Que lição podemos tirar da briga na ciclovia na porta da escola?

10/02/2017 19:45

Essa semana circulou na internet um vídeo mostrando uma discussão entre um homem que buscava sua filha na escola e uma ciclista. O fato ficou conhecido depois de Ingrid Godoy, a ciclista, publicou seu relato sobre o ocorrido com o vídeo, na última segunda-feira (6), denunciando que pais de alunos de uma escola particular na zona sul de São Paulo não estavam respeitando a ciclovia.

Mas, o que isso tem a ver com as crianças? Fomos conversar com as autoras do livro infantil “Casacadabra“, a arquiteta Simone Sayegh e a jornalista Bianca Antunes. A obra fala sobre arquitetura e urbanismo acolhedor às crianças e ensina que o espaço público é um lugar de conflito. Mas também de aprendizagem, solidariedade, encontro e compartilhamento.

O espaço público pode ser um lugar de conflito, mas também de aprendizagem, solidariedade, encontro e compartilhamento.
O espaço público pode ser um lugar de conflito, mas também de aprendizagem, solidariedade, encontro e compartilhamento.

Segundo elas, para conviver em harmonia nos diferentes territórios com as diferentes maneiras de usar a cidade é preciso gentileza e tolerância. “É isso que precisamos ensinar para as crianças. Quanto menos gentileza e tolerância, mais as leis se fazem necessárias. Só que as leis são feitas por especialistas, de forma piramidal”.

Sendo assim, a dupla defende que deve existir planejamento participativo, em que todos integram a construção das cidades. “Se uma pessoa que é contra a ciclovia senta ao lado de um ciclista antes daquela ciclovia ser implementada, elas poderão discutir a melhor saída. É assim que se vive numa cidade”, explicam.

As autoras também trabalham ministrando oficinas para as crianças com a temática urbanismo. “As crianças são parte fundamental da sociedade e precisam estar envolvidas nessa relação entre as pessoas e o urbano, entender que a cidade é dela e de todos. Ela é parte fundamental da cidade hoje, é quem vai construí-la amanhã, e provavelmente irá construí-la com o que viu e aprendeu”, ponderam.

Raiva

Outro ponto comentado e discutido nas redes sociais é que tudo aconteceu na frente de uma criança, que presenciou as trocas de ofensas. O Catraquinha também foi conversar com a Denise Franco, psicóloga especialista em educação emocional, que analisou a situação:

Quando a raiva aparece em forma de intolerância retira de nós a capacidade de reflexão, de pensar e decidir qual é a melhor decisão. Retira a capacidade de pensarmos de forma criativa e racional sobre o fato, e nos faz tomar decisões impulsivas.

Ela explica que quando você ensina a criança a refletir mais, a pensar outras possibilidades para resolver um conflito quando ela está com raiva, você está ensinando a ela que o mundo pode sim esperar, que ela pode respirar antes de tomar decisões, e que um conflito tem outras possíveis e criativas soluções.

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