Estudantes propõem revitalizar bunkers da Guerra Fria e devolvê-los ao povo albanês
Em 1985, ano em que Enver Hoxha deixou o governo da Albânia, depois de 40 anos no poder, 750 mil bunkers de concreto em desuso ficaram espalhados pelo país. A multiplicação dos bunkers, que começou em 1950, foi parte de um projeto de defesa do período da Guerra Fria em que a Albânia, comunista na época, temia ataques estrangeiros de diferentes origens. A ofensiva nunca veio.
Pré-fabricados em concreto em três tamanhos – pequeno, médio e grande – os bunkers foram instalados por todo o país. Obstáculos difíceis de serem removidos, as estruturas prejudicam o cultivo dos campos e interferem na paisagem, mas sua destruição e o descarte do entulho gerado teriam um impacto ambiental de proporções nacionais.
Cogumelos de Concreto
Inspirados por esses problemas ainda sem solução e por iniciativas espontâneas da população (de apropriação e reciclagem das estruturas), uma dupla de estudantes do Politécnico de Milão, Gyler Mydyti e Elian Stefa, criou, em 2008, o projeto de pesquisa “Cogumelos de Concreto”.
A ideia foi estimular e promover usos sustentáveis para as estruturas, que deixariam de ser símbolo histórico da xenofobia para simbolizar hospitalidade. O principal objetivo do projeto era preservar os bunkers como lembrança de um período da história da Albânia, mas torná-los também fonte de recursos para o país.
Três alternativas de reciclagem simultâneas foram propostas. A primeira tratava da demolição de um número considerável de bunkers e do uso do entulho resultante para pavimentar estradas albanesas. Outra ideia seria, dependendo da localização, reaproveitá-los com novos usos como hotéis, restaurantes, lanchonetes, cafés, banheiros públicos e centrais de informações turísticas. E por fim, alguns bunkers seriam preservados em seu estado original, como parte da memória da Albânia.
O material produzido pela equipe do projeto virou um livro e pode ser acessado gratuitamente.