Projeto CrI.Ativos da Favela forma 60 jovens em audiovisual com Inteligência Artificial

Alunos do projeto criado pelo Instituto Heineken, The Town, CUFA e Favela Filmes tiveram a chance de produzir 6 curtas e estagiar em série da Globo

Exaltar o potencial criativo de jovens moradores das periferias de São Paulo foi a missão da primeira edição do CrI.Ativos da Favela, projeto que contou com a participação de cerca de 60 jovens de todas as regiões de São Paulo e outros municípios da região metropolitana. 

Durante três meses, os alunos participaram de uma capacitação criativa no universo do audiovisual, com uso de ferramentas de inteligência artificial (IA).  

Projeto Cri.Ativos da Favela forma 60 jovens em curso de audiovisual com inteligência artificial
Créditos: Favela Filmes | Divulgação
Projeto Cri.Ativos da Favela forma 60 jovens em curso de audiovisual com inteligência artificial

“Antes de entrar no curso, eu não tinha certeza de que era possível viver do audiovisual, mas depois eu percebi que isso é possível”, relata Samira Silva Balogun, videomaker e aluna da primeira turma do CrI.Ativos da Favela. “O projeto mudou a minha vida porque eu conheci pessoas incríveis e, o principal, percebi que o que eu amo é o audiovisual e não é algo inacessível para mim.” 

Idealizado pela Central Única das Favelas (CUFA) e ministrado pela Favela Filmes, o curso abordou temáticas relacionadas ao universo da I.A. como introdução à inteligência artificial (IA); conceitos básicos e usos na vida cotidiana; e IA aplicada ao audiovisual.

Além de abordar outros eixos de criação dentro do audiovisual, como: criação de roteiros; técnicas de captação de imagem e som; iluminação; edição de vídeo; color grading e efeitos especiais. 

Samira, que foi aprovada recentemente no curso de Cinema da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), destaca a importância do curso para a transformação de sua carreira.

“A minha jornada profissional já mudou totalmente porque eu tive aulas e recebi orientações dos professores que já estão no mercado de trabalho. São apenas três meses de curso, mas nesse período eu me transformei em outra pessoa”, explica a videomaker.

Como surgiu o projeto CrI.Ativos da Favela 

O curso nasceu em setembro de 2023 e foi viabilizado com a reversão de 100% do lucro arrecadado com as vendas de Heineken 0.0 durante a primeira edição do festival The Town. A iniciativa é o primeiro produto social criado pelo Instituto Heineken.

Dessa verba, cerca de R$1 milhão foi investido na contratação de professores, na gestão do projeto e na compra de equipamentos técnicos para a criação de um laboratório tecnológico nas dependências da CUFA no Parque Santo Antônio, na zona sul, onde aconteceram as aulas.

A ideia era apresentar conhecimentos técnicos e teóricos para que os alunos e alunas pudessem criar seus projetos de conclusão, colocando em prática todo o conhecimento absorvido. 

Um dos resultados foi a ação coletiva do Grafite no Muro da Cufa. – primeiro momento em que puderam colocar em prática os conhecimentos das duas primeiras semanas de aula.

“Foi um momento muito marcante no curso e a partir daí, um grupo de jovens desenvolveu uma letra de música sobre o tema e decidiram fazer um clipe com este tema como trabalho de conclusão deles”, comenta a coordenadora do projeto CrI.Ativos da Favela, Débora Freire. 

E, para coroar toda essa formação, os jovens ainda tiveram a oportunidade de participar de estágios na produção da série “Motoboy SP”, da Rede Globo, e de uma experiência prática na produção do Reality Expo Favela Innovation, exibido também na Rede Globo, no programa “É de Casa”.

O CrI.Ativos da Favela tem como proposta mostrar o audiovisual como uma oportunidade real de desenvolvimento profissional para esses jovens e revelar talentos para o mercado de trabalho.

“Talento e criatividade não têm classe social. Espero que esses jovens enxerguem essas possibilidades sem limites que a criatividade e o audiovisual proporcionam em oportunidades de atuação criativa, e que também possam ganhar dinheiro com isso”, conclui Débora Freire, coordenadora do CrI.Ativos da Favela.

Além da formação, a iniciativa deixa como legado o laboratório tecnológico montado na sede da CUFA para que os jovens possam usá-lo em seus trabalhos futuros na área. 

O projeto ainda deve ganhar, em breve, novas edições, com um maior número de participantes e realizadas em outras praças, garantem o Instituto Heineken, a CUFA, a Favela Filmes e o The Town.