Sem Uber, moradores de periferia de SP criam alternativa: a Ubra

Serviço criado por moradores da Brasilândia atende regiões vetadas pelo Uber na periferia da capital paulista

14/03/2017 17:19

Em entrevista ao site da BBC Brasil, Henrique Deloste, líder comunitário da Brasilândia, bairro da zona norte de São Paulo, revela que as ruas estreitas, ladeiras e vias de terra limitam a chegada do Uber na região. Ele conta que ali, ninguém quer subir o morro, nem mesmo o popular aplicativo que ganhou as ruas da capital paulista.

O motivo para ausência da tecnologia que liga motoristas a passageiros se dá por conta do veto da empresa, que limitou o acesso dos veículos a diversas regiões da cidade. Caso da Brasilândia, das favelas de Paraisópolis e Heliópolis, entre outros bairros.

Diante do recado na tela, que alerta: “Infelizmente, a Uber não está disponível na sua área no momento”, o tatuador Emerson Lima, de 40 anos, e o motorista Alvimar da Silva, de 48, resolveram criar a Ubra (União da Brasilândia).
A alternativa, bem mais simples que o aplicativo norte-americano, foi idealizada para atender às necessidades de milhares de moradores da região, vítimas da má distribuição de transporte público nas adjacências.


Seis motoristas, um telefone e muita disposição 

É numa sala, divida por uma placa de madeirite, que funciona o escritório da Ulbra. No modesto salão, duas cadeiras, mesa e um sofá reúnem os seis motoristas que atendem os clientes. As chamadas são feitas via WhatsApp ou por um telefone fixo.

Criada há 20 dias, a empresa conta com um efetivo de seis motoristas e deve aumentar nas próximas semanas. “A demanda está muito grande e a gente já está perdendo corrida. A área tem uma carência grave de transporte, principalmente à noite”, revelou Emerson na reportagem à BBC.

Prefeitura apoia e quer mais empresas nas ruas

Ainda segundo a reportagem, a prefeitura informou que tem conhecimento do serviço prestado na Brasilândia e informou, por meio de nota, seu “interesse em aumentar o número de empresas que operam na cidade, sobretudo em locais onde o sistema viário ainda é pouco aproveitado pelo transporte individual de passageiros”.

Entretanto, chamou atenção para o fato da empresa não estar credenciada no Conselho Municipal de Uso o Viário (CMUV), o que a impede de transportar passageiros. E alertou os responsáveis que a “empresa e os motoristas estarão sujeitos à fiscalização e às sanções cabíveis, que incluem apreensão dos veículos e multa”.

Apesar disso, o promissor negócio de Emerson e Avilmar já conta com aproximadamente 40 clientes, que frequentemente recorrem ao serviço da Ubra para diferentes ocasiões, seja para fazer compras, consultas médicas ou mesmo para curtir à noite paulistana.

Os criadores da empresa dizem que cobram preço semelhante ao de seu concorrente. Cada quilômetro rodado custa R$ 2 contra cerca de R$ 1,80 da Uber – que ainda cobra uma taxa municipal. Eles aceitam dinheiro e cartões de débito e crédito. O preço das corridas da Ubra é calculado apenas pela distância medida no site do Google Maps. Mas nem sempre os motoristas cobram o preço cheio. Confira a matéria completa no site da BBC Brasil.