que terminou com Janete e a empresa sendo processadas – serve para ilustrar o assédio à maternidade que acontece em muitos lugares do Brasil e do mundo. Segundo o Coordigualdade, o programa de equidade de gênero do Ministério Público do Trabalho, trabalhadoras continuam sendo preteridas para promoções e viagens pelo fato de terem filhos.
Nos EUA, a situação é ainda mais institucionalizada. Empresas como Apple e Facebook financiam o congelamento de óvulos para que suas funcionárias programem e adiem suas gravidezes.
Ainda segundo o Coordigualdade, a solução é aumentar a responsabilidade dos homens na criação dos bebês. E em alguns lugares isso já começou a acontecer. Como em Niterói, onde servidores públicos terão direito a uma licença paternidade de 30 dias.
Em São Paulo, um Projeto de Lei também prevê não só a ampliação da licença paternidade para 30, mas também uma licença de 180 dias se os pais forem solteiros ou homossexuais.