Latam mostra como perfil de comissário evoluiu nos últimos anos

Em um mundo cada vez mais diverso, antigos padrões não fazem mais sentido na profissão

03/11/2022 11:08

A profissão de comissário de bordo foi historicamente marcada pelo estereótipo de uma vida para poucos, recheada de glamour e privilégios. Esses conceitos, no entanto, já não fazem mais parte de uma aviação cada vez mais profissionalizada e universal. Atualmente, já é possível ver profissionais com tatuagens à mostra ou de dreads.

Na Latam, essa evolução está se refletindo até mesmo no manual de uniformes para os seus tripulantes de cabine, criado para orientar a melhor forma de apresentação desses profissionais aos clientes. Alinhado à essência da marca e ao propósito da companhia, o manual tem ficado cada vez mais diverso e próximo da realidade de seus colaboradores.

Hoje, por exemplo, é permitido o uso de tatuagens visíveis, desde que o conteúdo não seja ofensivo para outras pessoas. Também são permitidas mais opções de diferentes penteados para todos os tipos de cabelo.

“Acreditamos na igualdade e na equidade. É muito gratificante quando vemos que estamos cada vez mais quebrando barreiras e paradigmas desta profissão incrível. Continuaremos trabalhando constantemente para permitir que tenhamos em nosso quadro profissionais de excelência e sem padrões pré-definidos”, diz Tatiane Brito, gerente de Tripulação de Cabine da Latam Brasil.

Novo perfil dos comissários de bordo

Rita de Cássia foi admitida na Latam Brasil em setembro de 2022 e é um grande exemplo desta mudança de paradigma. Com 57 anos, ela nunca havia trabalhado na aviação. Inspirada em seu filho, que também é tripulante de cabine em outra companhia aérea brasileira, Rita conta que foi contagiada em casa por essa paixão por voar e decidiu sair da sua zona de conforto.

“Sou professora aposentada e sempre quis levar os sonhos ao seu destino. Agora, estando na Latam, continuarei a fazê-lo, mas com um meio de transporte diferente”, diz.

Rita de Cássia, que se tornou tripulante de cabine na Latam aos 57 anos
Rita de Cássia, que se tornou tripulante de cabine na Latam aos 57 anos - Arquivo pessoal

Rita também conta como foi a sua reação ao ser aprovada no processo seletivo: “a minha primeira reação foi de perplexidade, pois não acreditava que ainda teria alguma chance no mercado de trabalho. Infelizmente, ainda vivemos em um mundo onde o preconceito com pessoas ‘veteranas’ é muito grande. Mas o mundo está em constante evolução e a diversidade se faz presente e vem ganhando mais espaço e relevância na nossa sociedade. Diversidade significa variedade, multiplicidade e pluralidade. E hoje faço parte disso”, reforça.

Rita já foi professora de inglês por 30 anos e funcionária pública. É pós-graduada em Docência do Ensino Superior e aposentada. Agora, é tripulante de cabine de aeronaves Airbus A320 no Brasil.

Já Valentina Marques é mulher trans e ingressou na Latam em 2008. Nessa época ela ainda não tinha realizado a transição de gênero. “Já entrei na empresa como comissário de voo. Foi a minha primeira companhia aérea e, apesar de eu sempre ter sido uma pessoa trans, ainda não havia feito a minha transição de gênero. Tinha preocupação de não poder mais trabalhar e não ser respeitada como ser humano”, relata.

Valentina também conta que a experiência que teve foi um divisor de águas, pois percebeu que não poderia mais seguir existindo com uma versão nada verdadeira de si mesma. Por isso, decidiu assumir a externalização da Valentina. Ficou de licença da Latam por um tempo e retornou para as operações aéreas neste ano.

 Valentina Marques é mulher trans e ingressou na Latam em 2008
 Valentina Marques é mulher trans e ingressou na Latam em 2008 - Arquivo/Agência Brasil

“A aviação é algo apaixonante. É sem dúvidas a carreira que eu sempre busquei, ainda que no início não soubesse, mas é pura paixão para mim. Sinto muita gratidão por estar na Latam e poder fazer parte de um projeto tão maravilhoso, com tanta abertura à diversidade e respeito à dignidade da pessoa humana”.

Randson Gonçalves, mais conhecido como Djalma, é um outro exemplo de que a profissão não é mais para poucos. Ele está há 8 anos na Latam e se tornou tripulante de cabine em março deste ano. Antes de trabalhar a bordo de aeronaves Airbus A320, atuou como agente de aeroporto em São Paulo/Guarulhos e foi muito incentivado pelos colegas que também fizeram esse mesmo caminho para se tornar tripulante de cabine.

“Eu sempre me senti muito feliz e pertencente à Latam. Quando ingressei na companhia, o meu objetivo era crescer profissionalmente na área de gestão, mas outros colegas que se tornaram comissários me incentivaram a fazer o curso e eu fiquei encantado, tornou-se o meu principal objetivo. Quando fui aprovado para o cargo, fiquei muito eufórico, foi a realização de um sonho. Foi um sentimento de almejar, batalhar e realizar. A primeira coisa que fiz foi dividir a conquista com a minha família”, lembra.

 Djalma é um outro exemplo de que a profissão de comissário não é mais para poucos
 Djalma é um outro exemplo de que a profissão de comissário não é mais para poucos - Arquivo pessoal

Djalma também conta como é ter a possibilidade de utilizar dreads, penteado que por muito tempo não foi permitido pelas companhias aéreas e é liberado atualmente pela Latam. “É muito gratificante saber que a companhia está evoluindo neste sentido. Quando eu soube dessa liberação foi uma realização para mim. Em diversos voos sou abordado por passageiros que se sentem representados e isso é muito bom”, reforça.

Processo seletivo mais inclusivo

Neste ano, a Latam realizou de forma inédita no setor aéreo brasileiro o seu primeiro cadastro de banco de talentos para um processo seletivo 100% online para tripulação de cabine. O objetivo foi permitir que mais pessoas de diferentes regiões tivessem acesso às oportunidades de emprego da companhia, possibilitando mais Diversidade e Inclusão.

Outra mudança da Latam Brasil diz respeito à exigência do idioma (inglês ou espanhol), que também deixou de ser obrigatória e passou a ser desejável para o cargo de comissário(a) de voo. A companhia continuou a aplicar o teste de idiomas para mapeamento, mas os critérios para a escolha dos candidatos são agora totalmente baseados em outras capacidades técnicas para exercício da função e em suas competências comportamentais.

Os requisitos mínimos exigidos para ser tripulante de cabine da Latam Brasil, vale lembrar, são: ter 18 anos e ensino médio completos, formação no curso de comissário de voo com aprovação da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), com CCT (Certificado de Conhecimento Teórico), que é o código ANAC, e CMA (Certificado Médico Aeronáutico).