Uma sex shop para quem não quer entrar em uma

Por: Catraca Livre

Você já entrou em uma sex shop? A Graziela Cartezani, 22, nunca tinha entrado até cinco anos atrás, quando trabalhava em uma academia para mulheres. As alunas tinham a curiosidade, mas não a coragem, de ir à uma sex shop, e deixaram Grazi encarregada de conseguir alguns artigos.

A jovem de 18 anos assumiu a função, foi até uma loja de produtos eróticos no Brás, Zona Leste de São Paulo e encheu a primeira sacolinha que um dia iria inspirar a InRouge.

Graziela Cartezani comanda uma rede de consultoras sexuais por todo Brasil

Natural do “fundo da ZL”[zona leste], como ela mesmo define, e mais precisamente de São Mateus, Graziela criou a InRouge em 2011. Seu primeiro emprego foi aos 15 anos, em um buffet infantil, como monitora, e posteriormente como atendente e organizadora. “Foi ai que surgiu a afinidade de trabalhar com o prazer, com a alegria”, comenta a jovem.

Aos 18 anos foi trabalhar em uma academia de mulheres para pagar o cursinho. “E surgia todo tipo de assunto entre a mulherada, chegava a ser constrangedor!”, relembra. “Costumava a brincar dizendo que eu era ex menor de idade”. Apedido das frequentadoras da academia,encheu com 300 reais a primeira sacolinha preta com produtos sexuais diversos para revender no trabalho. “Eu comprei os artigos em um sábado, e na quarta já tinha vendido tudo e estava com uma lista de encomendas!”, conta a empreendedora.

Um ano depois ela se viu completamente envolvida no negócio e com a necessidade de abrir uma empresa. “Para mim era importante ser minha própria protagonista”, conta a idealizadora. Para uma garota de São Mateus, sair de sua região e ganhar o mercado é um passo difícil. E então a sacolinha preta se transformou em várias malinhas pretas espalhadas pelo Brasil, na mão de dezenas de consultoras.

Muito além dos fetiches entre quatro paredes

A InRouge não vende seus produtos online e também não tem loja física. Para adquirir um óleo de massagem ou uma calcinha comestível da loja, é preciso entrar em contato com uma das consultoras, através do site, e elas vão até sua casa para uma consulta. Existem consultoras espalhadas por todo país.

Isso porque a Graziela aprendeu com sua experiência na venda de produtos eróticos que as mulheres têm dificuldade em falar sobre o assunto. “Muitas delas têm a auto estima baixa, e parte do nosso serviço é trabalhar isso com nossas clientes”. A InRouge se define como uma consultoria de produtos sensuais e qualidade de vida. As vendedoras tem uma conversa com as clientes sobre conhecimento corporal e suas fantasias para achar o produto certo para elas. Para a empresa, é importante incentivar as clientes para elas mesmas descobrirem o que as dá prazer. “Algumas delas ficam assustadas quando falamos em masturbação”, diz Graziela. “Elas dizem: ‘mas eu tenho marido!’ Como se isso as impedissem de sentir prazer sozinhas”.

“Procurei selecionar itens básicos para o nosso catálogo”

Talvez para alguém que esteja acostumado a frequentar lojas de produtos sensuais o catálogo da InRouge (que está disponível no site) não seja novidade. Graziela escolhe apenas produtos nos quais acredita para vender. “Já vi porquinhos infláveis para vender, com furos” conta. “Também não gosto de bomba peniana”.

O grande sucesso são os cosméticos. São velas, óleos que esquentam e que esfriam, sprays eletrizantes, géis com sabor de menta, entre muitos outros. Há também uma variedade de lingeries, chicotes, próteses e acessórios para os momentos a sós.

Chamam atenção os bichinhos de pelúcia.“Você vai pensar duas vezes antes de abraçar o ursinho da sua amiga agora”, brinca Graziela. Cada uma das “fofuras” tem um bolso em que há uma prótese vibratória. Se você pensou no coelhinho do filme “De Pernas para o Ar”, anime-se: a InRouge tem um igual.