Ele deixou de ser garçom para vender o melhor churros do bairro


Faz um ano e meio que Cassio Molina, 36, abandonou o emprego como garçom e convenceu a mulher, Aline Molina, 28, a deixar de ser doméstica. Desde então, o casal trabalha pelas ruas da Vila Gomes, bairro da zona oeste paulista. Munidos de um tauner (mini van adaptada para comércio de alimentos na rua), eles vendem churros.

Tudo começou quando Cassio foi até o “ponto” da irmã, que também vende a delícia. “Fiquei impressionado com a rotatividade e resolvi arriscar”, lembra. No dia seguinte, comprou um carrinho de churros e colocou onde hoje chamam de “ponto de cima”. “Aline estranhou no começo”, conta Cassio. “Mas no primeiro dia a massa que eu preparei não durou duas horas”. A esposa então acreditou e se juntou ao marido nas vendas.

“Levam até 5 churros pra casa”

E a receita deu certo. Durante o bate-papo, ganhei um churros misto de chocolate e doce de leite. E foi com certeza um dos melhores churros que já comi (que, garanto, não foram poucos). A massa saía quentinha, crocante e cheia de recheio, com direito a cobertura extra. “As pessoas passam e levam até 5 desses pra casa”, o vendedor comenta.

O ponto de cima fica em frente ao mercado Violeta,na Avenida Embaixador Cavalcanti de Lacerda. Ele se transforma em um pointas quintas, sextas e sábados. Dezenas de jovens e adultos se reúnem para comer churrasco, churros e beber cerveja vendidos no carrinho deles.
O que chama de “ponto de baixo” fica na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, em frente à Praça Elis Regina. Lá o casal ocupa a garagem de uma casa doada pela igreja local.

Além dos dois pontos, Cassio também usa seu tauner para vender pelas ruas. Assim, leva a venda para escolas e para a favela próxima ao bairro.

Uma história de amor de cidade pequena

O casal se conheceu muito antes de casar. Ela com 12 anos, e ele com 20, eram vizinhos de porta. Certo dia, um amigo abordou Cassio e contou que a filha de seus vizinhos estava interessada nele. “Eu estava na flor da idade, com os hormônios aflorados sabe, era muito namorador”, admite Cássio.

Marcaram um encontro, mas que acabou mal. “Uma semana depois encontrei ela na rua. Ela me chamou, e eu disse que já ia. Coitada, tá me esperando até hoje!”.

Ele então se mudou para São Roque, onde ficou pelos 10 anos seguintes. Quando voltou, Aline jáera uma mulher, e sua história de amor pode acontecer. No ano seguinte se casaram, e estão juntos há 5 anos. “Eu falo pra ela que se eu soubesse que ela me amava tanto tinha esperado”, ele revela.

Hoje a vida é melhor. Depois de trocar de função, as economias da casa melhoraram e eles puderam até comprar um carro. “Ainda estamos pagando os empréstimos do banco, mas nós compramos”, conta Aline.

A sociedade pretende ainda abrir uma empresa de buffet que atenda eventos servindo guloseimas como algodão doce e churros. A próxima ideia que quer por em prática é um delivery, mas isso fica para depois. “Minha mente não para! Quando tem a mão de Deus no negócio, ele flui”, diz Cassio.