Formada por ex-detentos, cooperativa usa sustentabilidade para reciclar vidas

No presídio de Papuda, em Brasília, Fernando de Figueiredo aprendeu a confeccionar bolas com as próprias mãos durante os seis anos que passou do outro lado da ‘muralha’. Tudo o que aprendeu nas oficinas de trabalho artesanal foi o suficiente para que o ex-detento colocasse em prática um antigo plano dividido com outros três amigos dos tempos de reclusão. Assim surgiu a cooperativa de madeira sustentável Sonho de Liberdade, projeto social que busca reinserir ex –presidiários ao mercado de trabalho formal.

Anos antes, durante os tempos de cárcere, os quatro amigos já discutiam a possibilidade de abrir um negócio próprio diante do esperado preconceito que viriam a enfrentar.

Em 2005, já nas ruas da Cidade Estrutural, comunidade formada catadores de lixo na periferia do Distrito Federal, o grupo deu início às atividades da empresa, ainda com a produção manual de bola – mesmo com a desleal concorrência do mercado estrangeiro liderado pela China e Afeganistão.

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Dois anos depois, Fernando e seus amigos enxergaram na reciclagem de madeiras descartadas um novo caminho para impulsionar as finanças. Com o novo conceito de trabalho, materiais sem uso utilizados pela construção civil, comércio e da indústria passaram a ter novo valor, produzindo estacas para marcações topográficas e condução de mudas.

Um sonho de liberdade e recomeço

Desde que foi formalizada, no dia 7 de maio de 2009, a cooperativa tem apenas motivos para comemorar. Com renda anual de aproximadamente 1 milhão de reais, a empresa reúne hoje mais de 80 colaboradores na produção de móveis, bolas e outros matérias. A empresa também tritura madeira para transformá-la em combustível.

Em quase 10 anos de história, a cooperativa que teve sua fundação atrás das grades, hoje pode ser considerada uma porta de entrada para novos caminhos. Ao aliar sustentabilidade, engajamento social e empreendedorismo,a Cooperativa Um Sonho de Liberdade não recicla apenas madeiras, mas vidas.